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O poder na concepção atual: finitude

22 fev

Sem dúvida um dos livros mais esclarecedores sobre a questão do poder foi escrito por Byung Chul Han, não só por estar no contexto atual como ela excelente revisão filosófica que faz.

Embora passe por diversos outros autores: Nietzsche, Hegel, Heidegger e Luhmann, entre outros, é sua oposição a Foucault que estabelece a melhor relação, sua psicopolítica se opõe a biopolítica de Foucault, não há dúvida que a sociedade atual há (pela propaganda midiática) forte pressão.

No entanto, no início do livro ele usa uma definição de Max Weber que penso ser mais exata, e a desenvolve assim: “poder significa na oportunidade, no interior de uma relação social, de impor a própria vontade também contra uma resistência, não importante em que tal oportunidade esteja baseada” (Han, 2019. 22, citação de Economia e sociedade, de Weber).

Depois disto conclui que o conceito de poder é sociologicamente “amorfo”, então o substitui elo conceito de “dominação” (já postamos aqui algo sobre isto), que é “obediência a uma ordem, que é sociologicamente “mais preciso”.

Porem será quando recupera o conceito “espacial” (ou territorial) e “temporal” (um mandato por determinado tempo que de fato esta precisão é, ao nosso ver, realmente alcançada.

Para entrar na questão do poder do ponto de vista de religião retoma-a a partir de Hegel, e o que ele considera como “espírito”, e que na concepção do filósofo esta totalmente dominada pela questão do poder: “Deus é poder” (pg. 121), e o que define como espírito não é outra coisa senão a subjetividade humana (vem do dualismo idealista) e assim encerra-se também dentro da finitude do próprio homem, não há nada além e maior que a finitude tempo-espacial humana.

Diz Hegel que a religião baseia-se “no anseio por uma ausência de limites, por uma infinitude que, entretanto, não seria o poder infinito” (pg. 123), e o que lhe retira o pecado da ignorância é que ele afirma, dizendo dos seus verdadeiros limites não é uma vontade ilimitada por poder: “A religião é fundamentalmente profundamente pacífica. Ela é bondade” (pg. 124).

Entretanto vê isto como uma “pura concentração de poder”, quanto é o contrário, lembram várias leituras bíblicas “Lembra-te que és pó e ao pó voltaremos” (Genesis 3,19) e assim nem é difícil ver que Deus fez o homem do barro (claro, eram estruturas metabólicas capazes de duplicação, mas a água é elemento vital) e nem é difícil saber que ao retornar a um outro plano fisicamente voltamos a ser poeira inorgânica.

A quarta-feira de cinzas, no rito cristão, é para lembrar esta finitude humana e dar humildade ao poder que o homem julga ter, ele será sempre finito e espacial.

HAN, B.C. O que é poder. Trad. Gabriel Salvi Philipson. RJ: Petrópolis, Vozes, 2019.

 

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