
Narrativa, linguagens e oralidade
Retomando uma de Byung-Chul Han: “A narrativa é a capacidade do espírito de superar a contingência do corpo”, esta capacidade de superar a contingência do corpo, está ligada não apenas a lembrança da linguagem poética e conativa, porém aos sentidos e valores espirituais que a modernidade abandonou, sob o pretexto de criar uma visão “objetiva” (“A crise da narração”, Byung-Chul Han, 2023).
A contação das histórias dos povos, de suas culturas e religiões assim são fatores primordiais para a superação de um momento tão dramático da história da comunicação.
As linguagens desenvolvidas para as máquinas são capazes de produzir narrações com um conjunto de palavras que fazem parte de seu vocabulário, mas sem o imaginário daquelas vozes que realizam a contação, em especial de culturas orais, onde a escrita é secundária.
O texto dramático é também um gênero onde se apresentam atos, cenas, rubricas e falas, por isto é parte de uma forma teatral ou de a-presentação, no sentido que a presentação é ao mesmo tempo uma contação de uma história e sua negação, uma vez que envolve a ficção, canta história contagem tem sempre um aspecto presente, este é o sentido.
A disputa entre nominalistas e realistas na baixa idade média (séculos XI a XIV), terminou por negligenciar a importância da linguagem, porém a viragem linguística do final do século XIX fez retornar sua importância em estudos como a gramática, a semiótica, a etimologia e de modo mais amplo a linguística.
O início da modernidade é marcado pela ruptura entre a função metafísica da linguagem e o uso da objetividade como modo de expressão, porém esta é apenas uma das funções da linguagem, o linguista russo Roman Jacobson lembra das funções: fática, poética, conativa e metalinguística, na qual se inserem por exemplos os códigos modernos: morse, digital e quântico, onde “o “código explica o próprio código, ou seja, a linguagem explica a própria linguagem”, e este deve ser o único contexto onde se aplicam os conceitos de emissor/receptor.
A viragem linguística, ocorre em meio à crise do pensamento idealista e positivista na modernidade: Husserl, Heidegger, Hanna Arendt são fundamentais embora sejam mais lembrados: Noam Chomsky, Mikhail Bakhtin, Michel Foucault e Ferdinand de Saussure.
Noam Chomsky escreveu na década de 50 variações para esses estilos linguístico que são mais técnicos, envolvem uma gramática restrita e assim foi chamada de linguagem regular um tipo de linguagem formal que pode ser expressa por meio de expressões regulares. É utilizada na ciência da computação e na teoria formal de linguagem.
Ao proclamar textos numa cultura oral, por exemplo a bíblica, é preciso ter significação, e, em especial fazer uma hermenêutica de sua presentação (repete-a ao contar).