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Arquivo para janeiro, 2021

A questão do Ser e a situação

15 jan

A grande questão do Ser na filosofia contemporânea emergiu a partir do pensamento de Martin Heidegger, aluno de Husserl do qual herdou a fenomenologia como método, propôs-se de modo essencialmente ontológica penetrar na questão do ser.
Embora já tenha sido estudada pela filosofia em todos tempos, até mesmo o idealismo kantiano tem uma ontologia que é deslocado do Ser para a questão do sujeito, ela já existia em Platão como ideia (o eidos platônico não é kantiano) e Aristóteles como substância.
O ser não se manifesta diretamente, mas sempre com ser do ente, dá para fazer uma brincadeira com a contemporaneidade que é o Ser doente, pois o Ser do Ente fica oculto na aparência.
Pode-se buscar o Ser puro, numa existência etérea de um Deus, mas é a porta existencial através do homem que se tem acesso ao Ser, neste caso Heidegger está aplicando o método fenomenológico, ele parte do homem de fato (não o idealizado por exemplo), deixa que ele se manifeste como é e só depois procura compreendê-lo em sua manifestação, depois da presença.
Sua primeira existência é o ser-no-mundo, uma das traduções mais aceitas para o Dasein, mas como este ser é também um Ser-em-situação, a leitura atenta de Heidegger pode esclarecer isto, faço uma tradução própria o ser-sendo-no-mundo, porque Heidegger usa também a visão-de-mundo (Weltanstchauung), que é aberto ao mundo e ao cosmos, aqui incluo a cosmovisão.
Este conceito é importante para a compreensão heideggeriana do Ser porque significa esta cosmovisão como o círculo de crenças, afetos, interesses e até mesmo em conceitos filosóficos que o Ser, e mesmo que não estude filosofia, é um Ser “ser-em-situação” que não significa só lugar ou mesmo contexto, mas a própria visão que se tem ao ver o mundo, a sua “visão-de-mundo”.
Assim muitas ideias e convicções parecem obvias para uma pessoa, mas praticamente todas elas estão vinculadas a situações temporais e assim limitadas pela “situação” que não exclui o pensar.
O problemático desta relação do Ser é o que significa estar em determinada situação e continuar encontrando a morada do seu Ser, ali onde está o conforto da alma mesmo em situações difíceis.

Esta “morada” como uma ascese está descrita na passagem onde os discípulos perguntam ao Rabi (mestre), onde Ele mora (Jo 1,38-39) e ele disse “Vem e vede”, foram e ficaram com Ele aquele dia, onde está sua morada?

 

Por uma ascese espiritualizada

14 jan

O que assistimos além da crise e noite cultural, além de uma profunda crise social sem um pensamento que catalise as forças reais da sociedade que apontam para o futuro, é um também uma noite de Deus, o educador Martin Buber a descreve como Eclipse de Deus.
Escreveu Buber em seu livro: “Mais tarde construí para mim mesmo o sentido da palavra ”desencontro”, através da qual estava descrito, aproximadamente, o fracasso de um verdadeiro encontro entre seres humanos. Quando, após outros 20 anos, revi minha mãe, que viera de longe visitar a mim, minha mulher e meus filhos, eu não conseguia olhar nos seus olhos, ainda espantosamente bonitos, sem ouvir de algum lugar a palavra ”desencontro” como se fosse dita a mim. Suponho que tudo o que experimentei, no decorrer da minha vida, sobre o autêntico encontro, tenha a sua primeira origem naquela hora na galeria.” (BUBER, 1991, p. 8).
Revela assim a verdadeira face do “silêncio de Deus” do judaísmo no qual tem raízes, será em outro livro o “Eu-Tu” onde ele revelará um aspecto de sua ascese que é “o encontro com o Outro”, que para Buber mais do que uma pessoa, seu Tu tem uma essência divina, Deus habita o outro.
Nos dias atuais o que se observa são duas tendências fortes e em ambas as asceses não há de fato uma espiritualidade além da transcendência, ou o ativismo que Byung Chul condena como a “vita activa” que leva ao cansaço, ou o subjetivismo idealista que pode parecer religião mas não o é, o que ele desperta não é outra coisa senão o sentimentalismo, podendo levar “fieis” as lágrimas, não necessariamente a Deus, se O descobrem de fato devem buscar outra ascese verdadeira.
Assim é possível que por um caminho ou outro também encontrem a Deus, porém não há outro modo de permanecer na fé, não dos cegos mas dos que encontraram uma clareira, se de fato quiserem permanecer a meditação e a oração são imprescindíveis.
Aos que não tem fé, uma boa leitura, separar trechos e pensamentos, vivendo o momento como escrevemos no post anterior, é fundamental, ou seja, também para a leitura pode-se seguir a regra de fazê-la sem “gula”, tentar colocar a alma em silêncio, fazendo um verdadeiro “epoché”.
Aos que creem reflito sempre que Jesus rezava, e pedia aos seus discípulos que rezassem com ele, e que não perdessem esta prática, Jesus vai contar a parábola do mau juiz que não quer atender a viúva, mas por sua insistência e para que ela não o xingasse, ele a atende, diz o trecho inicial: “Jesus contou aos discípulos uma parábola, para mostrar-lhes a necessidade de rezar sempre, e nunca desistir…”, que está em em Lc 18,1.
BUBER, Martin. Eclipse de Dios. México: Fondo de Cultura Económica, 1995.

 

Deserto, existência e sonhar

13 jan

A existência já apontamos em outros posts depende de viver o instante que passa, época de mudanças implicam em conhecer e saber que há momentos de deserto em que a própria existência parece em cheque é preciso neste momento não parar de sonhar, um futuro que virá.
O que buscamos ou o que encontramos no deserto é a compreensão do que desenvolvemos esta semana na angústia, não a que leva a frustação, mas justo sem oposto, no conceito desenvolvido apontamos não viver de sentidos emprestados do cotidiano, olhá-lo como oportunidade.
O segundo sentimento de deserto, é aquele que o filósofo Kierkegaard apontou como repetição, a sensação de que tudo parou e não há nada além do deserto, a existência parou e pode até parecer que ela se findou, há uma outra repetição que mira no essencial que é rapaz de ir além.
Ela que lida com a frustração e que nos faz continuar a sonhando, mas afirmamos não são os prazeres, a fortuna (aqui no sentido financeiro) e nem mesmo o deixar acontecer e deixar o mundo como ele é que se encontram sonhos mesmo num deserto.
Justamente porque é mudança de época, valores e sentimentos estão em ebulição, que podemos encontrar novos sonhos, realizáveis é claro, mas as vezes mesmo loucos podem ser realizáveis.
O que separa um do outro não é a profundidade de um sonho, mas a perenidade do que se busca, se buscamos só os prazeres, o poder ou a preponderância sobre o Outro, não são sonhos, são no fundo evasivas dos verdadeiros sonhos, não são generosos com toda a humanidade.
Porém o que mais se busca são estes sonhos transitórios, e a frustração segue a eles quase inevitavelmente, claro alguns ficarão ricos, terão êxtases de prezares, porem a custo alto.
É como a passagem bíblica, ao receber os discípulos de João Batista, que vivia no deserto, disse as multidões que o seguiam (Mt 11,7-9): “O que fostes ver no deserto? Um caniço agitado pelo vento? O que fostes ver? Um homem vestido com roupas finas? Mas os que vestem roupas finas estão nos palácios dos reis. Então, o que fostes ver? Um profeta?”, uma profecia é também um sonho.
É preciso a angústia filosófica para sonhar, entrar num círculo virtuoso de um sonho realizável.

 

Angústia, existência e vaidade

12 jan

Conforme já tratamos, a angústia de nosso tempo é a tensão ao Ser, manter a “autenticidade consigo mesmo”, não se deixar levar pela corrente das expectativas e imposições dos poderes temporais, e assim lidar com as frustrações de manter firmes valores perenes e lidar com os transitórios.

Dela decorre a busca de uma existência onde há Fortuna (nossa felicidade), mas os gregos que usavam em referência a deusa Fortuna (foto), sabiam bem que ela não era relacionada a posse dos bens, conforme afirmou Heráclito de Éfeso: “se a felicidade estivesse nos prazeres do corpo, diríamos felizes os bois, quando encontram ervilhas para comer”, há quem prefira ervilhas.

Quando não vivemos a repetição conforme exposta pelo professor Giacóia no sentido de buscar a essência, entramos na repetição da mesmice aquela que vive do medo, que nos leva a viver na impropriedade, não atribuímos sentido (ou significado se preferir), deixamos que os outros e as circunstâncias o atriburm, vivemos a pior alienação, a alienação de nós mesmos, correndo para todo lado com agendas cheias e vazias ao mesmo tempo frivolidades diz Sloterdijk.

Vivemos por uma finalidade que não tem um fim, no sentido de meta, mas sentidos “emprestados” do cotidiano, das conjunturas e dos contextos, a angústia produz o efeito contrário abre a possibilidade de encontrar o que sou dentro de um sentido próprio da vida.

É o reencontro com o Ser, aberto ao mundo e ao Outro, sem que isto implique nem o fechamento individual nem a despersonalização do meio, hoje com a forte pressão do psicopoder, como define o pensador Byung Chul Han a pressão essencial deste tempo.

O que buscamos, o que é nossa meta, em última instancia deveriam ser vistos como fim, nunca como temporais: dinheiro, poder, riqueza ou simplesmente alguma vaidade.

 

Ciência, cons-ciência e complexidade

11 jan

A ciência moderna, em especial a partir do século XVII, construiu um novo mundo que renunciou a metafísica, a teoria e radicou-se metodologicamente no projeto matemático de domínio da natureza e os experimentos e medições para o projeto deste domínio.
Mas a natureza dominada reagiu e reage de formas não pensadas, climas extremos seja de verões europeus ou de frios americanos, chuvas e queimadas, onde até os oceanos já dão sinais de esgotamento, dominamos ou destruímos a natureza ?
Os próprios limites da ciência como lógica e poder estão em cheque, vamos reger nossas vidas unicamente pelos mercados e seus valores, os números frios dizem algo sobre o homem?
Além dos paradigmas físicos e científicos sobre as novas tecnologias existem problemas sociais emergentes e que preocupam até os que sempre se valeram de mercados, o economista Federico Cingano num estudo da OCDE afirmou: “quando a desigualdade de renda aumenta, o crescimento econômico cai”, assim é inevitável abordar o tema, em qualquer perspectiva. Mas há reações da própria natureza, como a pandemia e desastres naturais.
Para além do problema da consciência, filosófica ou tecnicamente, há uma dimensão social que é correlata, e não indiferente, isto também vale para a consciência na questão histórica.
Edgar Morin adverte para o sistema de ensino, onde ainda se ensina de modo hermético: “Não ensinamos a compreensão do outro, que é fundamental nos nossos dias, não ensinamos a incerteza, o que é o ser humano, como se nossa identidade humana não fosse de nenhum interesse. As coisas mais importantes a saber não se ensinam”, disse no programa fronteiras do Pensamento.
Vê a crise da democracia como a relação obscura com os “enormes poderes do dinheiro, que tem levado a casos de corrupção em todo lugar. O vazio do pensamento, somada a essa corrupção, leva a uma perda de confiança na democracia, e isso favoreceu os regimes neoautoritários como vimos na Turquia, Rússia, Hungria e como vemos agora na crise da democracia no Peru e no Brasil”, o caso da Bolívia atual é um caso a parte.
Também vê com preocupação o fechamento fundamentalista e étnico: “A menos que as pessoas tomem consciência da comunidade de destino dos humanos sobre a Terra, as pessoas se fecharão em suas identidades religiosas, étnicas etc. Vivemos um período obscuro da história, a única consolação é que esses períodos obscuros não são eternos”, acreditemos no futuro.
A entrevista completa de Edgar Morin em Fronteiras do Pensamento segue –se abaixo:

 

 

O eterno e a fragilidade atual

08 jan

Não há como pensar em eterno sem pensar em Deus, por isso as religiões que abrem mão da figura divina precisam da reencarnação, um eterno retorno ao temporal, agora é tempo de crise além da pandêmica, explodiu uma revolta de partidários do Trump nos Estados Unidos, a mais rica nação do planeta está mal.

Trabalhamos durante a semana a capacidade de dialogia e de busca de convivência entre polos opostos, o tempo que vivemos vai na direção contrária, o resultado é a explosão dos conflitos.

Fora da situação americana, também a situação global não é menos problemática, novas situações de lock-down pela pandemia, a emergência de crises econômicas e o enriquecimento de urânio no Irã apontam para a debilidade do equilíbrio mundial, somos um pouco menos frágeis que os fetos.

O que se espera ao menos das vozes que tenham equilíbrio e que buscam manter a paz mundial é que estejam atentas a estes perigos e intervenham na fragilidade dos convívios mundiais.

Ninguém que tenha consciência espera uma situação pior, o ano da pandemia foi extenuante, mas a resiliência e a busca do diálogo devem ser permanentes para evitar desastres e situações de mais dificuldades ainda que as que já nos são impostas.

Para os que creem, pedir a ação divina sobre uma situação tão complexa, se o homem não consegue agir de acordo com a graça, a reação divina é inevitável, onde abundou o pecado abunda a graça superabunda, diz uma máxima cristã.

A manifestação bíblica de Deus Pai, Jesus havia sido batizado e assim recebeu o contato com o Espírito Santo e daí se produziu uma manifestação trinitária (Jesus, o Espírito Santo e Deus) que tornou a voz de Deus um imperativo, narra o evangelista Marcos (1,11) “E veio do céu uma voz: ‘Tu és o meu Filho amado, em ti ponho meu bem querer’ “, o tempo que vivemos é assim um tempo no qual muitas manifestações extraordinárias mostrarão o amor Divino.

 

Entre o eterno e o temporal

07 jan

Não há dualismo entre corpo e mente, como querem os idealistas, a mente existe num corpo e com ele interage, há aquilo que é o temporal e o que é eterno, senão num sentido strictu ao menos no sentido lato, é preciso princípios para se determinar os valores e aquilo que conduzem a humanidade em tempos críticos da sociedade, e o espiritual ajuda.
Byung Chul Han, em palestra em janeiro do CCB de Barcelona onde mostrou a dilaceração de nosso tempo entre o narcisismo, o auto consumismo e uma ausência de relação com o outro, que é preciso revolucionar o tempo, ou a forma como gerenciamos ele.
Disse sobre o outro e em referências as universidades: “Em todo caso, vivemos uma época de conformismo radical: a universidade tem clientes e só cria trabalhadores, não forma espiritualmente; o mundo está no limite de sua capacidade; talvez assim chegue a um curto-circuito e recuperemos aquele animal original”.
Afirmou no CCB de Barcelona: “A aceleração atual diminui a capacidade de permanecer: precisamos de um tempo próprio que o sistema produtivo não nos deixa ter; necessitamos de um tempo livre, que significa ficar parado, sem nada produtivo a fazer, mas que não deve ser confundido com um tempo de recuperação para continuar trabalhando; o tempo trabalhado é tempo perdido, não é um tempo para nós”.
O humanismo moderno criticado por seu mestre Peter Sloterdijk que afirma este sentido de volta ao animal original, é claro não é no sentido da animalidade selvagem, mas a ideia que ele deve recuperar sua relação com a natureza ou não se salvará e condenará até mesmo o planeta.
Sloterdijk expõe claramente estas ideias no vídeo que se apresenta mais abaixo.
O que significa o homem natural e suas relações com o eterno, agora não apenas a natureza, mas numa cosmovisão do paraíso e da vida eterna, significa que devemos olhar para valores que ficam.
Ao ser questionado pelo saduceus, que era uma classe mais aristocrática no judaísmo, sobre com quem ficaria no paraíso uma mulher que em vida se casasse com vários irmãos após a morte de cada um deles, Jesus responde a eles que acreditar numa vida eterna significa que as pessoas não mais morrerão, assim a pergunta não faria sentido e também que Deus é “Deus dos vivos” (Lc 20:38).
Olhar só os valores temporais e as situações conjunturais nos impedem de ver o futuro e o eterno.
Segue a entrevista de Peter Sloterdijk no programa “Fronteiras do Pensamento”.

 

Três livros (ou 4) para ler

06 jan

Sempre me proponho ler alguns livros no ano que inicia, de modo diferente este ano me sinto mais estimulado pelo romance-ficção que deu inspiração para o filme “O céu da meia-noite” o livro que está sendo traduzido para o português de Lily Brooks-Dalton, é uma releitura de uma terra em colapso já apareceu em outras ficções como o Interestelar (2014), Gravidade (2014) e o épico Blade Runner 2049 (2017) e Ad Astra (2019).

O segundo livro é “Louvor a Terra” de Byung Chul Han, explora seu caráter oriental quase de amor as plantas, do esmero, do louvor e da gratidão, trata-se de um jardim que foi cedido ao autor para este cuidar dando a conhecer uma outra face de escritor, a relação sintética e realista com a natureza.

Ele explora os ritmos e relações de aromas com a natureza, explorando a sutileza das plantas e flores, que é um convite à contemplação.

O terceiro livro é de Peter Sloterdijk (já encomendei o livro) Tens de mudar sua vida, cuja edição em português é da editora portuguesa Relógio d´Água.

Peter Sloterdijk desenvolveu uma filosofia a partir do livro Regras para o parque humano, aprofundado em Crítica a Razão Cínica e nos 3 volumes de suas esferas (li apenas o primeiro, os outros não tem versão em português), no qual trava uma batalha contra um humanismo falido.

Nesta obra Tens de mudar sua vida (na Alemanha foi lançada em 2009, em Portugal no ano passado) o filósofo retoma a questão em que busca uma antropologia em uma dimensão não literária ou iluminista do contexto da vida, em uma entrevista ao Fronteiras do Pensamento, em 2016, afirmou sobre sua antropotécnica (o tema central deste livro), ele define o ser humano não como criatividade, mas como repetição da criatividade.

Afirmou na entrevista: “a palavra francesa répétition exprime ao mesmo tempo a repetição, o repor em cena ações que já produzimos, e o exercício que prepara uma performance, um desempenho. Pensemos numa repetição musical ou artística, fazer e repetir são termos que em francês – diversamente do que ocorre em alemão – convergem. E é exatamente sobre esta convergência que se concentra o trabalho da antropotécnica”.

A logoterapia está em alta e o livro de Viktor Frankl Em busca de sentido está entre um dos mais lidos, não sei se vou ler, mas cito como uma quarta possibilidade. 

 

Alegria e dialogia

05 jan

É praticamente impossível pensar em polos opostos, mas em dialogia hermenêutica é possível deixar os pré-conceitos de lado para realizar uma fusão de horizontes.
São polos opostos que produzem energia, por exemplo, são forças contrárias que mantém o equilíbrio, o desiquilíbrio é justamente uma força romper a outra como é o caso da fissão atômica, que produz uma bomba, mas mesmo assim dominada é uma energia.

O respeito ao Outro, em tempos de pandemia significa observar a distância, usar máscaras e se solidarizar com os que sofrem os efeitos da pandemia, também na questão social.
A importância de princípios, ou espiritualidade ou mesmo o divino entre nós, é necessário para que isto seja feito sem que a possibilidade de ruptura seja a única alternativa, e as vezes é.
A alegria que experimentamos quando nos abrimos aos outros, abrindo mão até dos próprios pré-conceitos (todos temos conceitos sobre a vida, a verdade, etc.) é inconcebível, mas sempre real.
O problema levantado pela filosofia do Outro, que não é o mesmo, é o primeiro princípio para uma autêntica dialogia, em tempos de cidadania global ela será mais que necessária, será a única fonte rica para diálogo e harmonia entre povos e culturas.
A não aceitação do Outro, seja cultural, social ou etnicamente é a razão dos conflitos atuais, além dos atos feitos sem nenhuma ética, mas aquela ética spinoziana que cada um tem seu propósito.
A alegria é possível mesmo em tempos sombrios.

 

Entre a confiança e o medo

04 jan

A luta pelo poder e a ganância de grandes lucros invadiram todos ambientes e um fator que leva a um ambiente é a desconfiança, em geral é fruto dos medos que a pandemia gerou e da ansiedade pela vacina.

Medo do diferente, do pouco convencional e de ousar, pensar em áreas de fronteiras ou mesmo fora nas ciências, no mistério, nas espiritualidades e no humano.

Há uma distância entre a confiança e o medo é o discernimento, quase sempre atado ao convencional, nem tudo que é novo é bom, porém ali pode estar a superação dos medos.

Confiar é ousar, é ir de encontro ao Outro, ao diferente e ao mistério.

A pandemia revelou duas faces da humanidade, uma boa que é a capacidade de resiliência, o respeito à saúde e o cuidado com o Outro, e um lado obscuro de deixar acontecer e ver o que dá.

Alguns posts serão mais curtos devido o período de férias, mas sempre propiciando alguma reflexão.