Arquivo para novembro 4th, 2020
Como prestar contas de nossas faltas
Todos cometemos faltas, se é verdade que não podemos enganar a vida com a morte, dizia o poeta Goethe, não podemos deixar de reconhecer a fatalidade da vida que é seu ocaso final.
Não há nenhuma contestação a fazer, ninguém ficou para semente diz um ditado popular brasileiro, e não sabemos o que há do outro, exceto para os que creem.
Durante anos da vida caminhamos desatentos com pequenas e grandes faltas, a maioria delas empurramos para debaixo do tapete, outras vezes justificamos nem sempre de maneira justa e convivente as faltas que tivemos, atribuindo a culpa ao Outro, porém o que fazer diante de um momento que devemos reconhecer aquilo que não fizemos bem e que podemos ter prejudicado muitas pessoas.
Leon Tolstói descreve em “A morte de Ivan Ilitch” um homem diante da morte, que vê os parentes mais preocupados com a herança do que com a própria vida dele, descreve no livro: “Chorou como uma criança. Chorou por causa do seu enorme enfraquecimento, e terrível abandono em que a família o deixava e pela crueldade e ausência de Deus.”
Claro que nem todos se lembrarão da ausência de Deus, é uma espécie de sacramento da ignorância, mas há também aqueles que mesmo tendo “praticado” uma religião terão dificuldades de perceber suas faltas e assim terão dificuldades de prestar contas delas.
Mesmo as alegrias da vida parecem distantes num momento e que todos estaremos muitos frágeis, descreve Tolstoi no seu conto: “Quanto mais se afastava da infância e se aproximava do presente, mais insignificantes, mais duvidosas eram as alegrias.”
Seria bom que por um evento sobrenatural pudéssemos ter clareza de nossas fraquezas e tempo para redimi-las, mas nem todos terão, talvez algo possa acontecer.
Seria uma grande prova da existência e Deus e a ideia que é possível a humanidade ter salvação, a crise pandêmica é maior porque existe uma crise civilizatória.