Posts Tagged ‘pandemia’
Vacinas e a variante delta
O número de vacinados no Brasil se aproxima em 50% na primeira dose (46,7%) e 20% na vacinação total (17,6%) entretanto a eficácia das vacinas para a variante delta está sendo estudada na semana que passou o Instituto Butantan iniciou estudo para ver a eficácia da CoronaVac.
A variante delta pode provocar uma quarta onda, o alerta é da OMS que pede que não sejam flexibilizadas as medidas de distanciamento, uso de máscaras e controle de aglomerações sociais.
O monitoramento feito no país registrou e localizou 145 casos confirmados desta variante no Distrito Federal e nos estados: Maranhã, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo.
A curva de mortes continua a cair lentamente no Brasil (veja foto).
Um artigo publicado na revista científica New England Journal of Medicine aponta que as vacinas Pfizer e AstraZeneca protegem contra as variantes Alfa e Delta, especialmente após a segunda dose, segundo o artigo a Pfizer evitou 88% dos casos sintomáticos e a AstraZeneca 67%.
Já o departamento de Saúde do Reino Unido (PHE em inglês) divulgou um estudo feito com mais de 1 milhão de pessoas em grupos de riscos e apontou que com duas doses a eficácia destas duas vacinas sobem para 93% e 78% respectivamente, quando se trata de pessoas de 16 a 64 anos.
Na Holanda o governo anunciou que vai voltar a impor restrições a boates, festivais e restaurantes, estas restrições haviam sido retiradas em junho, mas o quadro de infecções pirou com 7 mil registros da doença na última semana, antes os casos já eram de menos de mil.
O quadro é um revés para Espanha e Portugal que almejavam a retomada do turismo.
O momento é de tentar incrementar a vacinação de olho na eficácia e muita cautela.
Vacinação acelerada e novas preocupações
A vacinação acelerou em julho conforme era a expectativa otimista, a queda de infecções e mortes cai num ritmo ainda muito lento e as novas ondas de infecção em países da região como Chile e Argentina acendem um sinal de alerta, o Perú já vinha em número alto e alguns países da Europa, como a Rússia, também mostram que a Epidemia está longe do seu fim.
A Argentina atingiu na quarta-feira (14/7) a marca simbólica de 100 mil mortes, alto para uma população de 44,5 milhões de habitantes, e entrou num novo lockdown, conseguindo já conter a nova alta, os números no final da semana voltaram a cair.
O Brasil como a Argentina chega ao número de vacinados de 16% e 11% respectivamente (ver o gráfico acima), enquanto a primeira dose no Brasil chega 44,5% e a Argentina 45%, os números próximos sugerem uma maior atenção para a possibilidade de uma nova curva ascendente, seria uma maior expansão da variante delta, fatores climáticos (Chile e Argentina são mais frios) ou ainda uma variante chamada de lambda, lá também a eficácia da Sputinik russa é questionada.
A variante lambda detectada no Perú assusta, chamada de C.37 seus estudos preliminares indicam maior letalidade e capacidade de driblar as vacinas é séria, o pesquisador Pablo Tsukayama, coordenador do laboratório de Genética Microbiana da Universidade Cayetano Heredia de Lima, detectou que a variante já é 100% dos casos infectados no Perú a partir de abril de 2021.
A falta de dados abertos prejudica a pesquisa, o próprio Ministério da Saúde do Perú não divulga e o professor Tsukayama é um dos que protestam a esta falta de acesso.
Outra questão que preocupa é a falta de dados científicos sobre a eficácia da vacinação para as novas variantes, há muita gente que dá declarações tentando contemporizar, porém não apresenta estudos científicos claros, por exemplo, sobre as variantes novas como a lambda.
Um destes estudos, apontado pelo jornal El País do dia 11 de julho passado, é do virologista chileno Ricardo Soto Rifo, que se concentrou na vacina CoronaVac, a principal usada no Chile, em um grupo de trabalhadores da saúde voluntário descobriu que a lambda apresenta “capacidade de infecção e de escape imunológico incrementada contra anticorpos neutralizantes”, o alcance de tal perda ainda está por ser esclarecida.
Outro estudo apontando no El País é o da vacina Pfizer e Moderna, é da Universidade de Nova York, apontando que os resultados foram “relativamente menores”, porém o professor Tsukayma faz uma constatação pouco animadora: “É praticamente impossível prever como um vírus sofrerá mutação”, porém diminuir a transmissão é possível por meio das vacinas e isto é o efetivo.
Tendência de queda e vacinação
Segundo o consórcio de veículos de imprensa o número de doses da vacina no Brasil chegou a 83.794.712 para a primeira dose, enquanto 28.108.088 a segunda, a este valor deve ser acrescido 2.465.295 doses únicas, num total de 114,3 milhões de doses aplicadas, espera-se que cresça para manter a curva de declínio que se observa nas infecções e mortes.
Em percentagens significa 14,4% que já receberam ou a segunda dose ou a Janssen que é dose única, enquanto a percentagem que recebeu a primeira dose fica próximo aos 40% isto está sendo importante para conter as variantes mais ofensivas, a delta e a delta plus, que já estão no país.
É preciso salientar que as análises clínicas indicam que a segunda dose é necessária para a nova variante, e uma faixa mais larga acima dos 60% começa receber a segunda dose, mas a aplicação da Janssen é a que deixa mais otimista porque o número de pode fazer a imunização crescer.
Quando atingiremos a chamada imunidade de rebanho que permitirá o relaxamento das medidas de proteção é a questão que todos queremos saber, Anthony Fauci, chefe do National Institute of Allergy and Infectious Diseases dos EUA, um dos médicos que lidera os esforços contra a covid-19 nos lá, faz a estimativa de que se deve chegar aos 70% da população, porém há outros que indicam que seria de 80 a 90%, pois o problema maior é a mutabilidade do vírus.
Pouco se comenta, mas as Ilhas Seychelles na Africa Oriental é o país mais vacinado do mundo, com 70% da população e o número lá ainda não caiu, há estudos tentando desvendar o mistério.
O Japão que tem números próximos ao Brasil, 17% para as duas doses e acima de 30% para a primeira dose já anunciou que não haverá público nas Olimpíadas que se iniciam daqui uma semana, e as viagens dos atletas serão monitoradas com todas medidas de proteção.
No ritmo da vacinação ainda são precisas todas as cautelas, sempre que houve algum relaxamento se verificou um aumento de casos e de mortes, esperamos que a curva se mantenha em queda
Não haverá retorno a frivolidade
Embora filosóficos midiáticos e otimistas fora de contexto desejam algum retorno a algum tipo de normalidade, já temos duas mudanças estruturais irreversíveis, a necessidade de compreender a total interdependência, ninguém está isolado e a reestruturação da vida social e urbana.
A Inglaterra prestes a voltar a normalidade e os Estados Unidos que comemorou seu dia da independência pensando em comemorar a independência do coronavírus admitem o fracasso, em ambos países as autoridades declararam que deveremos conviver com esta dificuldade, também no Reino Unido.
O conceito de coimunidade foi desenvolvido por Peter Sloterdijk em outro contexto, uma espécie de mutualismo em que todos são responsáveis por todos, encontrar bodes expiatórios seja na criação do vírus seja no combate ineficaz tornaram-se teorias conspiratórios de difícil aceitação, em ambos os casos o oportunismo político está presente, ainda que se possa perceber um combate nem sempre eficaz.
Sobre o compromisso individual voltado à proteção mútua, Peter Sloterdijk pensa que nem é chegado o momento de recolhimento nacional, nem o mundo ficou pequenos para todos, o consumo existe graças a frivolidade, não há público consumo se não houver apelo a ele.
O que deverá acontecer é uma exigência nova do mutualismo, ela ainda é só uma tendência, mas a ideia que não sairemos fácil da convivência com o perigo do vírus e de novas mutações nos leva a necessidade de uma nova consciência de comunidade, além daquela falada e não praticada.
O que Sloterdijk chama de mutualismo pode tornar-se algo ainda mais amplo, disse em entrevista ao jornal El País: “A necessidade de um escudo universal que proteja todos os membros da comunidade humana não é mais algo utópico. A enorme interação médica em todo o mundo está provando que isso já funciona”, o problema é que as disputas e os nacionalismos impedem isto.
A resposta de Sloterdijk é bem interessante: “esses movimentos não são operacionais, que têm atitudes pouco práticas, que expressam insatisfações, mas que de modo algum são capazes de resolver problemas. Acho que serão os perdedores da crise”, eu concordo com ele.
A única ressalva é que estas disputas podem levar a embates irreversíveis, que seriam catastróficos para toda a humanidade e mais ainda, um tema que ele também toca, as democracias estão em risco.
Sua resposta é: “no futuro, o público em geral e a classe política terão a tarefa de monitorar um retorno claro às nossas liberdades democráticas”, o desejo de suprimi-las está todo dia em pauta em muitas cabeças políticas, é uma tentação numa crise.
Curva em queda, mas vacinação fica lenta
Apesar da curva de infecções e média de mortes (veja a curva), o problema começa a ser a segunda dose que está em estável em 12% na última semana, alertamos que o problema pode piorar pois o número de doses da AstraZeneca e Coronavac deveriam aumentar por causa da segunda dose.
O número de casos confirmados na sexta feita era de 54.101 e a média móveis dos últimos 7 dias era de 50.905 infecções (em 14 dias um recuo de 30%), o número de mortes apesar de continuar alto está abaixo de 2 mil mortes, e não há nenhum estado em alta, também as UTIs começam a ser desafogados, as regiões mais graves estão em torno de 70% as internações, mas em queda.
As polêmicas de vacinas vencidas, e o caso da Janssen que teve muitas vacinas congeladas (elas necessitam de um sistema especial de temperatura de -2ºC) porém são seguras afirma o Ministério da Saúde, além e Belo Horizonte agora também Campinas aplicou doses da vacina em moradores de rua, uma medida humanitária elogiável, já que esta vacina imuniza em uma única dose e estas pessoas tem dificuldades com medidas sanitárias.
Os casos de vacinas vencidas estão sendo identificados em diversas cidades, alguns locais como a cidade do Rio de Janeiro houve registro errado no sistema, a situação não está fora de controle e em vários casos uma nova vacinação já está sendo feita, é importante verificar com precisão os casos em que a vacina realmente estava vencida, onde houve erro de sistema e o número exato.
O caso da compra da vacina indiana Covaxin tornou-se centro da crise política do governo por denuncias de corrupção, a negociação foi suspensa pelo Ministério da Saúde e a compra deverá ser cancelada, além dos políticos também a CGU deve prosseguir no processo de investigação.
O problema grave é a lentidão da vacinação, alertamos que em julho diversos fatores poderiam colocar o processo em cheque, a necessidade da segunda dose, que chegando ao município é imediatamente disponibilizada para vacinação.
O secretário executivo do Conselho Nacional das Secretarias Municipais (Conasems) explicando também o caso das vacinas vencidas garantiu que as vacinas chegando são imediatamente disponibilizadas para a população, portanto o problema é o controle da Anvisa e a disponibilidade.
Mauro Junqueira, o secretário da Conasems entretanto esclareceu que nem sempre é possível um controle direto no tablet ou sistema computacional, as vezes é feito no papel e depois colocado no sistema informatizado, a diversidade de municípios no país explica isto facilmente.
Insistimos na necessidade de aumento da produção de vacinas para o mês de julho, o número da última quarta-feira segundo a CNN foi de 3 milhões de doses da vacina Janssen, 3,33 milhões do imunizante da Pfizer e outras 7,15 milhões do produto AstraZeneca/Fiocruz, total 13,5 milhões.
A variante Delta e suspeitas da vacinação
Uma nova variação do vírus Delta originado na Índia apareceu e já se espalha, chamado de Delta Plus o vírus é mais letal e já há casos em vários países do mundo, no Brasil uma gestante é o primeiro caso noticiado, tinha 42 anos e faleceu dias após o contágio.
O crescimento de 30,6 % de infecções e 17,2% de mortes no Chile levantou suspeitas sobre a vacinação com ouso da CoronaVac, as mídias de redes sociais espalharam esta notícia, já que lá 90% da vacinação foi feita com a vacina, e não há variante Delta ainda e o país era um exemplo.
Segundo notícia dada por diversos centros de informação de imprensa (entre eles a AFP) esta correlação não é verdadeira porque o número de mortes não é proporcional a infecção, e entre os infectados e mortos são principalmente não há vacinados, disse a médica chilena Vivian L. Farias.
Outro aumento foi na Rússia, 20 mil casos novos, sendo 7.916 em Moscou, o maior número de casos confirmados num único dia desde 24 de janeiro, quando a vacinação não tinha se iniciado, as autoridades atribuem este aumento a variante Delta que estaria em alta no país, novas medidas de restrições estão sendo tomadas.
O grande problema lá é também a desconfiança da população, sobram vacinas e nem todos procuram a vacinação, os restaurantes estão pensando em servir apenas pessoas vacinadas e outras medidas neste sentido podem ser tomadas.
A vacinação no Brasil atingirá 70 milhões de vacinados com a primeira dose, a vacina Jannsen começa a chegar ao país, ela precisa apenas de uma dose, é de alta eficácia e em BH os primeiros a receber foram moradores de rua, a Pfizer enviou mais 936 mil doses e chega a 2,4 milhões de doses, 6 mil litros de insumos para a CoronaVac chegaram ao Brasil, dá para 10 milhões de doses.
Em junho, nos primeiros 24 dias, a média de vacinação por dia foi de 1 milhão de doses, porém por causa do aumento da demanda 2ª. dose da AstraZeneca em julho, ela tem um espaço de 12 semanas da primeira dose, a vacinação pode sofrer problemas, é preciso atentar a este aspecto.
Até o dia 20 de junho, o Ministério da saúde havia distribuídos 46,6 milhões de doses da AstraZeneca para a primeira aplicação (fonte uol), entretanto seriam necessários a partir de julho igual número de doses mais aqueles que receberão a primeira dose, assim seria necessário quase dobrar a fabricação mais 21,3 milhões de doses são os cálculos dos agentes de saúde.
A preocupação da Organização Mundial da Saúde com a nova variante Delta que já está em 85 países é o temor que esta nova cepa consiga modificar-se a ponto de driblar as medidas de prevenção, tratamento e vacinas disponíveis, o próprio presidente da OMS acentuou este fato (vários órgãos de imprensa, no Brasil o Correio Braziliense e outros).
A cepa Delta e novos perigos
A nova cepa indiana, chamada pela OMS de Delta, volta a infectar e pode se tornar dominante, ela é 40% mais transmissível e pode apresentar o dobro de risco de internação, além disso os sintomas enganam porque parecem mais um forte resfriado e as pessoas continuam a sair, segundo afirma o jornal inglês The Guardian.
Isto está fazendo o Reino Unido reavaliar a data de flexibilização, anteriormente prevista para o dia 21 de junho, e que agora deverá retardar.
A vacinação continua, porém, a eficácia de algumas vacinas começam a ser colocadas em cheque, a própria AstraZeneca já admite revezes na terceira fase de testes, feitos em escala maior de vacinados, alguns jornais falam em 33% porém a indicação oficial da OMS é de 63,09% um pouco acima da Coronavac que é em torno de 51% e abaixo da Pfizer que é de 70%, porém com a 2ª. dose os números ficam parecidos em torno dos 80%.
Um avanço nas pesquisas, feitas pelo hospital Beaumont em Dublin, finalmente explicou porque a coagulação de sangue em pacientes com Covid 19 que são níveis elevados de moléculas de VWF (Fator de von Willebrand) pró-coagulação e níveis baixos de ADMTSS (uma protease plasmática que é anticoagulante), devido a alterações em proteínas em casos graves de covid.
O Basil recebeu um lote de 824,4 mil doses da vacina Pfizer/BioNTech do consórcio Covax Facility que chegou no aeroporto de Viracopos em Campinas (SP), o primeiro lote desta vacina pelo consórcio, os outros foram comprados.
O Brasil chegou a triste marca de 500 mil mortes, com um número de mortes acima de 2 mil, e com um número de infectados na casa de 80 mil, ainda são números altos, porém o salto acima dos 3 mil significariam uma terceira onda que continua a nos ameaçar.
De acordo com o consórcio de empresas do Brasil mais de 63 milhões de pessoas receberam a primeira dose, totalizando quase 30% da população, e quase 80% das vacinas disponíveis foram utilizadas, acredita-se que este número possa chegar a 100 milhões e totalizar perto dos 50% da população com a primeira dose, número que reafirmamos será suficiente para segurar a 3ª. onda.
É preciso redobrar os cuidados e evitar aglomerações, medidas de isolamento mais rigorosas precisam ser tomadas.
Curva e eficiência da vacinação
A curva mostra um avanço nas primeiras doses, mas as segundas doses ainda podem ser um problema, é preciso ter um protocolo para os vacinados de modo a incentivá-los a segunda dose.
Os estudos que envolvem o pós-vacinação e sua eficiência começam a ser divulgados, é chamada de fase quatro, como explica por exemplo, o professor Guilherme Werneck do Instituto de Estudos em Saúde coletiva da UFRJ.
A conclusão destas pesquisas pode levar até dois anos, os dados positivos são animadores, e afirmam o impacto positivo da vacinação, porém o problema da 2ª. dose está detectado e apontado, além do problema da imunidade também prejudica os resultados conclusivos da pesquisa.
Estes estudos são chamados de farmacovigilância (que investiga efeitos adversos da vacina) e a efetividade dos imunizantes na contenção da pandemia e redução da mortalidade, já postamos sobre o case de Serrana (SP), com a imunização de toda população, onde os casos de Covid-19 despencaram.
O número da vacinação no Brasil é para uma população total de 201.103.330, foram vacinadas na primeira dose 53.224.020 (26,5%), na segunda dose 23.534.567 (11,7%), dá um total de 37,17 doses para cada 100 pessoas, a média mundial é de 30,07 para cada 100 pessoas.
A vacina Janssen começa chegar ao Brasil (precisa só de uma dose) na terça-feira e a promessa é de 3 milhões de doses.
A reunião do G7 que acontece estes dias, segundo anúncio no Downing Street que doará 1 bilhão de vacinas com objetivo de colocar um fim na Pandemia até 2022, o número de pessoas vacinadas na primeira dose ainda não atingiu 1 bilhão de pessoas, para uma população mundial de 7 bilhões.
A metáfora e o inefável
O desafio epistemológico é apontado por Paul Ricoeur de aceitar o modelo da descoberta, pois rejeitá-lo “ou reduzi-lo a um experiente provisório, que substitua, na falta de um melhor, a dedução direta, é reduzir a própria lógica da descoberta a um procedimento dedutivo” (p. 369).
Neste contexto destacamos a função da parábola que cria uma cena que faz ponte entre o inefável e a realidade que ela re-descreve, ela introduz uma trama que produz algo além do cotidiano, o enunciado parabólico é também neste sentido, metafórico.
Como descrever uma realidade futura que ainda não aconteceu, a lógica tem sido re-descrever a realidade usando a retórica, que explora apenas a realidade presente e nega a utopia e a ficção.
Ricoeur define assim a parábola como a conjunção de uma forma narrativa e um processo metafórico e significa também a narrativa de uma pequena história fictícia com objetivo de interpretar uma outra coisa que segundo o narrador é preferível, para interpretá-la bem, deixá-la no sentido da metafórico.
Realidades futuras que não podem assim ser simplesmente descritas ou deduzidas porque de fato não aconteceram, o que será a nossa realidade pós-pandêmica, como será o futuro humano.
Muitos autores tentam desvendar esta realidade inefável, porém não é dedutível, é uma “ponte”.
Ao explicar as realidades divinas na Bíblia, porque Jesus dizia que ela era inefável, compara a diversas situações usando parábola, diz no Cap. 4 do Evangelho de Marcos (Mc 4:26-27: “Jesus disse à multidão: “O Reino de Deus é como quando alguém espalha a semente na terra. Ele vai dormir e acorda, noite e dia, e a semente vai germinando e crescendo, mas ele não sabe como isso acontece …”, compara com a colheita e uma pequenina semente que é a mostarda.
Assim descrever estas realidades apenas por lógica e dedução é desconhecer tanto a descoberta da própria realidade como falsificar, para um caminho científico, como as realidades divinas, uma minúscula semente torna-se uma árvore bela e frondosa, e isto acontece também na história.
RICOEUR, P. Metáfora Viva. São Paulo, trad. Dion Davi Macedo. 2ª ed, Ed. Loyola. 2005.
A terceira onda é atenuada no Brasil
Postamos aqui que era possível atingir números de vacinação próximos a 50% até o final de junho e que a primeira semana era decisiva, os dados indicam uma inversão da curva, mas é preciso não vacilar e continuar a vacinação, o Brasil recebeu novas doses da Pfizer (mais de 500 mil) e a vacinação da “nacionais” continua indo, e a previsão é de 40 milhões de doses até o final do mês.
Pode-se afirmar que neste momento há uma atenuação, o número de mortes da sexta-feira é 1689 enquanto de infecção acima de 66 mil, números que mostram a importância da vacinação pois o número de infecção ainda é muito alto e sem a vacinação o de óbitos continuaria alto.
A desaceleração da vacinação é apontada em algumas mídias, porém não fica clara se é a distribuição ou aplicação, pode ainda ser uma terceira coisa operacionalização o que seria muito lamentável já que o INSS e as secretarias de saúde possuem boa estrutura e distribuição.
Em porcentagens o número de vacinas distribuídas, o governo fala de um número acima de 100 milhões e os estados dizem ter recebido 90 milhões, sendo que há vacinas em estoque, em porcentagem seriam 52 milhões da AstraZeneca/Oxford/Fiocruz, 47,1 milhões da Coronavac e 3,5 milhões da vacina Pfizer/BioNtech, não deixa de ser interessante esta variação pela eficácia para diversas idades.
A distribuição realizada até o momento já permitir a aplicação de doses, ao menos a primeira dose, em 18 dos 28 grupos prioritários do PNO (Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a COVID-19), que foi definido pela vulnerabilidade social e riscos maiores de comorbidades.
A etapa atual começa a priorizar comorbidades em diversas faixas etárias e profissionais da saúde, porém do comércio que seria extremamente importante não está incluído no plano.
Os números do mundo ainda são preocupantes, veja o gráfico, ainda há países com possibilidades de uma terceira onda e uma lição definitiva da Pandemia é que devemos nos preocupar com todos.