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Posts Tagged ‘Natal’

O que não foi dito do nascimento de Jesus

27 dez

Não é parte da narrativa bíblica, porém além do recenseamento romano, da perseguição de Herodes (dados históricos) ao colocar Jesus numa manjedoura envolto em panos e a vinda dos “reis magos” pode ser esclarecida a luz de relatos da época.

Era hábito judeu separar um cordeiro recém nascido para o sacrifício da Páscoa judaica, lembrando o sacrifício que Abrão faria com seu filho e que um anjo intercedeu oferecendo uma cordeiro, o fato que Jesus foi envolto em faixas lembra também um costume judaico da época de ao separar o cordeiro, envolve-lo em faixas e coloca-lo numa manjedoura, com cuidados especiais.

Assim este é já uma preparação da páscoa, pois ele nasce e se faz pequeno para ser como o homem terreno, ainda que fosse um Deus, um Emanuel, o divino entre nós.

Porém lembrando os fatos astronômicos de ontem, queremos lembrar também dos “reis magos”, que talvez fossem reis e não magos, isto se referem ao fato de terem dons videntes de profecias e se informaram sobre uma estrela “E, vendo eles a estrela, alegraram-se com grande e intenso júbilo” (Mt 2;10-11) e assim a seguiram e encontraram o menino em Belém como era esperado pelos judeus.

A estrela que anuncia evento cósmico que prevê a chegada do “rei do universo” e não apenas o “deus dos judeus” tanto pode ser a passagem de um cometa, evento já conhecido na época, embora confundido com uma “estrela cadente”, pode muito bem ser uma explosão de uma Supernova como a Betelgeuse que está para acontecer, como de uma Nova, como a T Coronae Borealis que deve ocorrer este ano, se tivesse que escolher (ver o post anterior), escolheria a Nova que é o nascimento de uma estrela, enfim a famosa “estrela guia” pode ser um destes fenômenos.

A imagem da Adoração dos Magos, numa pintura em pedra datada do século III d.C. (foto) mostra apenas uma estrela, sem a calda típica dos cometas, podendo assim ser qualquer um dos fenômenos celestes que provocam grande brilho.

Não é dispensável lembrar, que os reis que vieram adorar Jesus não eram judeus, e mesmo assim tiveram um sinal e seguiram suas vidências (não se tratava de magia é claro) e o adoraram.

 

O Natal ainda é festa universal

24 dez

Embora dos 195 países no mundo, sejam 150 os que comemoram oficialmente como data oficial, em muitos destes onde não é oficial, como o Uruguai por exemplo, existem famílias e cultos religiosos que lembram a data.

É certo que estamos num momento difícil com ameaças de guerras mundiais, crises sociais e políticas claramente espalhadas por todo o globo e muitos inocentes enfrentando privações de liberdade e de justiça, cada vez mais ela é política e ideológica, mas como salientamos no post anterior ainda assim é Natal daqueles que desejam e vivem a paz verdadeira e eterna.

Aqueles que ainda se posicionam em climas de ódio e de exclusão não deixam de provar dentro de si esta falta de paz, de pessoas que se afastam ou foram afastadas a força de algum desamor, porém mesmo entre excluídos aqueles que não guardam mágoas e rancores estão em paz e podem usufruir dos momentos de paz e de festas, não festas da abundância mas da alegria e do repouso que a paz nos traz.

É este sentimento que desejo a todos com os quais convivo e convivi durante o ano, aos que não nos compreendem ainda assim devemos desejar a paz, aquela que todo ser humano precisa.

Não faltam Herodes que desejam a morte de inocentes, não faltam fariseus e zelotas dispostos a tudo por uma visão de mundo parcial e pouco espiritual, não faltam os que pensam o Natal como consumo e abundância, porém não faltam também verdadeiros cristãos que comemoram o nascimento do seu Salvador, mesmo privado de uma hospedaria, encontrou abrigo em uma manjedoura humilde e ali foi adorado por pastores e reis vindos do oriente.

Assim é sempre surpreendente que Deus se faça presente entre os que precisam de um pouco de alegria, entre pessoas humildes e que são felizes tendo o suficiente para viver e comemorar.

Desejo a todos, que este espírito de verdadeiro Natal simples e humilde, traga a paz a todos e desejo em especial aos que sofrem os horrores das guerras, um momento de felicidade e paz.

FELIZ NATAL !!!

 

O Natal e a paz

23 dez

Em meio a guerras e ódios, é possível encontrar a paz ? e de que paz estamos falando.

A pax romana era o domínio do império romano sobre as nações e territórios, a paz eterna de Kant, ainda que tenha algo elogiável ao falar da paz para todos, na verdade a ideia nasceu da paz entre o Império Bizantino e o Império Sassânida (veja o mapa), um tratado de duração indefinida, que concluiu a Guerra Ibérica (527-531) entre dois poderes imperiais.

Também houve uma paz religiosa, chamada de Paz da Vestfália, região onde ocorreu o acordo entre católicos e luteranos, pois haviam reinos se declarando em guerra devido a religião.

A paz do Natal, ainda que esteja paganizado, é aquela que o nascimento de Jesus prometeu trazer entre os homens, da qual disse Ele disse: “Deixo a paz a vocês, a minha paz dou a você. Não a dou como o mundo a dá. Não se perturbe o seu coração, nem tenha medo” (Jo 14,27).

Sim somos promotores de guerras em nosso meio, entre familiares, entre colegas de trabalho, não aceitamos opiniões e visões de mundo diferente das nossas, podemos não usar armas, mas ao espalhar ódios e exclusões estamos querendo uma paz que não tem nada de divino, é a apenas a “nossa paz”, não faltam oratórias e discursos nos pedindo para ignorar o Outro.

De que paz então devemos pensar no Natal ? provavelmente a grande maioria das pessoas nem ouviu falar da Guerra Ibérica, e nem de um dos impérios envolvidos, a Sassânida, mesmo para os historiadores é difícil entender a ligação entre o mapa e a atual península ibérica.

Vemos um mundo em guerras imperiais, todos querem colonizar ou eliminar o vizinho.

Assim as guerras “imperiais” que estamos envolvidos, mesmo que seja como uma “torcida”, num futuro distante será vista como um período de atrocidades e disputadas injustificáveis, é claro que hoje os argumentos parecem plausíveis, não faltam narrativas para justificar tanta morte e tanto ódio, mas eles não serão eternos e não tem nada de divino, ainda que religiosos se envolvam nestas disputadas mundanas.

A paz do Natal transcende tudo isto, deve proclamar mais que uma trégua, uma deposição de armas, o fim de ódios e rancores, e esta paz que Jesus veio trazer ao mundo.

 

Natal, esperança e Emanuel

20 dez

Todos os prefixos terminados em el, na língua judaica, se referem a Deus, Gabriel significa “fortaleza de Deus”, que foi o anjo que disse a Maria: “Não temas, Maria, pois encontraste graça diante de Deus. Eis que conceberás e darás à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus. Ele será grande e chamar-se-á Filho do Altíssimo, …” (Lc 1,30-31), e Emanuel (Immanu’El) profetizado no Antigo testamento e citado em Mateus 1:23: “Ele será chamado Emanuel que significa, Deus conosco”.

Este é o nome da esperança para os cristãos, e apesar de períodos sombrios: crise econômica, social e política, há um horizonte mais a frente onde se pode ver uma clareira, um novo patamar civilizatório além das dificuldades atuais.

A presença e o fato que Deus veio habitar entre os homens não é apenas o significado histórico e religioso, significa que introduziu e enxertou na vivência humana um novo modo de viver, de olhar os semelhantes (a dignidade do post anterior) e de estabelecer a paz entre nós.

A paz que nos dá esperança é diferente da pax romana ou da paz eterna da filosofia: “Deixo a paz a vocês; a minha paz dou a vocês. Não a dou como o mundo a dá. Não se perturbe o seu coração, nem tenham medo” (Jo 14,27), assim é preciso a presença de Jesus para ter esta paz.

O marco civilizatório do ano 1 d.C. até a partida 33 d.C. (as datas precisam ser corrigidas, pois há uma defasagem no calendário romano), é uma marca que inicia uma nova etapa na vida dos homens, onde a civilização do amor e da harmonia entre os pós já foi anunciada.

Quanto mais avança uma cultura de amor, de esperança e de paz mais próximos estamos da civilização prometida, mais que uma terra prometida, uma terra que pode e deve se estender a toda humanidade, também almejada por pensadores como Edgar Morin em seu livro “Terra pátria”, uma civilização e uma cidadania terrena, onde todos podem conviver e ter esperança.

O Natal é uma trégua, mas também é um sinal de esperança que a paz se estabeleça entre os homens e que finalmente o divino habite plenamente entre nós: Maranatá (Maran em aramaico é “Senhor”, e ta é “vem”).

 

Natal e dignidade humana

19 dez

É importante que tantas pessoas e organizações pensem em pessoas em situação de vulnerabilidade social nesta época de festas, a quem tem fome ou sede nada mais um urgente que um prato de comida e um pouco de água, porém não é só isto.

A dignidade humana que de alguma forma foi perdida por pessoas em situação de vulnerabilidade: abandono, crueldade ou algum tipo de injustiça, deve ser recuperada em passos mais amplos que alguma sobra de nossas mesas.

Há instituições e sentimentos verdadeiramente religiosos naqueles que pensam com seriedade este compromisso de recuperar a dignidade destas pessoas, mas é preciso lembrar tantas que até recebem salários e benefícios para esta promoção e se esquecem da dignidade destas pessoas, por mais absurdo que pareça existe uma política e um sentimento assistencial que não vê a recuperação da dignidade destas pessoas.

Um livro escrito por Bertold Brecht “Romance dos três vinténs” (Brecht, 1976) fala de uma organização que distribuía mendigos pela Alemanha para levantar fundos (imagem) e fazer comércio com aqueles que deveriam ter proteção social e não tem.

O objetivo do autor era ideológico, mostrar que existe um comercio em torno da miséria, porém pode-se alargar este pensamento para um sentido mais amplo, não apenas socorrer, mas recuperar a dignidade que todas as pessoas têm, devolver-lhe a cidadania e a vida.

O Natal lembra o nascimento de Jesus em Belém, onde não encontrou uma moradia, assim é inalienável o pensamento de nascimento do Salvador pensando na dignidade daqueles que não tem o aconchego de um lar, lembrar destas pessoas é um sentimento típico do Natal, porém é preciso ir além e mais que um prato de comida e alguma guloseima devemos pensar na dignidade destas pessoas e lembra-las que são cidadãos e tem direitos humanos e civis.

É preciso superar a demagogia dos que pensam apenas como “promoção” o socorro aos que estão em situação vulnerável: alcoolismo, drogas, situação de rua ou algum tipo de doença sem o necessário socorro público.

Também o assistencialismo tem este limite, não vê o ser humano além da situação vulnerável, é apenas um paliativo que não devolve a sociabilidade e a dignidade a pessoas vulneráveis.

Que o Natal faça nascer em nós uma esperança de uma sociedade que não abandone nenhuma pessoa, que vá além deste período festivo e veja a dignidade de toda pessoa.

 

BRECHT, B. Romance dos três vinténs. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1976.

 

O menino Jesus, Maria e mistério

18 dez

Se um ser divino nascesse de uma mãe uma humana, apenas por hipótese filosófica (e não teológica), qual deveria ser o substrato de seu alimento e qual a relação com sua mãe.

O capítulo Matrix in Gremio (no colo da mãe) do filosofo não-cristão (a religião para

ele é só uma cultura) respondeu usando um texto de Lotário de Segni (1160-1216) que viria a ser o papa Inocêncio III), que a interrupção da menstruação de Maria durante a gravidez do menino divino provocou nele uma alimentação diferente.

O texto de Inocêncio III analisado por Sloterdijk “De miseria humanitae conditionis”, afirma: “não há dúvida que Jesus, mesmo in grêmio (significa no útero da mãe) deve ter sido provido de um diferente plano alimentar” (Sloterdijk, 2016, p. 557), e também relê a Question 31 da Summa Teológica de Tomás de Aquino, onde esta noogenese implica também na ligação de dois corações, já analisamos amplamente o livro de Byung-Chull Han sobre Heidegger: “O coração de Heidegger: sobre o conceito de tonalidade afetiva em Martin Heidegger”.

A análise ontológica que parte de uma visão do coração, no sentido de tonalidade afetiva dado por Byung-Chull Han, dá uma perspectiva diferente e humanizada não só da condição filosófica, mas também da análise teológica.

Grande parte das análises bíblicas e históricas sobre a questão de Maria não partem deste princípio teológico, a hermenêutica está apenas fixada na problemática do texto e de suas interpretações e traduções teológicas, em uma palavra não há afetividade, não há amor.

Sem entender esta relação de amor e afecção que há entre Maria e seu divino bebe qualquer análise, mesmo que tenha profundas relações marianas, será superficial, sem considerar sua condição de mãe e sua relação deste a concepção com o divino bebê é defeituosa e fria.

Maria foi mãe, e é evidente que todo mistério que guardava em seu sagrado útero, não pode ser pensado nem sob a condição de mãe, é verdadeira mãe, nem da condição divina, seu “grêmio” (útero) está envolto de uma aura divina e misteriosa, que se revela na sua vida adulta.

Qualquer reducionismo desta condição, situada apenas na especulação analítica, rouba a cena e o profundo mistério nesta condição divino/humana na relação com o bebê (na foto, uma escultura que está no museu de Cluny em Paris, que é datada do século XIV).

SLOTERDIJK, P. Esferas I: bolhas. São Paulo: Estação Liberdade, 2016.

 

Natal e o processo civilizatório

17 dez

Tempos turbulentos, noite da cultura, do pensamento e da espiritualidade.

Porém uma luz iluminava o caminho dos reis magos que vinham do Oriente, a Ásia e a Oceania sempre foram resistentes ao processo de colonização Ocidental, a África e a América Latina sofreram com o processo de colonização e seu desenvolvimento foi construído sempre com dificuldades.

Uma figura bíblica do Natal é João Batista, o último e o maior profeta, porque anunciou a vinda de Jesus, ele devia “aplainar os caminhos do Senhor”.

Vivia no deserto e comia insetos e mel, era um grupo ascético e visto sobre certa desconfiança pelos religiosos da época, porém era o anúncio do que viria, então parte importante do “advento”.

Onde podemos encontrar o advento de hoje, certamente não são os “impérios romanos” de hoje, suas guerras e injustiças, também não são nos falsos profetas e aqueles que querem para si um aura de divindade que não possuem, enchem os bolsos e exploram o povo com palavras fáceis. 

Peter Sloterdijk, filósofo alemão que não é religioso, chama a ascese do mundo atual de uma ascese desespiritualizada, uma sociedade de exercícios, embora faça tenha série de práticas, agora a física é também uma delas, não há um conteúdo de ascensão, e assim não é uma ascese verdadeira. 

A palavra de João Batista era dura, os seus seguidores tinham uma ascese verdadeira, mas difícil, eles sim prepararam o anúncio da boa nova, ali sim os caminhos eram preparados, as colinas rebaixadas e as veredas endireitadas.

Assim nem as guerras, nem as revoluções que proclamam atualmente são caminhos para um novo processo civilizatório, são muito mais a denúncia de tempo que deve ser superado para uma nova civilização. 

 

 

O Natal e Herodes

16 dez

O rumor que nasceria um Messias e um Salvador enfurecia Herodes que governava a Judéia sob domínio do Império Romano, ele mandou matar crianças inocentes, perseguia os rebeldes e vivia de fúria, luxúria e poder, as guerras hoje se assemelham a este personagem do início da era cristã.

Por causa dos conflitos da colonização dos judeus, a interpretação de Herodes e de alguns religiosos era que o Messias seria um guerreiro, um “rei” e por isto ordena que procurem o recém-nascido e sem o encontrar manda matar recém-nascidos daquele tempo.

Os judeus se manifestavam por causa dos altos impostos, e depois da morte de Jesus no ano 70 d.C.  o segundo templo foi destruído, segundo o site Heritage Daily há provas históricas que isto ocorreu (foto).

Não é diferente hoje, procuram interpretações políticas para o advento que anuncia não só o fato que Jesus nasceu, mas também a sua segunda vinda (Parusia) e não faltam Herodes que instigam guerras e violências, grandes ou pequenas, e o ódio está disseminado em nosso tempo, mas para cristãos verdadeiros e também religiosos que a sua forma celebram o Natal, sempre será tempo da verdadeira Paz e da vinda de Jesus.

No leste europeu, na faixa de Gaza e em muitas outras partes do mundo o espírito de Herodes vive, caçam e matam inocentes, justificam atrocidades com narrativas adocicadas e até com palavras que inspiram paz e socorro as populações carentes, mas são só narrativas.

O espírito de Amor e Paz é resiliente para aqueles que realmente desejam um mundo melhor, sempre haverá aconchego e harmonia em lares daqueles que vivem segundo o respeito e terão mais carinho e afetividade do que comidas, bebidas e exageros luxuosos.

Também as celebrações verdadeiras de Natal buscarão palavras e ações de fraternidade mais concretas e encaminham mentes e corações para o espírito de resiliência da paz do Natal.

 

Entre a paz e a saciedade

13 dez

A sociedade do cansaço é a que busca do máximo desempenho, a máxima volúpia e o máximo consumo, ela não leva a paz nem a felicidade, mas ao stress, a depressão e para boa parte da população a exclusão, a fome e a miséria.

E a paz e “satisfação” que todos buscam não se encontram em atitudes exageradas de consumo e eficiência, e sim naquela sabedoria interior que busca a compreensão, o amor e o equilíbrio nas ações e palavras, a verdadeira paz que todo homem são busca.

Atenas era modelo de sabedoria e riqueza, Esparta modelo de disciplina militar e valentia.

Um evento pouco conhecido na história é a Paz de Nícias, acordo entre as cidades gregas de Atenas e Esparta, em 421 a.C., estabelecendo uma trégua entre as cidades por 50 anos, porém em 414 a.C. o acordo foi rompido, a Guerra do Peloponeso.

Atenas possui a riqueza das minas de prata e Esparta era famosa por seu preparo para a guerra, qualquer coincidência com os impérios atuais não é por acaso, Atenas se uniu a cidade de Argos, rival de Esparta, mas perderam a guerra, e em 405 a.C. o rei Pausânias de Esparta ordenou o cerco de Atenas e a população faminta e exausta se rendeu.

A Fortuna, deusa romana do acaso, da sorte e do destino tinha a vista vendada (como a justiça moderna), pois distribuía os desígnios humanos aleatoriamente, assim se é feliz ao acaso. 

Assim, os modelos fundamentados apenas na “sabedoria” ou na “guerra” são ambos falidos, o que falta é um espírito de verdadeira conciliação entre os povos e tolerância entre culturas.

Também o império Macedônio e Romano tiveram seu fim, assim por mais armado e preparado que estejam nações e países atuais, não será pelas armas que conquistarão um “bem-estar”.

O crescimento de um espírito maior de compreensão e solidariedade, que vai além dos critérios apenas lógicos de razão e sabedoria, só eles podem criar um clima de paz e saciedade.

O fato que muitos buscam saciedade hoje em bebidas, comidas, drogas e outras fugas, é pelo fato que ainda não entramos numa Civilização do Amor, da Paz e da solução de crises sociais.

 

Sobre o filme Virgem Maria

12 dez

A primeira observação importante sobre o filme Virgem Maria, dirigido por D. J. Caruso (foi diretor também de Amor de Redenção) e roteiro feito por Timothy Michael Hayes, é que não é uma narrativa bíblica teológica e então também não pode ser vista como apologia a Maria, mãe de Jesus, que é o título em inglês (11,4 visualizações até 11/12 segundo o portal Terra).

Virgem Maria retrata a fé e a coragem de Maria e José, em fuga ao Egito para salvar o recém- nascido Jesus na perseguição que o Rei Herodes, interpretado por Anthony Hopkins, faz a todos recém nascidos ao saber que o Messias prometido ao povo judeu havia nascido.

As especulações sobre a infância e posturas de Maria também não podem ser vistas a luz da narrativa bíblica, porém é importante notar que não é ignorada e é venerada na Bíblia, tanto pelo anjo Gabriel, e se alguém duvida da importância de Maria é só ler o capítulo 1 de Lucas, um dos mais longos,  é todo sobre o nascimento de Jesus, mas em especial os versículos 42-43 (existem várias traduções) onde a prima Isabel a saúda: “Bendita és tu entre as mulheres e benedito é o fruto do teu ventre. Donde me vem esta honra de vir a mim a mãe do meu Senhor?”.

Esclarecida o problema da narrativa bíblica onde não há dúvidas da importância de Maria na história da salvação, vamos as críticas laicas sobre o filme, curiosamente uma delas é a idade de José, ainda que encontremos a narrativa sobre ter idade avançada, não é claro nem do ponto de vista cultural (o que era velho na época provavelmente seria entre 30 e 40 anos) e nem do ponto de vista religioso, não há esta referência bíblica, é apenas uma tradição.

A escolha de Maria a atriz Noa Cohen também é criticada por ser israelense, pelo momento político atual, porém o diretor esclareceu que a escolha, entre várias entrevistas, foi imediata e deve-se destacar o tom de pele mais moreno de Noa era predominante na época de Jesus.

A ideia de desconstruir a narrativa bíblica por causa da nacionalidade de personagens é muito além do problema da guerra atual, cruel sem dúvida, porque afeta pessoas e não questões políticas, religiosas ou ideológicas que estão envolvidas, esta era a postura tanto do império romano como dos fariseus, os falsos religiosos daquele tempo.

Como é uma ficção a crítica deveria se concentrar na interpretação dos atores, figurino e no enredo construído, pessoalmente gostei do filme, mas creio que os problemas religiosos com Maria e políticos podem prejudicar a apreciação de uma obra artística.