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O platô da pandemia se mantém
Os dados observados na última semana de mortes pelo corona vírus, que são os dados confiáveis, já que a curva de infectados depende da testagem, que é feita por empresas e ainda é baixa, indicam que o platô se mantém e a pandemia se interioriza no Brasil (veja gráfico), já salientamos a importância de fazer o logaritmo para visualizar melhor a inclinação da curva que é exponencial.
Qual seria a política para este momento é continuar mantendo o isolamento social, higiene e hábitos de distanciamento social, além das precauções em relação as políticas municipais.
Qualquer perspectiva de um pico, aos menos os dados indicam, parece sem sentido, o número de infecções se mantém em torno de mil mortes diárias, e um #lockdown não é mais viável, pois o vírus já se espalhou e um isolamento regional não significa o controle da pandemia.
Vamos navegar por incertezas, já cansados de um longo período de isolamento e com uma política de abre e fecha que não tem muito resultado efetivo, a não ser o de conter um contágio maior, sem significar qualquer resultado efetivo de controle da pandemia no plano nacional.
Os custos econômicos que seriam grandes no caso de um período de #lockdown, agora serão maiores porque tanto o comércio como os serviços que precisam efetivamente de contato presencial não se justificaria mantê-los desativados, e poucos serviços são não essenciais.
O plano é continuar por prazo indeterminado o chamado “isolamento social”, cujo nome mais certo no caso brasileiro já dissemos, é “distanciamento social” que é compatível com alguns serviços abertos.
O essencial é, portanto, manter os cuidados pessoais e torcer para que a curva caia “naturalmente”.
Inocência, ingenuidade e ignorância
Em muitas situações tropeçamos nestes três conceitos como sinônimos ou próximos, não são, uma criança é inocência e desconhece muitos assuntos, mas não é ignorante, por sua ingenuidade deve ser protegida tanto pelos pais quanto por qualquer pessoa de bom caráter.
Também um adulto pode ser inocente em determinada situação porque não fazia parte ou não conhecia determinada situação grave, não é ignorante, mas inocente ainda que algum mal possa ter ocorrido por sua ingenuidade em não perceber a gravidade ou as consequências de um ato.
A ignorância é militante, isto é, mesmo vendo e compreendendo a gravidade de determinada situação, por uma ação voluntária consciente comete ou permite que ato grave seja levado a frente, e algumas ou muitas pessoas ou mesmo situações graves podem ocorrer.
A pandemia expôs estas três realidades e não se pode deixar de perceber uma doença com a gravidade de ceifar vidas e cuja defesa é complexa pelo desconhecimento da ação e do controle do coronavírus implica em tomar decisões em defesa da vida que atenuem o número de mortes.
Assim como se expõe a ingenuidade de muitas pessoas que não tomam cuidados de higiene e prevenção para minimizar o contágio, expondo pessoas inocentes, porém é a ignorância que mais preocupa e pode causar situações ainda mais graves se não for possível interromper o descaso.
A ignorância foi utilizada na história para manipular populações inocentes e muitas vezes conseguiu levar muitas pessoas ingênuas a situações de catástrofes, atingindo inocentes e muitas vezes levando a morte e ao desespero, isto aconteceu em guerras e em pandemias, a gripe espanhola nos anos 1918 e 1919 matou 50 milhões de pessoas, um número absurdo para a população da época.
A revelação bíblica na qual o apóstolo Mateus (Mt 11,25) afirma que foi do agrado do pai revelar-se aos pequenino e esconder as verdades divinas dos “sábios e entendidos”, deve ser entendida no contexto da crença em Deus.
Conhecimento de Deus e não sobre o conhecimento e as verdades temporais, pois o texto seguinte é muito claro (Mt 11,26-27): “Sim, Pai, porque assim foi do teu agrado. Tudo me foi entregue por meu Pai, e ninguém conhece o Filho, senão o Pai, e ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar.
Usar este trecho para justificar ou defender a ignorância é má fé, nos dois sentidos, no religioso e no moral.
Se é certo que Deus se manifesta aos humildades, usar da ignorância para manipular a consciência é má fé.
Não é uma crise só do pensamento
A crise pode parecer algo intelectual demais, o pensamento estaria distante da realidade concreta da ciência, e assim da vida comum, porém sua extensão atinge a ciência cotidiana da estatística à medicina, da bibliometria à biologia e isto pode afetar a confiança na ciência e no campo espiritual há uma abertura imensa ao charlatanismo e a manipulação da boa fé.
Essa crítica questionou, por exemplo, a dicotomia fatos-valores, enfatizando a construção social dos fatos, e pode ser rastreada voltando às obras de filósofos como Friedrich Nietzsche e Edmund Husserl, com sua rejeição à ciência como substituto metafísica. Stephen Toulmin foi bastante articulado em sua crítica à ideia cartesiana de racionalidade (2001), enquanto a essência do método científico tem sido objeto de escritos (e disputas) de autores como Karl Popper, Thomas Kuhn, Paul Feyerabend e Imre Lakatos.
A essência do método científico tem sido objeto de escritos (e disputas) de autores como Karl Popper, Thomas Kuhn, Paul Feyerabend e Imre Lakatos, o eco destas disputas chegam ao mundo da física como o debate sobre a teorias das cordas e sua realidade física.
Uma literatura interessante sobre a crise atual foi o trabalho de Derek de Solla Price “Little Science, Big Science” de 1963, ele afirma que há um ponto de saturação e senilidade, que foi resultado do próprio crescimento exponencial que experimentou no século XX.
Outro trabalho mais também interessante é o livro de Jerome Ravetz “Conhecimento científico e seus problemas sociais”, que oferece uma crítica aos mitos da objetividade (é nosso principal objeto deste blog), e que se pergunta sobre a solução de problemas práticos, ou seja, sociais.
Em um trabalho recente ele argumentou recentemente Ravetz (2016) que “Aplicar uma metodologia” científica” às tarefas de governança da ciência leva diretamente à corrupção, pois qualquer sistema pode estar em jogo “, em outro artigo, Ravetz (2011) define a questão em termos do “amadurecimento das contradições estruturais da sociedade europeia moderna”.
A pandemia mostrou a ineficiência tanto da área médica onde “especialistas” defendem medicamentos que não tem eficácia comprovado e geram problemas colaterais, como a hidroxicloroquina e outros (segundo o caderno Saúde da veja são testados 69 medicamentos: 18 são anticâncer, 14 imunossupressores, 13 anti-hipertensivos, 12 antiparasitários e 12 anti-inflamatórios) e também o tratamento estatístico escondem os verdadeiros resultados, como são as análises da evolução da pandemia no Brasil.
Referências:
DE SOLLA PRICE, D. J. Little science big science. Columbia University Press, 1963.
RAVETZ, J. R. Scientific knowledge and its social problems. Oxford University Press, 1971.
RAVETZ, J. Faith and reason in the mathematics of the credit crunch. The Oxford Magazine. Eight Week, Michaelmas term 14–16, Disponível em: http://www. pantaneto.co.uk/issue35/ravetz.htm, 2008, Acesso: 2020.
RAVETZ, J. R. Postnormal Science and the maturing of the structural contradictions of modern European science. Futures, 43, 142–148, 2011.
RAVETZ, J. R. How should we treat science’s growing pains? The Guardian 8 June 2016.
TOULMIN, S. Os usos do argumento. Trad. Reinaldo Guarany. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
Covid 19 no Brasil e o platô
A análise a partir do número de casos infectados não é factível porque a testagem no Brasil ainda é pequena, feita pelas empresas ou pelos hospitais mas somente nos casos em que há suspeita de necessidade de hospitalização, e a estimativa que 5% das mortes corresponderiam ao número de infectados não é verdadeiro porque as medidas de isolamento são diferentes em várias regiões.
O platô que se iniciou do meio para o final de maio se alongou porque as regiões com maior número de infectados foi se alargando e no caso do Brasil indo para o interior, chamados de epicentro, o nome seria impróprio se houvesse isolamento, assim a contaminação se alastrou.
Além de não haver isolamento das regiões onde os casos de infecções começaram, o que foi feito em muitos países desde a China onde começou e a região de Wuhan foi epicentro, neste caso o nome se justifica, as medidas tanto locais como regiões de isolamento foram duras para conter a propagação.
A segunda questão é a forma de olhar o gráfico e os números, o gráfico que no início era uma exponencial e apesar ser necessário olhar fazendo uma escala logarítmica da curva para ver o grau de inclinação (por exemplo no início dobrava o número a cada dia e depois a cada dois dias, etc.), agora que a curva não tem mais um comportamento exponencial é necessário fazer o logaritmo.
Olhando a escala logarítmica da curva percebe-se claramente o platô (gráfico acima) e que os números estão girando um pouco acima dos mil casos diários de mortes, o grau de infecção como já se disse não é preciso, e assim percebe-se o platô que se prolonga já por um mês.
O motivo foi a análise inicial feita aqui, não havendo isolamento das regiões o vírus se propagou para regiões mais interiores e o novo “epicentro” é o interior do país, e assim deve se prolongar pelo mês de julho seja pela ineficácia das políticas de isolamento, seja pelo período de inverno.
Corona vírus: a flexibilização e a endemia
Vários países no mundo se preparam para uma segunda onda do corona vírus, o Brasil não saiu da primeira e a parecer estacionado num platô em torno de mil mortes diárias, muitos analistas alegam que o Brasil é diferente por sua extensão territorial, desigualdade social e densidade populacional, muito bem, mas a Índia e China também e controlam a infecção com medidas duras.
Vários especialistas e infectologistas apontam que a política de flexibilização pode ser adotada se for admitido a possibilidade de reversão, isto é, onde o número de casos se agravar volta a quarentena, mas o esgotamento da população depois de mais de 100 dias não permite mais.
Aline Dayrell, professora e coordenadora do curso de Epidemiologia da UFMG, diz que só teremos segurança total se 70% tornar-se imune, veja que sãos os mesmos índices do isolamento social desejado, e o Prof. Carlos Fortaleza infectologista da UNESP-Botucatu diz a segunda onda é a possibilidade de qualquer doença transmissível, desde que a população não esteja imune.
A Índia com mais de 2 meses em abril, após o primeiro caso de infecção tinha 800 e 27 mil infectados, sendo mais populoso que o Brasil, porém os números se aceleraram e 4 dias atrás registrou 2 mil mortes diárias, mostrando que mesmo as medidas duras não foram suficientes.
China e Nova Zelândia que aparentemente tinham controlado o corona vírus, já admitem que é uma endemia, isto é, que não é possível erradicar totalmente a pandemia sem uma vacina.
“O risco de propagação da epidemia é muito alto, por isso devemos tomar medidas resolutas e decisivas”, disse Xu Hejian, porta-voz do governo da cidade de Pequim, epicentro da segunda onda do covid 19, na Nova Zelândia houve o caso de duas pessoas que vieram do Reino Unido para participar de um funeral, caso excepcional que o governo admite e que vai rever.
Tempo de pós-verdade ou de hermenêutica
Uma hermenêutica é aquela que permite uma visão do mundo e uma interpretação dos fatos diferentes, não significa manipulação da verdade, mas exatamente ou desenvolve aquilo que ideologias e teorias não práticas ocultam (não há phronesis, práticas práticas) ou ou exercem práticas voluntárias sem reflexão .
O que acontece é que na busca de espírito absoluto, ou estabelecimento de verdades totais, na verdade eram totalitária, isto é, não admite uma visão de mundo diferente, numa era de diálogo simplesmente ligam a uma verdade já pré-existente, assim como existem verdades a priori para visões totalitárias.
O conhecimento para Emanuel Kant começa com uma experiência, e a razão organizadora dessa matéria de acordo com suas formas estabelecidas, com as estruturas existentes no conhecimento, assim como a formação séria uma forma de organizar a matéria que vem da experiência.
Embora “a priori” se refira a um modo geral como adjetivo de conhecimento, também é usado como adjetivo para modificar substantivos, como uma verdade, assim propor uma verdade a priori, e é um dos dogmas do idealismo.
Porem a verdade por séculos permaneceu velada, sempre foi usada como forma de poder, mas é o tempo em que as verdades são reveladas, não por jornalistas e grupos controlados que fazem parte de torcidas, mas com armas de fotos e celulares, câmeras presentes em muitos locais e em celulares, mas o grande salto é a consciência dos fatos.
Não é por acaso que este é o grande tema atual, desde a questão da filosofia hermenêutica, uma questão de consciência que deixa ser determinista, romântica ou dogmática, até um questionamento, se as máquinas inteligentes terão consciência e na última instância “imitar” o homem .
Para a cultura cristã, isso pode ser um noutro ponto, um tempo que a verdade é revelada, conforme o evangelista Mateus 10,26-29: “Não tenha medo dos homens, pois nada há descoberto que não seja revelado, e nada há de escondido que não seja revelado. O que você diz na escuridão, dizei-o à luz do dia; o que escuta ao pé do ouvido, proclama-o sobre os telhados! Não tenha medo daqueles que matam o corpo, mas não pode matar a alma! Pelo contrário, temei aquele que pode destruir a alma e o corpo no inferno! ”.
O filósofo Peter Sloterdijk, que não é cristão, disse que uma pandemia nos colocou “todos os joelhos”, direção que nem todos ainda aceitam, e.há aqueles que não admitem o mistério, além da nossa capacidade de leitura e entre os religiosos que ainda não se.põem ds joelhos, ao menos por compaixão com os que sofrem, a hermenêutica é esta abertura ao outro discurso, ao diferente, com sinceridade.
A covid ainda avança no Brasil
O flagelo da pandemia que poderia ter unido ao Brasil agora transforma o medo em terror, as taxas continuam avançando mesmo que o número de mortes permaneça num platô em torno das mil mortes diárias, com variações para cima e para baixo.
O resultado que dá uma sentença agora é a taxa de contaminação por mil habitantes, e o inverno chega no país na próxima semana, cidades que abriram o comércio começam a recuar, mostra uma política vacilante entre salvar a economia ou reduzir o número de mortes, e a luta política.
A polarização existente desde as eleições ameaça voltar com mais radicalidade, não há um cenário que nos dê esperança, nem de reduzir a mortalidade, que deveria ser prioridade, nem de resolver a crise política que poderia dar um alento e conduzir a uma política forte de isolamento social.
Assim o país vai se tornando o caso mais crítico e contribui para um isolamento internacional, os que queriam salvar a economia ainda não entenderam que uma política séria de combate ao covid minimizaria os resultados econômicos, salvaria vidas e talvez unisse um país cada dia mais dividido.
Não faltam comentaristas no mínimo maldosos, li de um famoso filósofo midiático que depois haverá alegria e euforia, gostaria de acreditar nisto, mas como só o desemprego já é enorme.
Se não houverem mentes sensatas e interessadas em salvar vidas (que também minimiza os custos econômicos) navegaremos em situações confusas e que os dados já mostram, não há nenhum sinal que a convid pode recuar, defendíamos no início de maio o #lockdown, se vier agora virá como medida de desespero, e sem apoio popular, os 3 meses de quarentena mal feita, esgotaram o ânimo da população.
Não é um conflito causado pela mídia, pela oposição ou pela ideologia, é falta de sensatez e sabedoria, colocamos aqueles que estão na frente da batalha: os médicos, enfermeiros e socorristas, além dos trabalhadores de serviços essenciais em situação difícil, cansaram de nos pedir: fiquem em casa, não foram ouvidos.
A esperança é que a própria doença estacionada no platô de mil morte diárias comece a recuar.
O esgotamento do humanismo e co-imunidade
Quando Peter Sloterdijk proferiu sua palestra “regras para o parque humano” em 17 de julho de 1999 num colóquio dedicado a Heidegger e Lévinas, no castelo de Elmau na Baviera, apesar de ter na platéia Teólogos a reação maior foi dos meios de comunicação, ao afirmar o surgimento de uma “antropotécnica” e manipulações genéticas, os ecos foram ouvidos na França e também no Brasil onde foi publicada uma reportagem no Caderno Mais da Folha de São Paulo.
O que o filósofo alerta, em sua linguagem rica em metáforas para tornar sua intrincada filosofia mais clara, afirmava que o trabalho de domesticação humana havia fracassado, em resumo, esta era sua resposta à Carta sobre o Humanismo de Heidegger, e a sua palestra se tornaria um livro de grande repercussão.
Depois vieram outras polêmicas, sobre a ecologia por exemplo, afirmou que “oscilaremos entre um estado de desperdício maníaco e de parcimônia depressiva”, em palestra intitulada “sobre a fúria de titãs no século 21” ou seja, entre duas forças opostas: o minimalismo e o maximalismo, o que chama de frivolidade de nossos atos.
Falou também na referida palestra, sobre a decadência do conceito da ética: “antigamente … vinha de um sentimento de obrigação, de virtude. A responsabilidade só se torna uma categoria importante quando as pessoas fazem coisas cujas consequências não conseguem controlar” e alerta que o termo responsabilidade é novo em filosofia, também nas ciências humanas.
Em resposta em uma entrevista ao jornal El País, o filósofo criador do conceito de co-imunidade, afirmou que a situação atual exigirá “a necessidade de uma prática mais profunda do mutualismo, ou seja, a proteção mútua generalizada, como digo em Você Tem que Mudar a Sua Vida”, livro sem tradução para o português.
Além desta necessidade, o que o conjunto da situação atual que revela um desequilíbrio global da natureza ao social, indica que fatores externos e inorgânicos (de alguma forma a natureza vai reagir) poderá acelerar o processo de mutualismo, como o vírus nos fez repensar a imunidade, talvez algum efeito aórgico poderá acontecer.
O humanismo está preso a frivolidade do pensamento idealista.
Entre a filosofia e os mistérios
A relação entre teologia e filosofia já fazem mais de 5 séculos se perdem, quando algum teólogo sério resolve falar de filosofia é para criticá-la ou para admiti-la acriticamente e então perde a fé.
Li o testemunho de ex pastor metodista americano, que escreveu: “Desisti do cristianismo porque afirma muito e explica muito pouco. Sabemos tão pouco sobre o Cosmos em que estamos flutuando – nossa casa é um sistema solar entre trilhões -, mas os teólogos se gabam e postulam sobre Deus, como se tivessem alguma maneira de saber tudo isto”, David Madison, Final Sermon in a Pandemic Time.
São indagações que muitos fazem, a minha experiência espiritual sempre envolveu algo que me tirava os pés da terra, embora eu me esforce para mantê-los ali, gosto de críticos da religiosidade de nossos dias, como Sloterdijk porque me acordam, e sua descrença no humanismo de nosso tempo é um guia para minhas questões atuais, como na pandemia e os problemas que a envolve.
Quando penso em conversão penso primeiro na minha e depois naqueles que estão comigo na caminhada e depois nos cristãos “adormecidos”. mergulhamos na pericorese, emprestei o texto a alguns amigos e eles me devolveram com comentários, fiz minha própria pericorese, minha fusão de horizontes.
E tive algumas respostas que não imaginava, uma delas sobre o que será o futuro do humanismo, descobrimos em meio a pandemia a solidariedade como também o racismo, a violência doméstica e a insensibilidade de alguns diante do flagelo, na figura acima A cruz nas montanhas de Caspar David Friedrich ( ca 1812).
A resposta e nova questão que encontrei foi na leitura de um texto de Sloterdijk, que ele chama de relação aórgica, está no Matrix in grêmio: um capricho mariológico, ele não é um teólogo, alias afirma que religiões não existem.
Minha questão ela a relação do orgânico, toda a natureza e humanidade e dela a pericorese divina, mas fundada na relação humana, e como se fosse um teólogo, Sloterdijk responde na Digressão 10 do primeiro volume da Trilogia Esferas:
“Matris in gremio: Um capricho mariológico” (pag. 556) em que a interpenetração aórgica se alia à orgânica na gravidez, em Maria, do Filho de Deus, no qual os dois partilham do mesmo espírito e o mesmo sangue, e ambos na Trindade e no útero da Virgem, a interpenetração é surreal, além da pericorese.
Minha questão o que aconteceria se houvesse uma relação aórgica, o orgânico num fenômeno inorgânico real, duradouro, visível a todo ser humano e não apenas aos místicos ? Claro isto num ocorreu, mas se ocorresse ?
SLOTERDIJK, P. Esferas I: bolhas. São Paulo: Estação Liberdade, 2016.
Pandemia: futuro incerto
Após tentativas de controle do isolamento social, de dificuldades para tomar medidas mais duras, agora o Brasil mergulha num futuro incerto: faltam dados, uma política clara e planejamento.
Os dados oficiais dependerão agora da seriedade das Secretarias da Saúde regionais e do trabalho duro dos médicos e hospitais, e o planejamento da responsabilidade de autoridades locais, no plano mais geral há a proposta de uma abertura planejada, porém poderá ser desordenada.
Os dados que se dispõem indicam um aumento durante a semana que passou acima das mil mortes chegando a um pico de 1473, que recuou no fim de semana para o patamar de mil mortes.
A curva que traçamos parece refletir o cenário de instabilidade, embora defasada de 7 a 14 dias, pois as mortes são o reflexo de infecções nos dias passados, elas são os dados reais, pois mesmo que o grau de infecção esteja caindo para baixo de um, uma pessoa infecta outra, isto não significa que o contágio e a letalidade reduziram, no caso brasileiro é preciso entender a interiorização dos casos e os recursos regionais para o combate, como é o caso da Amazônia e regiões pobres.
A pressão dos grupos econômicos para abertura do mercado, a incerteza política e o jogo de alianças que é feito devido este cenário, tiram o foco da pandemia e se desloca ao cenário político, um quadro triste para o país.
Apesar de grandes grupos que realizam ações solidarias, do esforço dos médicos e enfermeiros, a lição que vamos tirando desta pandemia como povo é a pior possível, não temos apreço ao povo simples, nem mesmo com muitas mortes e do cansaço de quase 3 meses de pandemia.
Alguns países sairão melhores da pandemia como nação, o Brasil não, fomos incapazes de unir as forças, de sermos solidários nacionalmente com as dores de um flagelo e incoerentes com nosso amor que declaramos ao país, resta-nos fazer nossa parte e ter esperança que o vírus recue.