Arquivo para November, 2012
Mais sobre Bauman, o sujeito e as redes
Sobre Bauman afirmamos que o mal-estar atravessa a pessoa humana, isto porque a relação do sujeito com seus bens e com as pessoas que convive, isto é, com os objetos e pessoas que dão sentido e prazer de viver ao ser.
Neste sentido não podemos deixar de pensar nos processo de fantasias, no imaginário e até na religiosidade das pessoas sua volta, mas sem perder a capacidade de reflexão e crítica além de manter a velocidade e a mobilidade inerentes à comunicação e cultura modernas, vistas por muitos autores como “superficial”, “alinenante”, “cultura light”, “geração superficial” e outras rotulações pouco apropriadas e profundas.
Esta fantasia pode fornecer ao sujeito alguma segurança em uma época tão insegura, devolver-lhe a capacidade de pensar, sonhar, refletir, criticar e ser feliz, principalmente.
Mas este sentido da fantasia pode ser ideológico não no sentido de que nos impessa a ver o todo do real de nossa época, mas que elimine a parcialidade e o sectarismo tão presentes nestas relações.
Queremos expressar nossa opinião sobre a busca do real, nesses tempos de virtualidade, isto significa um bom questionamento da fantasia e da magia, com a tentativa de compreender o sentido de crítica ao capitalismo.
O sujeito tenta preencher seu desejo, todavia, o desejo é por definição não-preenchível, por isto vai buscar no imaginário e na relação com outro e então pode encontrar o que deseja, na “relação”. Neste contexto os bens e o dinheiro principalmente não podem ocupar o lugar do Outro, para poder retornar para si o papel daquele que preenche os desejos humanos e que pode encontrar um lugar de “relação”, de “dádiva” justamente com o Outro.
Que é esse Ser e este sujeito, fazendo uma analogia assimétrica ao Homem Vitruviano, podemos compô-lo em oito dimensões: Original (antropológica e histórica), Intencional (livre arbítrio e subjetivo),Corporal (biológica e genética), íntima (afetiva e familiar), Cultural (raças, credos e sociais), Interioridade (condicionamentos, necessidades e desejos), Material (sócio-econômico e circunstancial) e Espiritual (crenças, condicionamentos sociais e/ou políticos).
Concluímos que existe uma ligação entre o desejo e a subjetividade do sujeito com o Outro, aspecto negado em muitas filosofias e posturas atuais, e cuja dificuldade encontrada na relação do sujeito com o real pode ser tratada tanto no sentido ideológico tradicional, como através do fetichismo da relação de pessoas e com os objetos, aí sim alienantes.
Uma consciência líquida da modernidade líquida
Apenas por ossos do ofício fui ler a Modernidade líquida de Zygmunt Bauman (sociólogos, religiosos e pensadores estão lendo), e tudo o que fica é um saudosismo de uma modernidade que nunca existiu, de um estado que nunca aconteceu, não só no mundo capitalista mas mais ainda no mundo socialista, do qual o regime polonês foi a caricatura mais triste do que seria um mundo de maior igualdade, e principalmente de respeito pela pessoa.
A modernidade esqueceu do Ser, e criou um mundo de leis, códigos e valores (dos quais Bauman sente falta) que estão longe de representar de fato a totalidade do homem, por isto careceu de valores ontológicos, e só poderia se desmanchar, mas isto não significa que o ser se desmanchou, este está incomodado justamente por uma sociedade “legal” mas de valores que não falam do Ser.
Incapaz de fazer uma crítica justamente ao modelo de valores que vivemos, por exemplo, a ausência de subjetividade, de respeito a valores religiosos e culturais, todos “tragados” por uma falsa visão de liberdade que é a visão neoliberal e populista-social, ambas em moda no processo atual, salvo raros casos do mundo oriental e árabe.
Na ausência de crítica ao modelo de estado, de moralidade e de ética, Bauman sai pela crítica fácil ao Facebook, Twitter e comportamentos sociais, mas não vincula estes a uma sociedade totalmente criada e fundamentada nos valores da modernidade, do iluminismo e do enciclopedismo.
Ausência de valores ontológicos, esquecimento do ser, desprezo por valores culturais, religiosos e sociais não são vinculados a uma estrutura social que impele o Ser a isto, quem é o culpado, a consciência líquida que o sábio sociólogo julga estar fora dela, mas é um digno representante.
Castells e o papel da internet na mobilização
Seguindo nossa releitura de alguns autores eis algumas pitadas de Manuel Castells, talvez o mais citado e menos compreendido dos autores de redes (algumas vezes nem lido pelo uso incorreto que fazem), em recente entrevista sobre seu livro ainda pouco conhecido “Comunicação e Poder” (2009), explicou:
“Dediquei muitas páginas para explicar, a partir de uma base empírica, como a transformação das tecnologias de comunicação cria novas possibilidades para a auto-organização e a auto mobilização da sociedade, superando barreiras de censura e repressão impostas pelo Estado. Claro que isto não depende apenas da tecnologia. A internet é uma condição necessária, mas não suficiente” (veja no blog Lousa Digital).
O medo (ou vertigem) para alguns da comunicação digital é justamente pelo impacto que causa sendo ela livre, sendo preciso usar aparatos muitos especiais para censurá-la como fazem na China e no Irã, mas recentemente também o YouTube da America Latina sofreu censura, conforme o blog Link.
Neste livro Castells cita Marshall McLuhan (autor de célebres frases “os meios de comunicação como extensão do humem”, “o meio é a mensagem”, “aldeia global” e “impacto sensorial”) e John Thompson (importante por seu livro Teoria Social do Escândalo Político), o autor discorre sobre quais é a batalha pelas mentes que ocorrem nos meios de comunicação, instrumento de construção das ideias e opiniões na vida pública, a qual brota fundamentalmente deste “poder” que a comunicação tem.
Castells é mais conhecido por suas obras anteriores: A sociedade da Informação (1997) e A Galáxia da Internet (2001), mas sua obra recente sobre a Comunicação é mais enfática e mais clara sobre seu posicionamento em relação ao uso da internet.
As TVs são melhores que as redes sociais ?
As críticas e trabalhos demonizando as redes e as ferramentas sociais crescem, no entanto programas de TV que enfatizam a quebra da moralidade, incitam violência e invadem nossas casas com todo tipo de bobagem e ignorância não são mais nem lembrados.
Mas na Inglaterra eles têm um crítico severo, que é o jornalista, diretor e comentarista Charlie Brooker, uma das pessoas mais inteligentes e respeitadas no reino Unido, conhecido por seus artigos no The Guardian.
Suas críticas recentes são os episódios de Newswipe, Screenswipe e Gameswipe (respectivamente séries sobre notícias, cinema e videogame) e ele criou uma série How TV Ruined Your Life, e isto é importante porque agora muitos críticos repetem isto para as novas mídias.
Este diretor criticou os reality shows (em franca expansão na TV brasileira) com a mania de zumbis (por isto os filmes deste tipo estão em alta) e no fim de ano passado ironizou a obsessão pela tecnologia chamada Black Mirror, que são os espelhos que viram as telas de computador, TVs e celulares depois de desligados.
Você continua assistindo a TV gratuita, então pare e pense sobre o medo, a violência e a baixa qualidade moral dos programas, e pense no que sua vida está se tornando.
A modernidade, a esfera pública e a internet
Iniciamos nosso programa de férias, com algumas pitadas de filosofia, é tempo de pensar refletir e sobretudo deseja um futuro melhor para a humanidade, nada melhor em tempos de “crise” ou mudança, como prefiro pensar.
Já dissemos algo de Edgar Morin, agora visitemos o pensamento de outro grande filósofo contemporâneo: Jürgen Habermas.
Como crente na modernidade, apesar de reconhecer sua crise evidente, ele revisita Hegel, ainda que reconheça Kant como um mero precursor do chamado “idealismo” alemão que contaminou todo pensamento moderno.
No´O discurso filosófico da modernidade, Jürgen Habermas elege Hegel como o filósofo paradigmático da modernidade e não Kant, considerado tradicionalmente, mesmo na interpretação hegeliana, como o nome central da modernidade filosófica, e Habermas assim afirma esta convicção:
Kant exprime o mundo moderno em uma construção intelectual. Isso significa, porém, apenas que os traços essenciais da época refletem-se na filosofia kantiana como em um espelho, sem que Kant tenha compreendido a modernidade enquanto tal. É somente de um ponto de vista retrospectivo que Hegel pode entender a filosofia de Kant como uma auto exposição da modernidade (Habermas, Der philosophische Diskurs der Moderne, p. 30).
Mas uma questão importante sua é o da “esfera pública” ao qual talvez possa se aplicar o direito de opinião na internet:
Por “esfera pública “, queremos dizer, antes de tudo o reino de nossa vida social em que algo que se aproxima a opinião pública pode ser formado … Os cidadãos se comportam como um organismo público quando conferir em um frashion irrestrita – ou seja, com a garantia da liberdade de reunião e de associação e a liberdade de expressar e publicar suas opiniões – sobre assuntos de interesse geral … “opinião pública” A expressão refere-se às tarefas de crítica e de controle que um organismo público de cidadãos … (citado em Habermas, 1964 citado em Pusey, 1987: 89).
Ao alterar esta hierarquia tradicional, Habermas elabora uma nova concepção de modernidade assim possível de sobreviver. Partiu da diferenciação sociológica entre modernidade e modernização, isto nos interessa a técnica e a tecnologia, ele procura restabelecer o vínculo, ausente nas teorias correntes da modernização, entre modernidade e racionalidade, no dizer filosófico reduz os processos de industrialização, das máquinas a vapor até a mídia digital, como algo secundário.
Destaca, assim, as relações internas entre o conceito de modernidade e a maneira como esta compreende a si mesma, inserindo-a no horizonte cultural do racionalismo ocidental, não vê assim, a condição material como algo tão importante quanto o pensamento, a crítica a tecnologia e a técnica só pode se consequência deste pensamento, em essência, ainda idealista, mesmo com a crítica a Hegel.
Pusey, Michael. Jürgen Habermas: sociólogos chave, Londres: Routledge, 1987.
Computador antigo é religado
Do tamanho de uma sala e pesando 2,5 toneladas, o computador mais antigo do mundo foi reativado na última terça-feira (20/11), no Museu Nacional da Computação da Grã Bretanha, quase 40 anos depois de ser usado pela última vez.
O Wolverhampton Instrument for Teaching Computing from Harwell, que era chamado de Witch, começou a ser utilizado em 1951 para ajudar nas pesquisas atômicas e funcionou até 1973.
Agora os visitantes do museu podem conhecer de perto este computador, que fica em Bletchley Park, localidade a 80 quilômetros de Londres, onde os visitantes verão o seu funcionamento e suas operações por dentro, bem diferente das máquinas de hoje.
Ele ficou entre 1973 e 1997, exposto no Museu de Ciência e Indústria de Birminham, que fechou, então a máquina de 61 anos que foi guardada em um depósito, foi restaurada a partir de 2008 por pesquisadores do Museu Wolverhampton.
O conhecimento, a poesia e as tecnologias
Quando podemos estar produzindo algo novo ? o que é uma conversa ? As perguntas são de Edgar Morin, na série da coleção O Método (Ed. Sulina) – o conhecimento do conhecimento, onde aventura-se por questões mais puras: O que é o conhecimento ? O que é o espírito ? Como se conhece ? o que significa conhecer o conhecimento ? O que ele quer com isto, mostrar que muitos sábios e conhecedores são na verdade filhos da ignorância, quando querem ter verdades absolutas.
Através do pensamento sobre a complexidade, Morin desmonta as regras simplificadas de como a modernidade e a ciência atual procuram resolver o que não é tão simples quanto parece, e assim muito do pensamento moderno de verdades absolutas e realidades definitivas não tão verdadeiras quanto parecem.
Morin procura restaurar o que seria um “conhecimento que se encontra adormecido”, reagrupando unidade e diversidade, o filósofo Heidegger já havia falado sobre isto e muita gente séria está tentando retomar a poesia, o encanto e a beleza, isolada por uma pseudo-ciência.
Morin ressalta neste livro a capacidade humana de enxergar o mundo com um viés poético, da qual também Goethe e muitos escritores já escreveram, penso que a tecnologia ajuda também esta releitura do mundo das pessoas e das coisas.
Modelo de óculos atropela Google Glass
Segundo o site Engadget, enquanto o Google fazia marketing em seu modelo de óculos, a concorrente Vuzix trabalhava em silêncio no seu modelo de óculos de realidade aumentada, o Smart Glasses M100.
Ele tem microfone, fone de ouvido, câmera, sensores de movimento, GPS e usa o Android 4.0.
A empresa que já vende modelos para órgãos militares anuncia que terá conexões Wi-Fi e Bluetooth e funciona a partir do sinal de smartphone, que esteja no corpo ou a um palmo de distância.
O modelo deve sair já em dezembro para o Natal, e o Smart Glasses deve custar menos que US$ 500.
A autonomia da bateria é de 8 horas, a câmera é HD 720 pixels, é capaz de utilizar a Internet e tem um sistema de navegação visual, e ainda dá a possibilidade de fazer chamadas telefônicas e enviar ou receber SMS.
As melhores tecnologias LCD
Os fotógrafos americanos da American Society of Media Photographers (ASMP) analisaram as telas de painéis de LCD disponíveis no mercado e elegeram a melhor opção deste segmento.
As tecnologias mais encontradas neste mercado atualmente são chamadas de Vertical Aligment (VA), Twisted Nematic (TN) e In Plane Switching (IPS).
Na avaliação desta sociedade americana a tecnologia VA é melhor em relação ao TN, mas quando se exige alta definição como imagens e fotos, a tecnologia IPS é a que funciona melhor.
Assim, a melhor tecnologia para displays de alta definição, quando esse tipo de definição é necessário, como a edição precisa de imagens e fotos, é a tecnologia IPS.
Uma das principais vantagens da tecnologia IPS apontadas pela ASMP é o verdadeiro amplo ângulo de visualização com cores precisas e consistentes em qualquer ângulo de visão.
Também com as cores reais esta tecnologia cria imagens que estão mais próximas do real, e por isto causam maior conforto ocular, isto significa que causa menor tensão aos olhos quando comparado as tecnologias VA e TN. A qualidade de tela se mantem estável e focada, portanto com qualidade estável.
Isto significa em termos das telas de mercado que uma variação desta tecnologia conhecida como AH-IPS, na análise feita pela ASMP, é uma das melhores do mercado, e foi desenvolvida pela LG Display.
Que tipo de tablet é o Surface ?
Embora o presidente da Apple diga que o novo tablet da Microsoft seja estranho, para usuários de desktops ele é mais “amigável”, o uso do teclado que funciona como capa e é bem fino mais confortável que as telas de vidro, e pode significar a passagem definiiva para a era pós-PC.
A nova interface e o Sistema Windows 8 sem dúvida trazem novas concepções, mas a mudança é menhor para usuários de desktops.
Poucos devem se lembrar, mas a ideia no início dos tablets era o PDA (Personal Assistant Device) que nada mais era que um computador de dimensões reduzidas, e o Surface parece estar nesta categoria embora maior e com mais funções
Existem dois PDAs no mercado hoje, o PalmOne e o PocketPC.
Embora a PalmOne utilisse no início o sistema operacional Palm OS da PalmSource (antiga Palm Computing), e fosse um sistema estável, a empresa passou a adotar o sistema Windows Mobile o que portanto a aproxima também do sistema do Surface.
Quanto ao Surface, o teclado e o tablet muito finos, as dimensões da tela parecem dar maior conforto a usuários dos antigos PCs, mas as vendas ainda não decolaram.