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Arquivo para março, 2022

Haverá humanismo depois da barbárie ?

17 mar

Guerras, peste (pandemia) e fome (crise na economia e no abastecimento) tudo parece indicar um caos eminente, e no cansaço as pessoas querem voltar a rotina (o antigo normal) e retomar a vida.

É preciso, entretanto, cuidado, rever o modo de viver, na verdade a verdadeira “Sociedade do cansaço” que vivíamos antes da Pandemia, tratar os problemas que emergem e não ceder ao ódio.

É o ódio, as guerras e a pouca preocupação com a vida que alimenta aqueles que perderam uma verdadeira perspectiva humanista, o poder autoritário, a força e o desrespeito a vida não é humano, nem significa de fato uma “normalidade”.

Atenas sobreviveu a guerra narrada na Ilíada e Odisseia de Homero, provavelmente parte é mítica, e esta era uma importante linguagem da época, mas o poderio dos persas não prevaleceu, a pequena Atenas unida aos guerreiros de Esparta venceram e foram eles que deram origem a civilização ocidental (figura), não por acaso chamado de período helenístico, já Páris, príncipe troiano desejava a Helena, filha de Zeus e rainha de Esparta, e este seria o motivo da guerra.

Sobrevivemos a peste negra e a gripe espanhola, é verdade não sem muita morte e em meio a guerras, porém a humanidade encontrou seu caminho, aliás justamente foi o humanismo da renascença que deu origem a modernidade, hoje em crise junto com a civilização ocidental.

Há o perigo nuclear e sem dúvida ameaça todo planeta, não é apenas a Ucrânia e sim toda uma civilização em cheque, e as únicas alternativas parecem ser a guerra total, mas sobreviveremos.

Mais do que as resoluções tomadas em meio a conflitos que deram origem a duas guerras, agora é preciso apresentar uma nova civilização, um novo humanismo capaz de agregar a família humana e ultrapassar o antropocentrismo e respeitar a diversidade, como diz Morin em buscado do “O Paradigma perdido: a natureza humana”.

Mahatma Ghandi, líder hindu que levou pacificamente a liberdade na Índia do império britânico, disse sobre os 7 pecados causas da injustiça social: “Os sete pecados são: riqueza sem trabalho; prazeres sem escrúpulos; conhecimento sem sabedoria; comércio sem moral; política sem idealismo; religião sem sacrifício e ciência sem humanismo”.

A humanidade sempre encontrou veredas em meio a eminente barbárie, encontrará agora também, nem todos cederam ao ódio, à indiferença e ao poder sem escrúpulos.

 

Regenerar o humanismo

16 mar

Em suas comemorações de seus 100 anos, que Edgar Morin fez no ano passado, e está em seus livros de memórias “Leçons d´un siêcle de vie” (lições de um século de vida), muito antes da guerra atual ele dizia sobre resistir a dominação, à crueldade e à barbárie, e pedia novo humanismo, o qual esteve sempre presente em sua literatura.

Retomar a consciência da complexidade humana, e incluí-la num novo patamar que superasse o antropocentrismo, este era o humanismo retomado no renascimento, e sobretudo criar um mundo onde fosse possível uma cidadania mundial com respeito as diversidades culturais.

Ele que lutou na resistência ao nazi-facismo, não deixou de mostrar seu arrependimento ao período do stalinismo, sabia que estávamos num empasse entre estes dois pensamentos que poderiam nos levar a barbárie, profético em relação a escalada atual da guerra.

Não é um desenvolvimento isolado, já em outras obras suas como O Praíso Perdio e o Método, suas noções chaves de conceitos como autonomia, uberdade, amor, indivíduo e sujeito foram se desenvolvendo salvando valores que são inerentes a eles, assim como manter uma dignidade humana potencialmente ameaçada, diria agora, o processo civilizatório como um todo.

Em o Método II não hesita em denunciar as ilusões do humanismo tradicional (a direita ou à esquerda) e procura revitalizar o seu sentido ético e antropológico: “Não se trata de recusar o humanismo. É necessário, como veremos, hominizar o humanismo, e portanto enriquecê-lo, baseando-se na realidade do Homo complex” (Morin, Método II, p. 398).

A eleição do homem como centro do mundo, e a rejeição tanto à Deus (ou a alguma dividinda superior a qual nos submetemos) e ao respeito a natureza a qual a ciência julgou dominar é um passo fundamental para regenerar o humanismo ou caminhamos na lógica da dominação.

Tudo se passa como se a história começasse no auge do capitalismo do século XVIII ou do comunismo do início do século XX, as escassas referências a verdadeira cultura tanto grega como judaico-cristã, direta ou indiretamente condenadas, é o corte desta raiz humanismo.

Não basta dizer que é superada, sem qualquer referência histórica, por exemplo, à Socrates e a Heráclito onde há um aprofundamento sobre a educação e interioridade da consciência.

A questão da emergência do Ser prende-se a outra indissoluvelmente ligada a da liberdade, o homem anulando sua autonomia (dizem em prol de certo “humanismo” antropocêntrico) é vitima do fatalismo, da ausência de horizontes que não sejam o da dominação do Outro, aquela cultura ou ordem que é diferente da outra e que também deve ser respeitada.

Nicolau de Cusa, Ficino, Pico della Mirandola, exploraram esta perspectiva, em Ficino, por exemplo: a providência (que governa uma ordem espiritual), o destino (que dirige aos seres animados) e a natureza (que permite ao Ser permanecer no mundo como corpo vivo ao qual os seres se submetem), ainda que precise ser atualizada em termos de linguagem, não é antropocêntrica.

Morin, E. O Método vol. II, Europa-América, Lisboa, Ed. Francesas: Paris, 1997

 

Entre a paz e a guerra por um fio

15 mar

As negociações entre Ucrânia e Rússia tem sinais de algum progresso ao mesmo tempo que pontos delicados como o fechamento do corredor humanitário a cidade Mariupol que vive uma calamidade em diversos aspectos e o recente bombardeio a base militar na região de Lviv, a apenas 25 quilômetros da fronteira com a Polônia que é membro da OTAN.

A tensão já se desenvolve de um possível ataque a algum país da OTAN, na Noruega forças da OTAN já realizam treinamentos, uma vez que a Suécia e Finlândia já tem uma tensão com a Russia, vale lembra que ambos querem fazer parte da OTAN, mas ainda não fazem.

O que faz imaginar que um acordo é possível é que tanto o presidente da Ucrânia quando da Rússia admitem que houve algum progresso, um fracasso agora seria desastroso para ambos os lados, do lado russo uma pressão maior externa na sua economia e do lado ucraniano a possível perda do controle de sua capital, podendo perder o governo por prisão ou morte.

A pressão sobre Kiev é imensa, porém a tomada da capital seria uma efetiva ocupação russa da região e o clima com a OTAN seria insustentável, além de um conflito com alguns de seus membros, os mais próximos da região: Letônia, Lituânia, Estônia e Polônia além de Suécia e Finlandia, estes países todos estão mais próximos tanto na ajuda humanitária quanto militar da Ucrânia e temem pela proximidade russa.

Hoje haverá nova rodada de negociações e espera-se um grande avanço, a Ucrânia pode dar garantias de sua neutralidade em relação a OTAN e a Rússia devolver algumas áreas ocupadas, porém Mariupol deve ser a mais problemática, basta olhar o mapa onde se vê o controle do Mar de Azov, onde Mariupol é um importante porto, e o controle da região é um conflito antigo.

Além de manifestações em todo mundo pela paz, há ações de solidariedade aos refugiados, por exemplo, o Airbnb recebe milhares de reservas de acomodações de pessoas que talvez nunca vão ocupar aqueles lugares e a própria empresa usando estas reservas vai destinar 100 mil moradias a refugiados.

Há coisas humanas em meio a guerra, como a anfitriã Olga Zvirysanskaya do Airbnb (veja a figura) que recebeu uma reserva para março de um visitante que não irá para lá e respondeu “teremos o maior prazer [algum dia] em vê-lo na pacífica cidade de Kiev e abraçá-lo”, logo após fugir com os filhos deixando o apartamento disponível para as pessoas que permanecem em Kiev.

 

A pandemia não acabou

14 mar

Além do Estado de São Paulo, outros sete estados já estão abolindo o uso de máscaras: Rio de Janeiro, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Maranhão, Mato Grosso, Goiás e agora Minas Gerais, alguns estados já preparam as escolas de Samba para o Carnaval, em plena quaresma cristã.

Embora o ritmo de propagação do coronavírus no Brasil não seja mais tão intenso, os índices não são tão baixos e especialistas consideram que a medida pode trazer impactos indesejáveis no controle da doença no Brasil, mas a máscara deve subir da boca para os olhos para ter carnaval.

Além das autoridades mundiais da OMS, como a líder técnica Maria van Kerkhove, também a pneumologista Margareth Dalcolmo, um nome de destaque da FioCruz no enfrentamento da covid-19 consideram a medida um tanto precipitada e alerta para os perigos.

Autoridades monitoram a variante Deltacron na Europa, que é uma variante entre a Delta e a Omicron, países como Dinamarca, França e Holanda e a OMS já monitora a variante.

Uma região da China de 9 milhões de habitantes, onde está a cidade de Changchun autoridades ordenaram nesta sexta-feira (11) o confinamento rigoroso, com o surgimento de um surto de variante da ômicron (foto), lá há disciplina e controle da Pandemia.

Changchun, é a capital da província de Jilin, que faz fronteira da Coreia do Norte, estando, portanto, também próxima da Coréia do Sul e de países fora da China.

Como as autoridades políticas estão menos cautelosas que em períodos anteriores, depende-se agora de atitudes locais e gestores públicos e privados para que o sinal passado ao público em geral não prospere, a ideia que a Pandemia já acabou passa uma mensagem errada.

Até mesmo os números que havia controles pelas secretarias municipais de saúde parecem já ter relaxado e em muitos locais tornaram-se pouco confiáveis, sem dados não há política certa.

Além de passar uma mensagem errada ao público, é preciso ter claro que a circulação de qualquer variante pode levar a outras e não há garantia que as variantes serão menos letais.

Obs: Até o final da noite de ontem também a região da cidade Industrial Shenzhen (como previsto mais ao sul) também havia sido infectada e o lockdown chegou a 40 milhões de pessoas.

 

Do apenas humano ao sobrenatural

11 mar

Todas as forças que se concentram numa polarização veem apenas o aspecto humano de um conflito, como o atual na Ucrânia que pode a qualquer momento se tornar mundial, já com alguns sinais visíveis coma visita da vice-presidente dos EUA à Polônia e as reações Russas às sanções.

A esperança de paz e de uma solução para um conflito tão perigoso, felizmente alguns técnicos da Ucrânia poderão ajustar os problemas na Usina de Chernobyl, mas existem inúmeras outras na Europa, incluindo a já ocupada pelos russos, a de Zaporizhzhia, uma das maiores da Europa.

Existe um lado sobrenatural, como o de valores que traçamos no post anterior, porém há um mais profundo, muitas como as profecias de Medjugorje (ainda não são aprovadas pela igreja católica) que fala de uma aparição de Maria como “rainha da paz” acontecem a 40 anos, desde a primeira aparição vista por 7 videntes, que falava da guerra, castigos e um novo tempo na história.

O importante é acreditar em forças além das humanas que possam ser mobilizadas incluindo a luta pela paz e pelo respeito aos povos e nações, todos os que defendem esta posição estão de alguma forma cooperando com o aspecto sobrenatural da defesa da paz e da convivência humana.

Neste caso é extremo, pois a própria civilização pode estar em jogo em caso de uma guerra nuclear, os limites começam a ser ultrapassados de um lado bombas até em maternidades e de outro uma russofobia que quer abolir até clássicos da literatura como Dostoievski que teve um curso gratuito cancelado na Itália, não podemos confundir crítica radical a atitudes ditatoriais como prática que são também autoritárias.

Para os cristãos o momento de revelação do aspecto sobrenatural de Jesus é no monte Tabor, onde ele para apresentar a sua realidade sobrenatural aos apóstolos escolhe três: Pedro, João e Tiago, a escolha em si já é interessante: Pedro apóstolo chamado a fundar Sua igreja, João o apóstolo que Jesus amava e Tiago chamado de apóstolo de menor, porém foi grande apóstolo.

Um episódio bíblico conhecido Jesus “Andando sobre a água” foi retratado no quadro de Ivan Konstantinovich Aivazovskii (1817-1900) nascido na Criméia, justamente uma região de conflitos.

Diz a leitura que ao chegarem ao Monte Tabor, enquanto orava (Lc 9,29-30): “seu rosto mudou de aparência e sua roupa ficou muito branca e brilhante. Eis que dois homens estavam conversando com Jesus: eram Moisés e Elias”, claro aos que creem, ali Jesus revela-se como Deus.

Não importa a crença, importa mais a ideia de uma humanidade capaz de viver a paz e viabilizar o processo civilizatório que nos afaste das injustiças, dos flagelos e do ódio.

 

A força moral e a bélica

10 mar

Aqueles que promovem o ódio e a intolerância, mesmo que além valores, apenas o veem como dependentes da capacidade humana, Mahatma Ghandi que venceu a dominação inglesa sem usar a força bélica e dizia: “A força não provém da capacidade física”.

Inspirou muitos pacifistas na década de 60, inclusive aqueles que eram contra a guerra do Vietnã, que não deixava de ser também uma guerra de invasores, no caso, americanos.

Os analistas militares estranham a capacidade de resistência da Ucrânia em meio a uma desvantagem enorme de poderio bélico com a Rússia, embora no jargão militar exista a ideia da “moral da tropa” ela está associada apenas ao campo de batalha e não a valores.

Para que exista uma força moral é preciso que ela exista também no campo espiritual, no caso de Ghandi era o hinduísmo que durante décadas inspirou e atraiu muitos no mundo ocidental, incluindo personalidades do mundo pop, como os Beatles.

Assim a degradação moral do mundo ocidental também é indiretamente responsável pela guerra e na sua lógica, que é também a lógica da OTAN somente a força bélica é vencedora e protetora de seus “valores”, porém estes estão em crise e não reconhecem.

A Ucrânia assim acabou recorrendo a seus vizinhos e a ameaça que eles também temem de invasão russa, que esconde um interesse expansionista, fêz surgir um terceiro bloco para ajudar a Ucrânia a defender seu território: Polônia, Lituânia, Estônia, Suécia, Finlândia e Canadá, países antes vistos como “pacifistas”.

Este bloco quebrou uma tradição de não uso de armas para auxiliar a defesa da Ucrânia, completa este bloco o Reino Unido, que é bom lembrar está fora da União Europeia, pelo Brexit, o que os atraia além do medo de serem os próximos alvos da Rússia é a defesa de valores além daqueles bélicos, que em última instância também defende a OTAN.

É verdade que oscilam entre o uso de armas e o pacifismo, porém percebem que não há como impedir os desejos expansionistas de Putin, cuja narrativa histórica começa a partir da formação da União Soviética, sem existir história pregressa, dos povos originários.

A lógica do ódio, seja o lado que esteja é em última análise a guerra, a do amor é a paz.

 

O poder e o servir aos povos e nações

09 mar

As guerras trazem o pior da humanidade, mas trazem o melhor também: a solidariedade, o desejo maior de viver em paz e respeitando direitos individuais, coletivos e culturais de todos os povos.

A lógica do poder quando é dominada por uma visão não humanista procura interesses pessoais ou de grupos, a ideia é apenas a de submeter o outro pela força e conquistar mais poder, não há o predomínio da ideia de liderar e servir as pessoas que mais precisam de ajuda, a sua nação e a toda humanidade por extensão e respeito.

A lógica é da força, e a lógica da força levada ao extremo leva a guerra, ao conflito pessoal, dos povos, das nações, das culturas e dos interesses pessoais apenas sem uma regra coletiva razoável.

Surgem também os verdadeiros líderes e as pessoas que realmente querem servir, não apenas pelo espírito generoso, mas pela coragem, pela determinação que só pode vir de valores humanos e sociais, há até quem pense na preservação do patrimônio cultural, nos animais enfim em tudo.

O princípio da autoderminação dos povos, no qual cada nação, grupo cultural ou religioso tem o direito de existir e a liberdade de poder exercer seus valores, é claro que fica fora não-valores de extermínio ou intolerância com princípios de outros grupos culturais, porque estes servem só ao poder e aos autocratas que os lideram.

Há gente que pensa em paz e solidariedade mesmo na guerra (foto soldado russo que não lutou recebe alimento e manda mensagem emocionado a parentes).

Alertamos em vários posts a crise civilizatória em curso, com a guerra alguns aspectos tornam-se claros, mas sem a iluminação da consciência individual é difícil perceber os caminhos pelos quais a lógica da guerra, da intolerância e da discriminação avança, cada um deve refletir sobre isto.

Não faltam pessoas e grupos que aderem a este tipo de pensamento e raciocínio, quando o poder se torna exacerbado fica mais claro, mas há estruturas de micropoder onde estes valores se manifestam.

Assim existem estruturas do ódio, da intolerância, e, em última análise da guerra, que põe em cheque a vida, os valores e até pode por a própria civilização me perigo, como armas nucleares.

 

Sem acordo e Kiev cercada

08 mar

A guerra segue horrenda e sem perspectiva de um cessar-fogo, a terceira rodada de conversa no dia de ontem não resultou nem mesmo num cessar fogo para o corredor humanitário que permitiria a saída de civis, em especial de regiões onde a luta está mais sangrenta.

A Rússia declarou uma série de ações hostis pela sanções adotadas que estrangulam sua economia, entre eles: EUA, Canadá e os 27 países da União Europeia, em ordem alfabética os outros países: Austrália, Albânia, Andorra, Reino Unido, Islândia, Japão, Liechtenstein, Macedônia do Norte, Micronésia, Mônaco, Montenegro, Nova Zelândia, Noruega, Coreia do Sul, San Marino, , Singapura, Suíça, Taiwan e Ucrânia.

O Brasil ficou fora, talvez pela fala do presidente explicando as razões da “neutralidade” no domingo, conseguiu unir direita, centro e esquerda: no mínimo um desconforto diplomático uma vez que grande parte do mundo já condenou e impõe sanções a Rússia, a própria China inclusive e ela teria mais razões que o Brasil para aderir: a ideológica.

Sem perspectiva de paz agora as atenções e tensões se voltam para Kiev, próximo a cidade há pequenas cidades e florestas como o Parque Nacional Zalíssia que apresentaram algumas formas de resistências, no entanto foram rechaçadas com denuncias de violações e crimes de guerra, não houve nenhuma negociação que permitisse a retirada de civis, assim muitos civis estão nas cidades.

O governo russo divulgou que há rotas de fuga permitidas, mas se trata de ir para Russia ou Bielorussia, com objetivo de fazer propaganda. 

Nas noites vem o toque de recolher e as pessoas vão para os abrigos antiaéreos improvisadores, tuneis de trem, porões de hotéis, edifícios e até igrejas (as criptas), são os refúgios costumeiros.

Seja qual for o final desta luta, o povo ucraniano e seu presidente ganharam respeito e admiração no mundo todo, enquanto Putin e a Rússia sairá como vilã, mesmo tendo ocorrido protestos pela paz, a posição de Putin é forte dentro da Rússia e há um rígido controle das mídias e da narrativa.

Kiev vive de esperança e de uma motivação para defender seu povo (na foto uma nuvem que parece um anjo fotografada pela moradora Oksana Kadiivska, do distrito de Darnitsa de Kiev).

Aos que tem alguma forma de crença resta a esperança de tempo melhor, também nas mentalidades, uma vez que o belicismo, a intolerância e a pouca empatia andam pelas ruas.

 

Covid: Média móvel de mortes cai e novas preocupações

07 mar

A média móvel de mortes por Covid vem caindo, mas devemos lembrar que chegou próximo a 100 quando voltou a subir com a Ômicron, embora menos letal o relaxamento nos protocolos e a alta infecção da variante propiciaram um novo aumento.

A queda é real, porém o perigo do relaxamento nos protocolos é porque o vírus circulando, lembre-se que há muitos casos de assintomáticos, a possibilidade de novas cepas pode voltar a agravar o quadro, a própria OMS alerta e vem monitorando para estar atenta a este alerta.

O número de casos por infecção também caiu para abaixo dos 40 mil novos casos, apesar da média móvel estar caindo, não está descartada nova Cepa do vírus, as variantes BA.2 que é chamada de furtiva ela só permite que seja detectado o resultado positivo ou negativo, com o teste PCR normal, sem distinguir as variantes.

A detecção e monitoramento das linhas é importante para verificar e prevenir novas variantes, até o momento as variantes da ômicron: BA.1, BA.2, BA.3 e B.1.1.529 segundo dados da OMS são as dominantes em 99% dos casos atualmente.

Há tempos os cientistas alertam que quanto mais o vírus circular, maiores as chances de mutações, porém a ômicron menos letal não está sendo considerada neste caso, e isto é uma preocupação, além de aumentar a cobertura vacinal global (reduz a circulação do vírus) também os protocolos são responsáveis por frear a circulação do vírus, pois esta cepa também pode estar entre vacinados.

E preciso frear a circulação ou pode-se ter surpresa em novas mutações do vírus.

 

As três tentações e os três flagelos

04 mar

Há uma forte ligação entre os 3 flagelos viciosos da humanidade: fome, guerra e peste, e as três grandes tentações de Cristo no deserto: alimentação (Jesus no deserto foi alimentado por anjos), poder e desprezo pelas coisas divinas que podem nos limitar moral e civilizadamente.

Ontem a conversa do presidente da França com Putin, este afirmou: “o pior ainda está por vir”, as terras da Ucrânia são férteis e são grandes produtoras de alimentos e a Rússia de fertilizantes.

Iniciamos na quarta-feira a Quaresma e talvez a grande provação do homem, dizem as leituras bíblicas sobre as tentações de Cristo no deserto (Lc 4,1-13) (veja o quadro do russo Ivan Kramskoi, sec. XIX):  

O diabo disse, então, a Jesus: “Se és Filho de Deus, manda que esta pedra se mude em pão”.  Jesus respondeu: “A Escritura diz: ‘Não só de pão vive o homem’”

E (depois) lhe disse: e lhe disse: “Eu te darei todo este poder e toda a sua glória, porque tudo isto foi entregue a mim e posso dá-lo a quem quiser. Portanto, se te prostrares diante de mim em adoração, tudo isso será teu”.

Jesus respondeu: “A Escritura diz: ‘Adorarás o Senhor teu Deus, e só a ele servirás’”.

E o desprezo pelo poder do mal e não aceitar a Deus: Depois o diabo levou Jesus a Jerusalém, colocou-o sobre a parte mais alta do Templo e lhe disse: “Se és Filho de Deus, atira-te daqui abaixo!  Porque a Escritura diz: ‘Deus ordenará aos seus anjos a teu respeito, que te guardem com cuidado!’ E mais ainda: ‘Eles te levarão nas mãos, para que não tropeces em alguma pedra’”.

Jesus, porém, respondeu: “A Escritura diz: ‘Não tentarás o Senhor teu Deus’”.

Isto deve servir em primeiro lugar para os religiosos: não se colocarem no lugar de Deus e depois para toda a humanidade evitar o mal é distribuir o pão, renunciar ao poder humano e ao domínio mantendo o respeito ao Outro e respeitar as regras sanitárias para evitar que a peste se alastre.

Não conseguimos (como humanidade) romper com nenhum destas tentações, mas há esperança.