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Eclipses do processo civilizatório
A harmonia entre os povos, a aceitação e tolerância das diferenças, o diálogo e a diplomacia sobre questões em conflito parecem estar mais longe do que nunca, como um eclipse anular, obscurece a luz e deixa passar somente um anel de fogo, e como são diversos pontos de fontes de Luz, também existem regiões de penumbras que ficam confusas parecendo uma noite.
Diversas pesquisas apontam que isto acontecem com os pássaros diante de um eclipse, veem que está escurecendo e se comportam como no anoitecer, diminuem as atividades, se recolhem e chegam quase a dormir, como o eclipse é rápido depois voltam as atividades normais.
Assim são processos civilizatórios, há períodos de obscuridade e parecem que poderão ser uma noite interminável, porém passado este momento vendo o equívoco do “sono” durante a penumbra, redescobrem a vida e voltam as atividades normais, no caso humano com uma nova perspectiva de paz e tolerância, claro deixa marcas sempre terríveis: mortes inocentes, destruição e miséria.
Podíamos ter preparado uma festa, o concerto e a harmonia entre os povos, não faltaram educadores, profetas e futuristas que tentaram desenhar este cenário, mas os homens têm sempre o livre arbítrio, no nosso caso, podemos escolher entre o eclipse e a penumbra e o dia.
Eclipse porque seja pelas forças naturais ou seja por intervenção divina, os que creem desejam e esperam este dia, ainda que pereça milhões de inocentes, o desejo de triunfo do bem, do bom senso e da paz entre os homens é sempre um caminho irreversível, ainda que sofram.
Há uma parábola bíblica que desenha bem este cenário, um homem preparava uma festa e como os convidados não vinham (escolheram outros caminhos), ele mandou buscar homens na rua, mas entre eles também havia um com trajes inadequados (atitudes anti festa) e pediu que fosse retirado, diz a leitura (Mateus 22, 10-12):
“então os empregados saíram pelos caminhos e reuniram todos os que encontraram, maus e bons. E a sala de festa ficou cheia de convidados. Quando o rei entrou para veros convidados, observou aí um homem que não estava usando traje de festa e perguntou-lhe: ´Amigo, como entraste aqui sem o traje de festa?’ Mas o homem nada respondeu” e o rei pediu que o retirassem.
O processo civilizatório é assim, quem vencerá uma situação de conflito, todos perderão e ao final aqueles que estavam a margem do processo de conflito prepararão um novo caminho.
Walter, Jennifer. Lunar eclipses have one weird effect on birds. Inverse. 17 de março de 2022, Disponível em: https://www.inverse.com/science/lunar-eclipse-bird-flight
Eclipse, sombra e penumbra
Vimos aspectos históricos e místicos do Eclipse anular, agora nos fixemos só no fenômeno.
O Eclipse é um fenômeno natural que ocorre quando um corpo está dentro de uma região de sombra provocada por outro corpo que possui luz suficiente para reduzir a luminosidade, no caso do eclipse solar, o Sol é o astro luminoso e a Lua se posiciona entre o Sol e a Terra, produzindo uma sombra sobre a Terra.
Para que a Lua projete uma sombra sobre a Terra ela deve estar na fase de Lua Nova, que é quando ela está entre o Sol e a Terra e possui um leve semi-arco em uma de suas bordas.
Para entender melhor como ocorrem os eclipses, precisamos conhecer os conceitos de sombra e de penumbra.
A sombra é quando a partir de uma fonte pontual de luz (ou seja, suas dimensões podem ser desprezadas como se fosse um único ponto) ela se projeta sobre um objeto intermediário menor que produzirá uma sombra sobre o objeto maior, esta sombra também pode ser chamada de umbra.
Já a penumbra existe uma fonte extensa de luz, que deve ser levada em conta quando a fonte de luz é muito grande ou está próxima do objeto, no caso do Sol ele é suficientemente grande para produzir, a partir da luz sobre a Lua, uma sombra e uma penumbra sobre a Terra (figura).
Assim os raios de luz não saem de um único ponto, devido as dimensões do Sol, mas de diversos pontos, assim haverá uma região em que produz uma sombra, mas outras com iluminações parciais que produzem alguns tons de penumbra.
Eclipse, a Teoria da Relatividade e Sobral
Além de fatores místicos e históricos, a eclipse auxiliou o desenvolvimento tanto da física como da astronomia, há uma relação curiosa entre um eclipse, a Teoria da Relatividade e a cidade brasileira do Estado do Ceará: Sobral.
No dia 29 de maio de 1919 o céu sobre a cidade de Sobral, cidade do interior do Ceará amanheceu nublado (foto feita pelo Observatório Nacional em 1919) e o esforço da comitiva de astrônomos que foi até lá para observar o eclipse e provar as ideias revolucionárias de Albert Einstein seriam em vão.
Felizmente as nove horas da manhã abriu-se um espaço entre as nuvens e foi possível fazer as observações desejadas.
As ideias de Einstein era que haveria uma distorção nas dimensões espaço-tempo e que esta estaria ligada a proximidade dos corpos massivos, assim enunciada:
“A trajetória da luz pode ser distorcida se tiver um corpo massivo distorcendo o espaço-tempo na trajetória dela, com isso parece que a fonte que emitiu aquela luz está numa posição diferente.”
Com equipamentos sensíveis, foi possível fazer esta comparação nas posições durante o eclipse e após ele, o que ocorreu em maio de 1919, já em dezembro depois de meses estudando as observações foi anunciado que a teoria de Einstein estava correta, e este é um fato que tornou ultrapassada a teoria de espaço e tempo absolutos.
A observação se deu graças a intensa colaboração entre o Brasil e a Inglaterra, nela estava o célebre astrônomo inglês Arthur Eddington, da Royal Astronomical Society e o brasileiro Henrique Morize, então diretor do observatório Nacional (ON) e Sobral foi escolhida por apresentar melhor visibilidade do eclipse.
Cem anos após o evento, no ano de 2019 foi comemorada a parceria Brasil-Reino Unido em Ciência e Inovação, a física brasileira Anelise Pacheco, diretora do MAST (Museu de Astronomia e Ciências Afins) declarou na época: “Sem cooperação, inexiste ciência”, isto também vale para os dias de hoje.
Eclipse anular: dados históricos e místicos
Dia 14 de outubro deverá acontecer um eclipse anular, aquele que a lua deixa um pequeno anel com luz do sul e se estabelece no centro do astro rei, e que tem dados históricos e místicos curiosos.
O primeiro eclipse narrado historicamente, por Heródoto, descreve a batalha dos Medos e Lídios (590-585 a.C.) que terminou com um acordo após terem percebido que o dia virou noite e na compreensão deles as trevas deviam cessar pela paz, Heródoto descreve-a assim:
“No sexto ano da guerra, travou-se uma batalha e, quando a luta tinha começado, de repente, o dia se transformou em noite. (…) Os Lídios e os Medos, quando viram que a noite substituíra o dia, cessaram sua luta, ansiosos de que a paz se estabelecesse entre eles.” Heródoto (1.74).
Antes de cálculos da data do eclipse acreditava-se que a batalha teria sido travada em 30 de setembro de 610 a.C. (de acordo com o dicionário dos gregos e Romanos de William Smith), porém os cálculos astronômicos modernos estabeleceram a data de 28 de maio de 585 a.C.
O segundo dado foi estabelecido com ajuda da leitura bíblica das batalhas em Israel de Ajailon e Gibeão, que ajudaram, segundo a BBC, a revelar a data de um eclipse ainda mais antigo, no tempo da retomada de Israel pelos judeus que retornavam do exílio egípcio, a leitura que ajudou a revelar esta data, conhecida também como oração de Josué é esta (Josué 10:12-14): “Sol, detém-se sobre Gibeão, e tu, Lua, sobre o Vale de Aijalom”.
A reportagem da BBC o físico Colin Humphreys, diretor de pesquisas da Universidade de Cambridge na Inglaterra, e o astrofísico Graeme Waddington usando esta passagem calcularam a data do eclipse anular e encontraram o dia 30 de outubro de 1207 a.C.
A reportagem cita ainda que a primeira pessoa a sugerir tal data foi o linguista Robert Wilson (1918) e que sugere até uma releitura do texto bíblico:
‘Eclipse, ó Sol, em Gibeão,
E a Lua no Vale de Aijalom´.
Já que hoje sabemos que haverá uma faixa onde o eclipse é total (imagem) e faixas ao lado onde o eclipse dá uma sombra parcial.
Heródoto, Histórias, Livro I, Clio, 74.
Enxergando longe e cegando perto
Recentemente observatório especial James Webb enxergou a galáxia mais distante que o homem já pode observar, a galáxia chamada JADES-GS-Z13-0 (foto) está aproximadamente a 320 milhões de anos de anos do Big Bang, o que para nós é uma medida grande, para um universo de 13,5 bilhões de anos significa relativamente alguns segundo após o Big Bang (uma das teorias da formação do universo).
Por outro lado, assistimos a um mundo cada vez mais instável, mais injusto, impiedoso e perigoso, e com um perigo nuclear catastrófico próximo, parece que boa parte da humanidade trata como se tudo fosse uma normalidade, pouco se importando com o destino do planeta e do processo civilizatório que não está estagnado, mas regredindo em passos assustadores.
A estranheza desta descoberta do universo está ao mesmo tempo em que encontramos quantidades de Carbono e Oxigênio nestes corpos, o mesmo James Web descobriu um pouco depois que mais seis galáxias (Jades foi descoberta com outras três “perto”), que eram muito massivas onde se esperava no início do Universo corpos menores do que foram encontrados lá.
A descoberta mostrou que eles têm massas de aproximadamente 100 milhões de massas solares, enquanto o normal seria para galáxias mais jovens massas menores, a nossa Via Láctea por exemplo mais “velha” tem uma massa de 1,5 trilhão de massas solares.
Além disso é um berçário de estrelas, cerca de três sóis nascem lá todos anos, e suas massas são pobres em metais de substâncias químicas mais pesadas que o hélio e hidrogênio (lembremos que eles estão no topo da tabela periódica química a direita e a esquerda).
Se isto devolve a humildade ao conhecimento que temos do universo, o mesmo não acontece com cientistas sociais, antropólogos e paleontólogos, que quanto mais descobrem sobre a nossa origem no planeta, por exemplo que neandertais e o homo sapiens conviveram e até se cruzaram criando uma humanidade diversa, pouco tolerantes estamos com raças e culturas.
E a intolerância significa menos paz, mais perigos e agora não temos pedras, machados e arcos, temos armas nucleares e perigosas usinas atômicas que estão sujeitas não só aos limites humanos, mas também aos naturais e geológicos.
A geosfera e biosfera dependem hoje como nunca antes na história da noosfera e daquilo que cultivamos como cultura civilizatória e como visão das outras culturas e raças.
Cosmogonia, cosmológica e escatologia
Já desenvolvemos aqui a ideia de Kosmos na filosofia grega, que é um tempo que designa todo universo em seu conjunto, mas é também “ordem”, “beleza” e “harmonia” para os gregos, agora com potentes telescópios como o Hubble e o James Webb sabemos que há também um caos e uma desarmonia no universo, mas fica a pergunta mais profunda: como tudo começou?
Cosmogonias são um corpo de doutrinas, desde princípios religiosos e míticos até os científicos que procuram explicar a ordem e o princípio do universo em sua cosmogênese.
Na medida que o homem tornou-se mais sedentário procurou adaptar-se melhor a natureza para satisfazer as necessidades dos animais e plantas, precisando por isto olhar para o céu e entender as estações do ano para controlar melhor as plantações e pastagens para os animais.
Praticamente todas as civilizações (ou era civilizatórias) elaboraram suas cosmogonias, por exemplo, na civilização ocidental o modelo geocêntrico de Ptolomeu (a terra é o centro), passou para o modelo copernicano (o modelo heliocêntrico), agora com a potência do James Webb estamos olhando para as primeiras galáxias e isto é possível por que a luz que chega até nós já viajou vários anos luz, então estamos vendo uma imagem do passado.
Assim nossa visão da cosmogênese vai aos poucos se modificando, no momento por exemplo, o telescópio que trabalha com um espectro diferente da luz, o infravermelho, conseguiu avistar uma galáxia de 400 milhões de anos depois do big bang (se esta teoria estiver certa), o que significa 13,5 bilhões de anos atrás (foto), ou seja, estamos vendo quase nossa cosmogênese.
A cosmologia então se encontra cada vez mais próxima da cosmogênese e isto significaria uma visão das duas, mas ainda faltam as questões essenciais: de onde viemos e para onde vamos?
Falta assim uma visão escatológica, principio e fim, e uma questão já é certa, embora o planeta possa entrar em colapso e com ele nossa civilização, por ação de um cataclismo externo ou uma destruição de artefatos humanos: uma guerra, o próprio perigo de tantas usinas nucleares no planeta, lembremos o incidente de Fukushima em 2011 e Chernobyl, o planeta tem hoje 440 ativas e 23 em construção, além do arsenal militar em diversos países.
Em meio ao vento tempestuoso de nosso tempo, a cosmogonia cristã se ampara e espera na presença divina daquela leitura que diz (Mt 8,27): “Quem é este homem, que até os ventos e o mar lhe obedecem?” quando os apóstolos o acordam na barca por causa do tempo e oceano bravio.
A questão da consciência do Ser
Graças a novo e surpreendente avanço das máquinas de inteligência profunda (deep learning) a questão da consciência, que já era pensada na filosofia, agora espalha-se por todas áreas do pensamento, e o que tratamos nos posts anteriores tratam disto também.
Agora trata-se de decidir se é possível pensar a consciência apenas como algo lógico e instrumental, então a máquina através de algoritmos profundos e elaborados em diálogo com humanos poderia alcançar este patamar, se algo além, que reformulamos na categoria para-si, então temos que pensar numa consciência do universo e ela não pode ser uma coisa, mas um Ser.
Porque há algo e não o nada é uma questão levantada desde Leibniz, que a resolve através da mônada, e Deus é (seria) a “Mônada das mônadas” (a frase é de Hegel, sic!), depois o universo foi colocando em movimento, depois num espaço-tempo quântico, o Big Bang, e agora o telescópio James Webb capta uma imagem que seria de uma possível origem do universo, com muitas galáxias, algo está errado.
Em artigo publicado na revista Nature em 22 de fevereiro, “A population of red candidate massiva galaxies 600 Myr after Big Bang”(Labbé at all, 2023) (Myr, milhões de anos luz) indica que próximo ao big bang já haveriam galáxias massivas e não as primeiras formações das nebulosas, por exemplo (ver nosso post), então será que já havia um universo em formação deste o início ?
Independente disto permanece a questão: quem o que ou que mistério envio o início de tudo.
Assim como não se pode falar da ética sem a metafísica, ela não é algo substancial e sim espiritual, também não se pode falar da consciência apenas como algo natural, baseada na experiência.
Partindo da fenomenologia husserliana, o seu discípulo Heidegger elaborou a consciência assim: fenomenologia (experiência) da consciência não é um caminho que se encontra ante a consciência natural e que a conduz em direção do absoluto, como um itinerarium mentis in deum (HEIDEGGER, 2007, p. 169), antes é o curso que segue o próprio absoluto no caminho à verdade do seu aparecer completo. (HEIDEGGER, 2007, p. 169)
Mas Heidegger segue como em todo o edifício moderno, tem a questão do saber como pilar da consciência natural, não admite uma consciência revelada transcendente (para-si), sendo assim um saber que ainda não realizou em si toda a verdade (HEIDEGGER, 2007, p. 169).
Assim trata-se de negar a verdade revelada como verdade, embora sua consciência permaneça ligada ao Ser (é ontológica como seu pensamento), não há possibilidade um puro Ser primordial, um Ser-para-si, onisciente e onipotente, então ficamos olhando para a imagem do telescópio.
Há uma para-si transcendente que envolve esta questão, e assim uma consciência que se projeta além até mesmo do início do universo, e que ao mesmo tempo é presente em cada ser-em-si.
HEIDEGGER, Martin. Hegel. Traducción de Dina V. Picotti C. Buenos Aires: Prometeo Libros, 2007.
Mudanças na terra e no céu
Pouco se analisa as grandes mudanças sociais na história da terra e na vida humana, a terra veio muito antes da vida humana, também representaram a visão do homem sobre o universo e seus mistérios, e assim há uma correspondência entre mudanças terrenas e sua correspondente cosmogonia, se isto é só uma coincidência ou uma providência divina depende da própria cosmovisão, mas ela se alterou é certo.
Assim a visão d cosmos no início da Antiguidade Clássica é tão evidente quanto o nascimento da polis grega e suas consequenciais para o mundo moderno, Aristarco de Samos (310 a.C. — 230 a.C.) chegou a calcular o raio da Terra muito antes da circo navegação (Fernão de Magalhães 1512), e também no final da Idade média a Ideia do Geocentrismo ptolomaico cedeu ao heliocentrismo copernicano e a mudança do feudalismo para o liberalismo moderno pode ser vinculada a esta mudança de visão astronômica.
Em tempos atuais inicialmente o Hubble e agora o James Webb tem feito o homem olhar para os confins do universo e já se inicia até mesmo uma mudança na modernidade teoria da relatividade, os buracos negros e os caminhos de minhoca (hormholes) mostram um universo em maior mutação do que esperávamos, nascem e morrem milhares de galáxias por todo universo e nosso sistema é apenas um grão de areia.
Talvez a grande revolução seja a mudança da concepção de tempo, podemos olhar para o nascimento do Universo (veja nosso post sobre o locus divino) que pode não ser chamado de eternidade, porém é mais do que simples dimensão absoluta de tempo e espaço, e talvez seja mais do que a dimensão espaço-temporal de Einstein.
No caminho bíblico Adão e Eva surgem num momento em que o homem já é sedentário e não mais nômade, já que Caim era lavrador da terra e Abel pastor de ovelhas, quem sabe a morte de Caim foi o primeiro conflito de terra da humanidade, o certo é que este fato está vinculado a uma visão de mundo nova sedentária, assim como Noé corresponderá a um dilúvio, ou quem sabe uma simples inundação ocorrida na península arábica, já que ela fica abaixo do Negro, onde observamos o estreito bósforo, caminho de mar entre o Mar Negro e o Mar Mediterrâneo.
Assim o tempo de Noé pode ter significado uma mudança geográfica pelo menos naquela região do planeta que implicou na transformação ocorrida mais abaixo entre os rios Tigre e Eufrates, berço da civilização árabe, e se não há registro histórico de Noé, há de sua descendência: os semitas, de seu filho Sem, que povoara a região.
Assim ao falar das transformações que passariam céus e terras, a leitura bíblica de Lucas (Lc 24,37-39): “A vinda do Filho do Homem será como no tempo de Noé. Pois nos dias, antes do dilúvio, todos corriam e bebiam, casavam-se e davam-se em casamento, até o dia em que Noé entrou na arca. E eles nada perceberam, até que veio o dilúvio e arrastou a todos. Assim acontecerá na vida do Filho do Homem”, a segunda vinda chamada de Parusia.
A grande crise civilizatória não deverá ser assim apenas uma mudança de estrutura social, mas ela certamente acompanhará uma mudança física no planeta, já que suas forças ambientais estão se esgotando.
Qual é o locus divino
Claro o locus divino é anti espacial e temporal, mesmo a física quântica moderna desenvolveu a teoria da dimensão espaço temporal como única dimensão e onde há dobras no tempo, mas é provável que a física ainda fará descobertas maiores que os caminhos de minhoca (wormholes), dimensões de viagem aceleradas no espaço e mudará nossa visão cósmica do espaço.
As últimas descobertas do James Webb, o telescópico que olha para a origem da criação, já enxerga naquilo que os astrônomos chamam de pilares da criação, as novas imagens (19/10) mostram formações que parecem rochas, mas que são nuvens de gás e poeira de dimensões astronômicas, onde se formas estrelas e corpos celestes, numa espécie de berçário.
A nova imagem, com uso do recurso do infravermelho do James Webb [e possível observar melhor a poeira nesta região de formação das estrelas (Imagem da NASA acima), melhorando a imagem a esquerda de 2014 do telescópio Hubble, sendo a da direita a imagem do James Webb.
No plano da cosmovisão escatológica, aquela que estuda o início e fim da humanidade, é possível imaginar que através de uma “dobra do tempo”, ainda estamos presos a física de Einstein, esta nuvem se forma e dá início a um desenvolvimento de estrelas, supernovas e galáxias no universo.
O plano divino é ainda mais amplo, desde o tempo de Jesus os homens queria sabem em que tempo o “reino de Deus” se formaria, uma dimensão terrena em que nossa condição humana seria elevada a um nível de felicidade e prosperidade que alcançasse a todos, “onde jorra leite e mel”, porém a resposta do mestre agradava pouco os que queriam algo mais palpável.
Diz a leitura em João 1,20-21 eles queriam saber o momento deste “reino” e Jesus respondeu: “o Reino de Deus não vem ostensivamente, Nem se poderá dizer ‘está aqui ou ´está ali, porque o Reino de Deus está entre vós”, quer dizer deve se realizar entre os homens, então ainda irá haver muitas mudanças na dimensão humana e terrena até este estágio.
E a passagem diz claramente que antes disto o filho do homem (Jesus que é uma presença de Deus entre nós dita acima), deverá ser rejeitado e sofrerá muito.
Assim é preciso encontrar espaços de solidariedade e fraternidade entre os homens onde estas sementes de vida plena se desenvolvam, os homens se entendam e olhem com amor para o seu semelhante, sem desprezo ou exclusão.
Assim este reino está próximo onde há Amor e fraternidade e longe onde há cobiça e exclusão.
Sabedoria e erros humanos
A sabedoria não é aquilo que faça o homem jamais errar, mas a que possibilita em função dos erros corrigir a rota, mudar de rumo e continuar o processo de ascese verdadeiro e humano.
A grande teoria científica de nosso tempo, tanto para Karl Popper como para Thomas Kuhn, dois grandes filósofos da ciência, é a possibilidade que sempre haja uma correção de rota nos métodos e teorias científicas de modo que o homem conheça mais a si mesma e a natureza que o envolve.
A física quântica por exemplo, tem um início na enunciação do princípio da incerteza de Heisenberg, que afirmava que não era possível saber exatamente qual era a posição das partículas de um átomo com exatidão, Planck que não concordava, é dele a afirmação “não concordo que Deus jogue dados”, foi para laboratório para comprovar este princípio.
A NASA (na foto o choque da nave se chocando com Dimorphos) acaba de fazer um feito científico que é atingir um satélite de um pequeno meteoro, que não representa nenhum perigo de colisão com a Terra, apenas para provar que é possível mudar de rota algum corpo celeste, e com isto no caso de haver perigo para Terra, muda-lo de rota.
O projeto DART é um teste para uma possível missão futura de desviar um asteroide de colisão com a terra, para dimensões cósmicas o Dimorphos é pequeno (160 m) e orbita um outro asteroide maior (780 m) chamado Didymos e formam um sistema binário, a nave que o atingiu estava a 22;015 km/h e a imagem vista de um telescópico no Havaí na noite de segunda feira (26/09, veja abaixo) mostra que o impacto produziu muitos fragmentos, o desvio de rota, entretanto é pequeno.
Mudar de rota é sábio, quando se admite o erro, mas exige dois passos: admitir o erro e depois ter a humildade de mudar de rota.
Imagem do twitter do projeto Atlas no telescópio do Havai:
ATLAS observations of the DART spacecraft impact at Didymos! pic.twitter.com/26IKwB9VSo
— ATLAS Project (@fallingstarIfA) September 27, 2022