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Posts Tagged ‘pandemia’

A mansidão e o poder

02 nov

A mansidão é uma virtude fundamental para resolver conflitos, estabelecer novos espaços de diálogos onde ele se encerrou e abrir novos horizontes onde eles parecem impossíveis.

João Calvino tem uma frase muito nobre: “Será inútil ensinar a mansidão, a menos que tenhamos iniciado com a humildade”, de fato a grande razão para parecer que alguns estão certos e que outros não tem razão nenhuma parte muitas vezes da soberba de um dos lados (o oposto a humildade) e nestes parâmetros nenhuma dialogia será possível, ou aquilo que preferimos nenhum “novo horizonte” será traçado que estabeleça um ponto futuro onde pontos conflitantes poderão entrar em um processo de convergência.

A polarização é inevitável pode ser os argumentos de alguns, sim se chegando a determinado ponto de conflito isto é válido, mas devemos saber que a saída de fato de um conflito terá que ter em algum momento a bandeira de paz e ela não pode ser a bandeira da submissão dos vencidos, a pax romana, depois que Roma conquista seus territórios, ela é a submissão a conceito autoritário e que em determinado ponto retornará a guerra.

É verdade que o poder é sempre assimétrico, mas ele exercido com mansidão leva ao diálogo.

A polarização é lógica pode ser o argumento para justificá-la, lembro, porém, que a lógica difusa, a lógica paraconsistente e outras lógicas não são binárias, sim ou não, e que nunca há somente dois lados, esta é uma posição idealista que induz a dualidade, pode haver múltiplos lados, por isto a lógica realmente justa admite uma terceira hipótese.

Estes nunca serão vencedores e estarão sempre a beira do caminho pode ser outro pensamento, por mais paradoxal que possa parecer o ensinamento divino, em muitas religiões, é que a mansidão e a humildade levam as pessoas para o alto, uma das bem-aventuranças bíblicas diz (Mt 5, 5): “Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra” e então onde está o poder deles, na conquista através de valores perenes só pode levar a plenitude e a própria perenidade, o problema é ceder a valores ardilosos e injustos.

A construção de uma realidade perene, um tempo de paz e justiça, no momento que começamos a sair de uma pandemia é fundamental, ainda que pareça distante.

 

O vírus em queda, como novas preocupações

01 nov

O número de casos na Rússia que se manteve em alta, novos casos surgindo na China atribuídos a variante Delta, segundo dados da própria comissão Nacional de Saúde do país, acusavam 32 casos na Mongólia interior, no norte do país e que já se espalhou por 11 províncias, foram confirmados casos nas províncias de Guizhou no Sul, Shandong no Leste e em Gansu próxima da Mongólia Interior, três casos em Pequim e dois em Yinshou, na região autônoma Ningxia Hui.

No Brasil a média móvel das mortes segue em queda, agora na faixa de 260 mortes, com 75% já tendo tomado a primeira dose, e 55% as doses necessárias, pode-se prever um Natal e um fim de ano mais brando da Pandemia no país, muitos eventos coletivos já estão liberados, jogos com 100% da torcida e festas e shows públicos.

A preocupação agora se volta para os problemas sociais decorrentes da pandemia, desemprego, empobrecimento e alta nos preços.  Mesmo que venham alguns socorros sociais, eles serão insuficientes para conter o alargamento da crise.

O fechamento de escritórios nos centros, o uso obrigatório de máscaras e as restrições impostas a restaurantes transformaram as paisagens em cidades de todo o mundo, e provavelmente deverão se manter a longo prazo, como repensar o espaço urbano, o que fazer com prédios de escritórios, loja e restaurantes fechados nos centros das cidades, as smarts cities apontavam caminhos com uma tendência, aparentemente só eletrônica, agora ela parece inevitável, em Singapura até mesmo o policiamento é feito por robôs (foto).

Os imensos espaços vazios devem ser preservados e cuidados, sem robôs o custo fica elevado para pouca população, então em muitas cidades ou ficarão centros abandonados ou deverão desenvolver formas de manutenção e policiamento mais informatizadas, além das câmeras já existentes.

É provável que um número razoável de pessoas volte a rotina de aglomerações em grandes centros, mas há uma tendência de ir para cidades menores ou sair dos centros urbanos e trabalhar home office.

 

O meio divino e o fenômeno humano

28 out

A cosmovisão de Chardin sobre o fenômeno humano vai desde a cosmogênese, a origem o universo e da vida até complexificação da natureza e o lugar do homem nela, o que a pandemia demonstra que esta complexificação cresce e mesmo a ciência tem limites para lidar com ela, porém esta pandemia pode trazer novos horizontes, quando o pensar e o clarificar precisa da ciência.
Entre suas várias obras, Teilhard Chardin faz um percurso singular entre O meio divino, escrito entre novembro de 1926 e março de 1927 e o Fenômeno Humano, escrito entre julho de 1938 e junho de 1940, que formam um “todo inseparável” diz também a edição que tenho do Editorial Presença de Lisboa, Portugal.
Singular porque transita do divino ao humano, como atestam os próprios nomes das obras, sem deslizes ou arroubos, mostra-nos a “necessidade da compenetração entre a ciência e religião igualmente afirmada por Einstein”, expressão de Helmut de Terra, amigo e admirador de Chardin.
Chardin inicia o meio divino percebendo “a confusão do pensamento religioso no nosso tempo” (pag. 41) e atesta que o homem de nosso tempo “vive com a consciência explícita de ser um átomo ou um cidadão do Universo” (idem).
A atualidade do texto é porque afirma o autor afirma no início de seu livro algo que tem muito a ver com nossos dias, um despertar coletivo que um belo dia “faz tomar cada indivíduo consciência das verdadeiras dimensões da vida, provoca necessariamente na massa humana um profundo choque religioso, quer para abater quer para exaltar” (ibidem).
Isto acontece porque o mundo é demasiado “belo: é a ele e só a ele que devem adorar” (pag. 42).
O que é então o “meio divino”, o mundo (no nosso caso exploramos as cosmovisões do universo) não será cada vez mais fascinante e não estaria e seria ele a “eclipsar o nosso Deus” (idem), e existe uma conexão, na visão de parte do cristianismo, entre a Deus e a matéria, a eucaristia, ela e só ela pode criar um verdadeiro sentido de nos religar ao divino, “eis o meu corpo e meu sangue” disse Jesus, e quem comer terá acesso a vida eterna.
Afirma Chardin “a tensão lentamente acumulada entre a Humanidade e Deus atingirá os limites fixados pelas possibilidades do Mundo, e então será o fim” (pag. 177) “… que devemos esperar não como uma catástrofe mas como uma ´saída´ para o mundo para a qual devemos colaborar com todas as nossas forças cristãs sem receio do mundo, porque os seus encantamentos já não poderiam prejudicar aqueles para quem ele se tornou, para além dele mesmo, o Corpo d´Aquele que é e d´Aquele que vem”.

CHARDIN, Teilhard. O meio divino: ensio sobre a vida interior. Lisboa: Editorial Presença, s/d.

 

Em queda, mas a pandemia não acabou

25 out

Citamos na semana passada a preocupação com casos em evolução em alguns países como a Rússia e Inglaterra, onde uma variante do vírus está sendo estudada com preocupação, também os países mais pobres tem recebido menos vacinas que as prometidas por doação, e já entendemos que a Pandemia é global, isto é, há uma influencia de regiões menos vacinadas em outras que mantém um alto nível de imunidade, politicas para o futuras pandemias já levam estes fatores em consideração.

Alguns países continuam com alto nível de mortes, apesar da vacinação, nos EUA em torno de 1700 mortes diárias na última semana, no resto mundo está em queda, porém com a presença de mortes, no gráfico acima com registro de mortes do dia 23/10 (sábado) em número absoluto de mortes, o Brasil, seguido da Índia, do México e depois a Rússia.

A grande preocupação da OMS é com relação as promessas de doações de vacinas aos países mais pobres que não estão sendo cumpridas. a notícia não é deste blog, mas da própria OMS, pois ela tem se posicionado contra a terceira dose, pois de acordo com a reportagem The People´s Vaccine feita na BBC, uma aliança de instituição de caridade divulgou que apenas uma de cada sete doses prometidas de vacinas por empresas e países ricos, chegou de fato às nações mais pobres.

Na reportagem, na entrevista de Bruce Aylward ele afirmou: “Nós realmente precisamos acelerar ou sabe o que vai acontecer?  Esta pandemia vai durar mais um ano do que precisa” alertou, e isto se deve ao fato que mesmo com medidas de isolamento estamos sempre conectados, e qualquer comunicação (não só de pessoas, mas de produtos e de qualquer material biológico como frutas e víveres) pode ser transmissores em condições específicas

No Brasil o número de doses da vacina está chegando um reforço na campanha de vacinação contra a Covid 19, um lote de 1,7 milhões de vacinas Pfizer/BioNTech chegou na sexta (22/10) feita e outras iguais quantidades já haviam chegado totalizando um total de quase 5 milhões de vacinas.

Também os insumos para a AstraZeneca foram recebidos pela FioCruz que produz a vacina no país, o desembarque do Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA) chegou para a produção de 5,6 milhões de doses com desembarque previsto para as 5h50 da manhã de domingo.

A vacinação em primeira dose chega próximo a 153 milhões de doses, enquanto a segunda dose (ou dose única) chegou a pouco acima de 109 milhões de vacinados, a média móvel de mortes está pouco acima das 300 mortes diárias, com uma tendência de queda podemos supor que estaremos abaixo de 100 mortes diárias no início de dezembro.

 

A cultura de massa e sua crítica

21 out

No livro de Morin “A cultura de massa do século XX”, é colocado que há uma zona “onde a distinção entre a cultura e a cultura de massa se tornaQuadro retratando os rastros da epidemia - Wikimedia Commonspuramente formal: A Condição Humana, a Náusea ou A peste entram na cultura de massa sem deixar, contudo, a cultura cultivada” (Morin, 1997, p. 53) e o livro de Camus é interessante pela coincidência com a questão da Pandemia atual, e interessante que não tenha entrado nas análises do aspecto cultural do momento.

postamos no blog em outro momento sobre o livro de Camus “O Mito de Sísifo” e outro sobre o romance de José Saramago “Ensaio sobre a cegueira” (1995), embora muito lido em alguns países da Europa em meio a pandemia, sua análise não entrou nos círculos da “alta narrativa” cultural, ou a cultura cultivada, que tentamos explicar em algumas postagens nesta semana.

Escrito em 1947, pelo fraco-argelino Alberto Camus, importante sua origem, porque sua crônica parte de uma análise de uma epidemia que ocorreu na cidade argelina de Orã, em algum ano da década de 1940, período que Camus trabalhava clandestinamente no jornal clandestino “Combat!” onde escreveu textos engajados contra o nazismo, entre eles pode -se destacar “Cartas a um amigo alemão” (1945).

O livro trata do absurdo da existência, quando em meio a uma epidemia faltam o amor e a solidariedade humana, cujos sentimentos podem ser sintetizados onde escreveu: “Havia sentimentos comuns, como a separação ou o medo, mas continuavam a colocar me primeiro plano as preocupações pessoais. Ninguém aceitara ainda verdadeiramente a doença”.

Outro trecho que pode-se destacar: “Muitos continuavam a esperar que a epidemia cessasse e que eles fossem poupados, com as suas famílias. Por consequência, não se sentiam ainda obrigados a nada. A peste nada mais era para eles do que uma visita desagradável que havia de partir um dia. Assustados, mas não desesperados, não chegara ainda o momento em que a peste lhes surgiria como a própria forma da sua vida e em que esqueceriam a existência que até então tinham podido levar.”

Com a guerra recém terminada no período que escreve o livro, não deixa de lembrar: “Os flagelos, na verdade, são uma coisa comum, mas é difícil acreditar neles quando se abatem sobre nós. Houve no mundo igual número de pestes e de guerras. E contudo, as pestes, assim como as guerras, encontram sempre as pessoas igualmente desprevenidas.”

Faz uma análise sagaz dos flagelos na história: “Desde o início da história, os flagelos de Deus põem a seus pés os orgulhosos e os cegos. Meditai sobre isso e caí de joelhos.” e acrescenta: “Ah, se fosse um terremoto! Uma boa sacudidela, e não se falava mais nisso… contam-se os mortos, os vivos, e pronto. Mas esta porcaria de doença! Até os que não a apanham parecem trazê-la no coração.”, e sua conclusão traz uma reflexão: “Quanto mais a pandemia se estender, mais a moral se tornará elástica.”

Compreendi que a ausência da solidariedade e da compaixão, assim como a elasticidade da moral não eram fatos atípicos em epidemias, mas de certo modo esperados, porém acrescento que sempre há uma alternativa mais humana, mais solidária que nos devolva a esperança de um muito mais justo após um triste flagelo, aprender algo com ele.

 

Covid cai e casos preocupantes

18 out

A Covid 19 já mostra sinais de queda no mundo todo, mas ainda há casos preocupantes como a Rússia, o primeiro país a lançar uma vacina e teve sábado (16/09) mais de mil óbitos de Covid 19, os motivos são vários, o principal é a baixa taxa de vacinação, a Rússia chegou a 218,362 mil mortes para uma população de 145 milhões de habitantes.

O mundo todo tem quase 48% pelo menos uma dose e pouco acima de 36% totalmente imunizados, é possível considerar que não estamos fora de perigo, algo em torno de 60% seria desejável, ao menos até o final do ano para as festas natalinas, no Brasil o número de vacinados é de 73,4% ao menos uma dose e perto dos 50% totalmente vacinados, mas a curva de infecção cai ainda muito lentamente.

Ainda não se sabe as consequências da Variante delta, num balanço feito da pandemia pelo neurocientista Miguel Nicolelis ele afirmou que no Brasil ainda não vimos a cara desta variante.

Está chegando o inverno no Hemisfério Norte e a OMS pretende considerar a possibilidade de uma nova pandemia, para que não tenhamos surpresa como foi esta que ainda não terminou, em novembro fará uma Assembleia Mundial da Saúde onde vai estudar a possibilidade de um “tratado para pandemia”, é preciso considerar maior solidariedade e um combate mais efetivo.

A diretora-adjunta da OMS Mariângela Simão foi enfática: “vai haver uma próxima pandemia”, e acrescentou: “Isso é uma coisa que a gente já sabe e que é inevitável, é uma questão de quando vai acontecer” disse segundo o Instituto Paulista de Medicina.

Alerta Simão que não há vacina aprovada ainda para criança então não pode haver política nacional usando vacinas que não foram aprovadas para idade abaixo de 12 anos, e salienta nós só temos uma vacina aprovada para uso de adolescentes a partir de 12 anos, que é a Pfizer.

Destacou a importância do consórcio Covax que ajudou a vacinação em países pobres, salientando a importância da doação de 500 milhões de doses da Pfizer, o que possibilitará a entrada de 200 milhões de doses da Pfizer ainda para este ano, também a França se disponibilizou a fazer doações e espera-se que mais países auxiliem porque, por enquanto, é a única vacina para adolescentes.

 

Boa notícia e precaução

11 out

Cinco estados brasileiros não registraram morte por Covid 19 nas últimas 24 horas, porém já ultrapassou os 600 mil óbitos e contabiliza 21.575.820 infecções, a média móvel está abaixo dos 500 óbitos e mais de 60% da população adulta já recebeu as duas doses ou dose única da vacina.

O principal perigo é que o stress do período de medidas sanitárias provoque um relaxamento na população, as medidas sanitárias continuam obrigatórias e este é o momento exato para não relaxar e ser resiliente.

A precaução deve-se ao problema mundial da pandemia, os dados globais da OMS indicam 52.929 infecções no dia de ontem com uma queda semanal de 17,64% e um total de 818 mortes (mais de 42 na semana) com uma queda semana de 21,26% (veja o gráfico), ambas mais acentuadas que as semanas anteriores.

Em muitos países já se verifica um relaxamento nas medidas sanitárias, é preciso a consciência que isto afeta o mundo todo, uma vez que voos e a mobilidade mundial começam a ser relaxados, e sem as medidas de precaução tomadas por todos pode tornar a queda mais lenta, e também é preciso lembrar o final do outono e início do inverno no hemisfério norte.

As precauções sanitárias como lavas as mãos e continuar usando máscaras e álcool gel, evitar aglomerações e distancias quando em atividades coletivas (os transportes públicos continuam a ser um problema), e evitar o costumeiro problema de final de ano de consumismo.

Um Natal mais digno e menos suntuoso será mais digno da data e evitará o desespero de gastos e consumo tradicional dos fins de ano.

Que o retorno a normalidade seja também um retorno a serenidade, a empatia e a solidariedade.

 

Pobreza e pós-pandemia

06 out

Além dos problemas sanitários do pós-pandemia, ela ainda não chegou ao fim é importante observar, teremos agravado o problema social e uma desorganização do ambiente produtivo.

Os dados da CEPAL (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe) eram que já em 2020 os níveis de pobreza já observador nos 12 a 20 anos anteriores, haviam piorado na região.

As taxas de ocupação e participação no mercado de trabalho, sobretudo das mulheres, devido a pandemia da COVID-19 e apesar de várias medidas de proteção social emergenciais, não foi possível frear o avanço da pobreza e extrema pobreza, e o problema já é central em 2021.

A pobreza e a extrema pobreza se agravou, considera-se extrema pobreza famílias que vivem com menos de US$ 1 dolar diário, ou U$ 20 dolares mensais, segundo os dados recentes do IBGE o Brasil já teria 13,5 milhões de pessoas em situação de extrema pobreza, adotando critério do Banco Mundial, somados aos que estão em situação de pobreza chegam a 25% da população.

O Banco mundial estima que até março de 2020, havia 103 programas de proteção social em 45 países, este número saltou para 1.414 programas em 215 países até dezembro de 2020, no entanto várias análises demonstram que a pobreza e extrema pobreza aumentou e cresce, segundo a UNCTAD a desaceleração econômica após o Covid 19 fez a pobreza mundial subir três pontos percentuais, que resultou em mais de 33 milhões de pessoas.

Outros dados de organismo não governamentais, indicam que a pobreza multidimensional, aquela que atinge a educação, acesso a saúde, trabalho e padrão de vinda, os estados brasileiros com maior pobreza seriam o Maranhão, Paraíba e Piauí, onde os dados são maiores em famílias com presença de crianças.

Não há medidas efetivas, e o aumento da inflação e o custo da alimentação eleva a pobreza ao nível de emergência social, tão ou mais grave que a crise pandêmica, o olhar exclusivo sobre a pandemia e a desatenção das autoridades elevam o clima de crise social.

Claro que o panorama não é apenas nacional ou da américa latina, o freio nas atividades econômicas e principalmente a desorganização, o enfrentamento da crise no aspecto econômico, quando houve, foi apenas adotar medidas emergenciais e não senatorias ou preventivas.

Espera-se que haja forças vivas capazes de recuperar os níveis sociais, sem esquecer os aspectos de distribuição e de preservação do meio ambiente, que em última instância são os meios para a produção e alimentos e desenvolvimento econômico.

 

 

Em queda, mas é preciso cuidado

04 out

Após uma queda lenta no Brasil, sábado a curva ficou abaixo das 500 mortes nas últimas 24 horas, os óbitos chegando a quase 600 mil desde o início da pandemia, indicam que ainda há perigo e a flexibilização que já está acontecendo para eventos públicos massivos é preocupante.

É importante lembrar que em 13 de setembro a média móvel chegou a 465, e depois subiu.

Já explicamos a semana passada que é preciso um “rescaldo” e que a proximidade das festas e do final de ano pode nos preocupar, lembro o caso de Portugal no ano passado que relaxou nestas datas e teve um aumento no mês de janeiro, os países que estão em início de flexibilização tem taxas de infecção e mortalidade realmente baixas e as regiões de contágio são observadas.

A vacinação da primeira dose já dos 40% (93.271.450 imunizados e 147 milhões primeiras doses), a taxa de atraso vacinal no total do Brasil é de 11%, segundo o boletim VigiVac da Fundação Oswaldo Cruz.

O Boletim aponta os estados com maior atraso o do Ceará com 33% e o menor o Rio Grande do Norte com 5,4%, também observam a ausência para a segunda dose, em número absolutos, São Paulo 1,25 milhões, no Rio de Janeiro 956,9 mil pessoas não compareceram para segunda dose e na Bahia 907,5 mil pessoas, o Estado com maior vacinação é São Paulo com 79,20 % na primeira dose quando não é única e o menor é o Pará com 50,91% tomaram uma dose.

As vacinas também tiveram atrasos na entrega, a Coronavac 33%, a AstraZeneca 15% e a Pfizer com menor índice 1%, por isto tem sido a mais aplicada em muitos casos na terceira dose.

A Pfizer entrou mais de 1 milhão de doses neste sábado no aeroporto de Viracopos e promete entregar até 10 milhões em quatro voos fretados que chegarão nos próximos dias.

A flexibilização deveria avançar em números confiáveis, tomando medidas de controle sérias, por exemplo, o isolamento em eventos esportivos, nos shoppings e nos meios de transporte.

 

Ciência com consciência

29 set

Um minúsculo vírus nos desafiou e nos colocou diante de uma grave Pandemia, um vulcão que entra em erupção e cujo fim mesmo vulcanólogos e geólogos ainda veem como imprevisível.

A grande marca da ciência contemporânea é o fim das certezas, o princípio da incerteza anunciado primeiro por Heisenberg e depois certificado pelas pesquisas da física das partículas e pela astrofísica, Karl Popper desenvolveu o princípio da falseabilidade para a ciência e o Paradoxo de Gödel diz que nenhum sistema axiológico pode ser completo e consistente ao mesmo tempo.

Isto deveria nos devolver a humildade, o iluminismo não significa que a ciência triunfou e sim que ela descobriu seus limites e que deve dar espaço a ética e a um humanismo que complete o homem para além de sua racionalidade.

Edgar Morin escreveu “Ciência com consciência”, apresenta um duplo desafio: aponta os problemas ético e morais que a ciência contemporânea tem, cujos múltiplos e prodigiosos poderes de manipulação impõe aos cientistas e aos cidadãos, e de certa forma a humanidade inteira o problema do controle político e privado das descobertas.

Segundo Morin, os conceitos de progresso e conhecimento que se apresentam relacionados, devem ser reordenados, assim o progresso não se reduz à organização do desenvolvimento da economia, e o conhecimento não se restringe ao fornecimento de informações, mas também a superação de estruturas sociais teóricas que condicionam sua configuração a uma forma de pensamento.

Esclarece nas páginas 9 e 10 que “o dogma clássico de separação entre ciência e filosofias, as ciências a destes séculos todas encontram questões filosóficas fundamentais: “que é o mundo? a natureza? a vida? o homem? a realidade?) e que os maiores cientistas desde Einstein, Bohr e Heisenberg se transformaram em filósofos selvagens”. (MORIN, 2005).

Lembra no prefácio também o preceito de Rebelais: “Ciência sem consciência é apenas ruína da alma.” (p. 9).

MORIN, E. Ciência sem consciência. Edição revisada e modificada pelo autor. (Tradução de Maria D. Alexandre e Maria Alice Sampaio Dória). 9ª Ed. Rio de Janeiro: Bertrand do Brasil, 2005.