O mito de Sísifo
Já era um mito e poderia ser esquecido, não fosse o livro de Albert Camus sobre o assunto no qual provoca a filosofia de seu tempo que descreve como tendo uma tentativa de lidar com o sentimento do absurdo, Heidegger, Jaspers, Shestov, Kierkegaard e Husserl.
Seria fácil contradizer Camus pelo próprio mito, uma proximidade ao niilismo no seu pensamento, sua morte trágica num acidente de carro, entretanto, seu pensamento é sério e deve ser levado a sério, como o foi por muitos autores.
O mito de Sísifo, é de um personagem da filosofia grega, que tendo desafiado os deuses é condenado a empurrar uma pedra montanha a cima, e quando ela rola para baixo, deve repetir continuamente o seu esforço de empurrá-la morro acima.
O mito de Sísifo deve ser levado a sério porque nele vive hoje boa parte da humanidade, que resignadamente realizada sua pesada tarefa diária embora às vezes duvide de seu sentido.
Para Camus o mundo não é o absurdo, o absurdo acontece quando “o meu apetite para o absoluto e a unidade” completa a “impossibilidade de reduzir o mundo a um princípio racional e razoável.”, assim reconhecer o absurdo do homem poderia levá-lo a viver de modo intenso.
Sem um sentido na vida, não existem valores. “O que conta não é a melhor vida, mas a maioria dos que a vivem”, nem regras morais ou éticas, “Tudo é permitido” como seria lema mais tarde das revoltas juvenis de 1968, é proibido proibir.
Assim o raciocínio de Camus não é um desproposito ou irracionalidade, é preciso ter a força do poeta pensador brasileiro Guimarães Rosa, que contrariando a lógica, sem ser ilógico, afirmou: “Tudo é e não é” (ROSA, 1968, 12), no seu livro Grande Sertão: veredas.
A força da essência do é é tão forte e presente que pode criar um ente, o finito, o nada.
CAMUS, A. O mito de sífico. Veja o pdf.