Arquivo para maio, 2021
Pandemia e a hora do planeta
Os dados observados pelo site Opera Mundi, ali pode se ver os números da pandemia em todo mundo, demonstram que nos ciclos da pandemia, apesar da vacinação que segundo o site chegou na noite de domingo a 1,5 bilhão de doses administradas (se a população mundial é em torno de 7.5 bilhões de pessoas) isto significa 20% de vacinação em todo mundo, claro varia em muitas regiões. O número de mortes cai, mas o de infecções cresce, a vacina é este fator.
A Índia por exemplo, que é o pior caso da Pandemia neste momento, é o terceiro que mais vacinou com mais de 179 milhões de doses, porém tem uma população de quase 1,4 bilhão de pessoas e isto dá 7% apenas de vacinados, bem abaixo da média mundial (acima) de 20%.
O Brasil com aproximadamente 37 bilhões de vacinas para pelo menos a primeira dose (o número de mais de 50 bilhões de vacinas é somando a primeiro com a segundo dose, que conta os que tomaram a 2ª. dose duas vezes) significa ainda também um número abaixo da média, com uma população de mais de 200 milhões de habitantes (211 na última estimativa) isto dá 20% o que significa na média, porém a gravidade da Pandemia exige ainda esforços maiores.
A compra de 100 milhões de doses da Pfizer poderia nos deixar otimistas, se não fosse para outubro, e o valor de 6,6 bilhões de reais significa isto significa 66 reais por dose, algo em torno de 10 euros ou 9 libras esterlinas no cambio atual, preço caro e a vacina exige uma logística especial por que deve ser mantida a baixa temperatura (gelo seco, transporte refrigerado, geladeiras, etc.).
Tudo isto poderia nos deixar otimistas, mas a realidade não é bem esta, observa-se que mesmo em países onde houve uma queda acentuada (Inglaterra e Portugal por exemplo) não se pode baixar a guarda porque o mundo é uma aldeia global e mesmo com poucos voos as pessoas circulam, e um caso de infecção, e existem novas cepas do vírus, pode deflagar todo processo de novo.
É hora do planeta, podemos e devemos tomar uma atitude planetária, ainda não o fizemos, e mesmo os órgãos reguladores, governos e agencias sanitárias parecem ainda estarem aquém das medidas a serem tomadas, por exemplo, no caso da Índia e na criação de protocolos para viagens, é necessário um plano global.
Existe uma preocupação justa que isto seja feito exclusivamente por critérios políticos e não técnico-sanitários o que é um fato, porém como a política não tem ajudado, podemos ajudar a política com atitudes sanitárias, numa linguagem atual: uma política pública sanitária.
A campanha é simples e global: vacina para todos, protocolos globais em relação a tipos de vacinas, por idade, tipo de comorbidade, distribuição equânime (por exemplo, chegar a 20% de vacinação em todos os países como meta para este mês), poderíamos pensar 50% até julho que seria uma tentativa audaciosa, mas fazendo as contas: haverá a produção de 3.5 bilhões de doses até julho contando todas as vacinas (estamos já em 1.4 bilhões) não parece um número impossível.
Vacina para todos !!! socorro aos países pobres e aos países de crise pandêmica maior.
Idealismo e sua religião
Iniciada com a crítica ao idealismo, em “A ideologia alemã” (1932), onde discorre sobre Feuerbach, B. Bauer e Stirner, que chega a chamá-los de são Buer e são Stirner, pela pretensão de serem teologias.
Se a essência do idealismo é a separação de objeto e sujeito, faço uma inversão proposital, a essência do pensamento religioso para Ludwig Feuerbach é separação do sujeito e os objetos sensíveis, pois para ele a consciência do objeto pode ser, embora distinta da consciência de si, uma consciência que coincide logo em seguida ao se tratar do objeto religioso, devido sua “transcendência” é exatamente o que o faz retornar-se a consciência de Si, explico.
Para Feuerbach, e o objeto sensível está fora do ser (embora a ontologia aqui seja só um apelo), o objeto religioso está nele, é um objeto intrínseco, e tão pouco o abandona, a sua consciência moral o abandona, é um objeto íntimo, e mesmo o mais íntimo, é o mais próximo de todos.
A sua crítica a Teologia, usando o idealismo pressupõe essencialmente um juízo crítico, a “diferença entre o divino· e o não-divino, entre o que é e o que não é digno de adoração”, assim com este dualismo é possível jogar toda a essência do divino na vala comum do Idealismo.
A consciência de Deus é a consciência em si do homem para ele, eis o idealismo Hegeliano tornado religião: o conhecimento de Deus que é o conhecimento de si do homem, não há um para-si de Deus ao homem.
A negação do sujeito é considerada como irreligiosidade, e sua relação com objetos sensíveis, uma negação do sujeito, eis a religião ateia de Feuerbach, a qual Marx se voltará chamando-os de Velhos Hegelianos, e procura fazer aqui nova a sua inversão, agora do objeto ao sujeito, eis a nova versão “religiosa” dos Jovens Hegelianos, como Marx, mesmo criticando a principal tese ateia de Feuerbach: “o pensamento vem do sujeito”, e não do objeto
“Não se trata mais do Céu para Terra” disse Marx, mas agora “da terra para o céu”, ou seja, do objeto para o sujeito, da força de trabalho e da produção, para sua divinização (do objeto, do dinheiro, da economia, etc.).
Se para Marx, a fetichização era a separação do trabalho de seu instrumento de trabalho e da mercadoria, fetichização pode ser a reificação (res – coisa) ou a objetivação para estes jovens “hegelianos”, onde vê a separação entre o sujeito e o objeto, no fetichismo religioso é a separação do consumo (pecaminoso) do indivíduo (visto numa autoconsciência) ao qual o religioso deve “assistir” e viver seu “concreto”.
A relação justa com o dinheiro, com o trabalho, com a saúde e educação, não é senão uma superação da visão idealista religiosa, sua consumação num homem em relação harmônica com o mundo, e neste caso, também a beleza, a poesia e vida saudável teria uma perspectiva, para os religiosos “puros” não.
Falta a esta religiosidade uma ascese que de fato os “eleve”, embora pareçam tão ligados aos temas contemporâneos, na verdade tem um deus idealista e não pretensamente realista como desejariam, seu concreto é o deus estado moderno sua economia, ou o direito positivista e sua visão estreita de justiça, resulta em uma ascese desespiritualizada.
Buscar as coisas do alto, esta é a ascese verdadeira.Iniciada com a crítica ao idealismo, em “A ideologia alemã” (1932), onde discorre sobre Feuerbach, B. Bauer e Stirner, que chega a chamá-los de são Buer e são Stirner, pela pretensão de serem teologias.
Se a essência do idealismo é a separação de objeto e sujeito, faço uma inversão proposital, a essência do pensamento religioso para Ludwig Feuerbach é separação do sujeito e os objetos sensíveis, pois para ele a consciência do objeto pode ser, embora distinta da consciência de si, uma consciência que coincide logo em seguida ao se tratar do objeto religioso, devido sua “transcendência” é exatamente o que o faz retornar-se a consciência de Si, explico.
Para Feuerbach, e o objeto sensível está fora do ser (embora a ontologia aqui seja só um apelo), o objeto religioso está nele, é um objeto intrínseco, e tão pouco o abandona, a sua consciência moral o abandona, é um objeto íntimo, e mesmo o mais íntimo, é o mais próximo de todos e então está ligado sempre.
A sua crítica a Teologia, usando o idealismo pressupõe essencialmente um juízo crítico, a “diferença entre o divino· e o não-divino, entre o que é e o que não é digno de adoração”, assim com este dualismo é possível jogar todo a essência do divino na vala comum do Ideal.
A consciência de Deus é a consciência em si do homem para ele, eis o idealismo Hegeliano tornado religião: o conhecimento de Deus que é o conhecimento de si do homem, n]ao há um para-si de Deus ao homem.
A negação do sujeito é considerada como irreligiosidade, e sua relação com objetos sensíveis, uma negação do sujeito, eis a religião ateia de Feuerbach, a qual Marx se voltará chamando-os de Velhos Hegelianos, e procura fazer aqui nova a sua inversão, agora do objeto ao sujeito, eis a nova versão “religiosa” dos Jovens Hegelianos, como Marx, mesmo criticando a principal tese ateia de Feuerbach: “o pensamento vem do sujeito”, e não do objeto
“Não se trata mais do Céu para Terra” disse Marx, mas agora “da terra para o céu”, ou seja, do objeto para o sujeito, da força de trabalho e da produção, para sua divinização (do objeto, do dinheiro, da economia, etc.).
Se para Marx, a fetichização era a separação do trabalho de seu instrumento de trabalho e da mercadoria, fetichização pode ser a reificação (res – coisa) ou a objetivação para estes jovens “hegelianos”, onde vê a separação entre o sujeito e o objeto, no fetichismo religioso é a separação do consumo (pecaminoso) do indivíduo (visto numa autoconsciência) ao qual o religioso deve “assistir” e viver seu “concreto”.
A relação justa com o dinheiro, com o trabalho, com a saúde e educação, não é senão uma superação da visão idealista religiosa, sua consumação num homem em relação harmônica com o mundo, e neste caso, também a beleza, a poesia e vida saudável teria uma perspectiva, para os religiosos “puros” não.
Falta a esta religiosidade uma ascese que de fato os “eleve”, embora pareçam tão ligados aos temas contemporâneos, na verdade tem um deus idealista e não pretensamente realista como desejariam, seu concreto é o deus estado moderno sua economia, ou o direito positivista e sua visão estreita de justiça, resulta em uma ascese desespiritualizada.
Buscar as coisas do alto, esta é a ascese verdadeira.Iniciada com a crítica ao idealismo, em “A ideologia alemã” (1932), onde discorre sobre Feuerbach, B. Bauer e Stirner, que chega a chamá-los de são Buer e são Stirner, pela pretensão de serem teologias.
Se a essência do idealismo é a separação de objeto e sujeito, faço uma inversão proposital, a essência do pensamento religioso para Ludwig Feuerbach é separação do sujeito e os objetos sensíveis, pois para ele a consciência do objeto pode ser, embora distinta da consciência de si, uma consciência que coincide logo em seguida ao se tratar do objeto religioso, devido sua “transcendência” é exatamente o que o faz retornar-se a consciência de Si, explico.
Para Feuerbach, e o objeto sensível está fora do ser (embora a ontologia aqui seja só um apelo), o objeto religioso está nele, é um objeto intrínseco, e tão pouco o abandona, a sua consciência moral o abandona, é um objeto íntimo, e mesmo o mais íntimo, é o mais próximo de todos.
A sua crítica a Teologia, usando o idealismo pressupõe essencialmente um juízo crítico, a “diferença entre o divino· e o não-divino, entre o que é e o que não é digno de adoração”, assim com este dualismo é possível jogar toda a essência do divino na vala comum do Idealismo abstrato.
A consciência de Deus é a consciência em si do homem para ele, eis o idealismo Hegeliano tornado religião: o conhecimento de Deus que é o conhecimento de si do homem, n]ao há um para-si de Deus ao homem.
A negação do sujeito é considerada como irreligiosidade, e sua relação com objetos sensíveis, uma negação do sujeito, eis a religião ateia de Feuerbach, a qual Marx se voltará chamando-os de Velhos Hegelianos, e procura fazer aqui nova a sua inversão, agora do objeto ao sujeito, eis a nova versão “religiosa” dos Jovens Hegelianos, como Marx, mesmo criticando a principal tese ateia de Feuerbach: “o pensamento vem do sujeito”, e não da relação com o objeto
“Não se trata mais do Céu para Terra” disse Marx, mas agora “da terra para o céu”, ou seja, do objeto para o sujeito, da força de trabalho e da produção, para sua divinização (do objeto, do dinheiro, da economia, etc.).
Se para Marx, a fetichização era a separação do trabalho de seu instrumento de trabalho e da mercadoria, fetichização pode ser a reificação (res – coisa) ou a objetivação para estes jovens “hegelianos”, onde vê a separação entre o sujeito e o objeto, que no fetichismo religioso é a separação do consumo (pecaminoso) do indivíduo (visto numa autoconsciência) ao qual o religioso deve “assistir” e viver seu “concreto”.
A relação justa com o dinheiro, com o trabalho, com a saúde e educação, não é senão uma superação da visão idealista religiosa, sua consumação num homem em relação harmônica com o mundo, e neste caso, também a beleza, a poesia e vida saudável teria uma perspectiva, já para os religiosos “puros” não.
Falta a esta religiosidade uma ascese que de fato os “eleve”, embora pareçam tão ligados aos temas contemporâneos, na verdade tem um deus idealista e não pretensamente realista como desejariam, seu concreto é o deus estado moderno e sua economia, ou o direito positivista e sua visão estreita de justiça, que resultam em uma ascese desespiritualizada.
Buscar as coisas do alto, esta é a ascese verdadeira.Iniciada com a crítica ao idealismo, em “A ideologia alemã” (1932), onde discorre sobre Feuerbach, B. Bauer e Stirner, que chega a chamá-los de são Buer e são Stirner, pela pretensão de serem teologias.
Se a essência do idealismo é a separação de objeto e sujeito, faço uma inversão proposital, a essência do pensamento religioso para Ludwig Feuerbach é separação do sujeito e os objetos sensíveis, pois para ele a consciência do objeto pode ser, embora distinta da consciência de si, uma consciência que coincide logo em seguida ao se tratar do objeto religioso, devido sua “transcendência” é exatamente o que o faz retornar-se a consciência de Si, explico.
Para Feuerbach, e o objeto sensível está fora do ser (embora a ontologia aqui seja só um apelo), o objeto religioso está nele, é um objeto intrínseco, e tão pouco o abandona, a sua consciência moral o abandona, é um objeto íntimo, e mesmo o mais íntimo, é o mais próximo de todos e então está ligado sempre.
A sua crítica a Teologia, usando o idealismo pressupõe essencialmente um juízo crítico, a “diferença entre o divino· e o não-divino, entre o que é e o que não é digno de adoração”, assim com este dualismo é possível jogar todo a essência do divino na vala comum do Ideal.
A consciência de Deus é a consciência em si do homem para ele, eis o idealismo Hegeliano tornado religião: o conhecimento de Deus que é o conhecimento de si do homem, n]ao há um para-si de Deus ao homem.
A negação do sujeito é considerada como irreligiosidade, e sua relação com objetos sensíveis, uma negação do sujeito, eis a religião ateia de Feuerbach, a qual Marx se voltará chamando-os de Velhos Hegelianos, e procura fazer aqui nova a sua inversão, agora do objeto ao sujeito, eis a nova versão “religiosa” dos Jovens Hegelianos, como Marx, mesmo criticando a principal tese ateia de Feuerbach: “o pensamento vem do sujeito”, e não do objeto
“Não se trata mais do Céu para Terra” disse Marx, mas agora “da terra para o céu”, ou seja, do objeto para o sujeito, da força de trabalho e da produção, para sua divinização (do objeto, do dinheiro, da economia, etc.).
Se para Marx, a fetichização era a separação do trabalho de seu instrumento de trabalho e da mercadoria, fetichização pode ser a reificação (res – coisa) ou a objetivação para estes jovens “hegelianos”, onde vê a separação entre o sujeito e o objeto, no fetichismo religioso é a separação do consumo (pecaminoso) do indivíduo (visto numa autoconsciência) ao qual o religioso deve “assistir” e viver seu “concreto”.
A relação justa com o dinheiro, com o trabalho, com a saúde e educação, não é senão uma superação da visão idealista religiosa, sua consumação num homem em relação harmônica com o mundo, e neste caso, também a beleza, a poesia e vida saudável teria uma perspectiva, para os religiosos “puros” não.
Falta a esta religiosidade uma ascese que de fato os “eleve”, embora pareçam tão ligados aos temas contemporâneos, na verdade tem um deus idealista e não pretensamente realista como desejariam, seu concreto é o deus estado moderno sua economia, ou o direito positivista e sua visão estreita de justiça, resulta em uma ascese desespiritualizada.
Buscar as coisas do alto, esta é a ascese verdadeira.
A ética e a religião.
A ética e a moral sempre estiveram relacionadas a aspectos da religião, a modernidade as separou.
Hegel (1770-1831) apesar da crítica ao modelo kantiana, na tentativa de construir uma moral teleológica criou a “moral do estado”, que a partir de sua obra ‘Princípios da Filosofia do Direito’ passa por determinar como as instituições que a mediam a vida dos sujeitos a ela referentes como: uma pessoa em abstrato (o indivíduo) como é próprio do idealismo; um sujeito moral e não uma sociedade moral como sujeitos inclusive do estado morais, e, assim tendo um cidadão ético.
Para tal Hegel descreve um Estado moderno que propicia a plena efetivação da liberdade do indivíduo. Para ele cada item dessa tríade (Estado, indivíduo, Sociedade) pode ser analisado em separado, mas são produtos de iterações, que se desenvolvem para chegar ao subsequente.
De início, no §4, Hegel trata de introduzir a vontade livre como ponto de partida do direito e como mote de desenvolvimento da obra, como o é em toda a cultura idealista sobre liberdade:
“O domínio do direito é o espírito em geral; aí, a sua base própria, o seu ponto de partida está na vontade livre, de tal modo que a liberdade constitui a sua substância e o seu destino e que o sistema do direito é o império da liberdade realizada, o mundo do espírito produzido como uma segunda natureza a partir de si mesmo”.(Hegel, 1997)
O que ele chama de “liberdade realizada” se fará através de um Estado concebido por um direito abstrato, a moralidade e uma eticidade que se referem a ele.
A eticidade como foi definida por Hegel como: “…a ideia da liberdade enquanto vivente bem, que na consciência de si tem o seu saber e o seu querer e que, pela ação desta consciência, tem a sua realidade.” (Hegel, 1997), eis o idealismo é a consciência que determina a realidade.
Como o indivíduo tem uma liberdade institucionalizada, o direito abstrato é a suposta liberdade da vontade livre que se determina diante das coisas, clássica divisão idealista entre sujeitos e objetos, entre objetividade e subjetividade, assim para tomar posse, tornar-se proprietário, realizar contratos é criado um sujeito cognoscente, ciente de seus direitos, não se admitindo, porém a ignorância das leis vigentes e assim da consciência que cada pessoa tem diante dos objetos, tudo é estabelecido e guiado pelo estado, por sua eticidade.
Aqui há um aspecto central de nosso desenvolvimento, pois é no Estado que o indivíduo encontra as possibilidades do bem comum ser realizado, pois na vontade particular de cada um deseja do bem comum, será o que o faz do cidadão um ser verdadeiramente livre, que não é senão interesses arbitrários entalecidos pelo Estado.
A crise da moral das instituições (e do estado) se d]ao pela construção de um indivíduo abstrato, de nações e não de povos, não são sujeitos, o que ocorre é segundo regras morais pré-estabelecidas por interesses, mas cuja eticidade é questionada.
Num tempo mais recente, a partir de estudos de Husserl, depois de Heidegger, e recentemente por Paul Ricoeur e Emmanuel Lévinas, a etica ontológica é feita a partir do Outro.
Paul Ricoeur sofreu influências e manteve uma atitude dialogante com Mounier, Marcel, e muitos outros, mantendo uma atitude dialogante com os quais manteve uma relação pessoal.
Olhar aspectos da pessoa (do Outro) da natureza aqui é possível o diálogo com a religião.
A eticidade como foi definida por Hegel como: “…a ideia da liberdade enquanto vivente bem, que na consciência de si tem o seu saber e o seu querer e que, pela ação desta consciência, tem a sua realidade.” (Hegel, 1997), eis o idealismo é a consciência que determina a realidade.
Como o indivíduo tem uma liberdade institucionalizada, o direito abstrato é a suposta
Referências:
HEGEL, G. W. F. Princípios da Filosofia do Direito. Tradução: Orlando Vitorino. SP: Martins Fontes. 1ª edição. 1997.
Que queremos dizer com moral hoje
Quase toda base racional e elaborada sobre a moral está fundamentada em uma teoria idealista, que pertence quanto ao pensamento racional tanto a Hegel quanto a Kant, porém em ambos há já uma crítica ao racionalismo puro como ao empírico, então que tipo de moral é esta proclamada socialmente.
Não pode dizer que é positivista, nem comunitária, nem na outra extremidade algo meramente platônica, o fato que ambos insistiram em distinguir a abordagem da filosofia prática tanto em Kant como em Hegel, onde se distinguem então.
Ambos se propuseram a minar as dúvidas do cético sobre a possibilidade de julgamentos e requisitos práticos objetivos; ambos, além disso, rejeitam as derivações positivistas da lei, descrições exclusivamente empiristas do comportamento humano e formas intuicionistas de justificação
Mais ainda, os dois filósofos parecem compartilhar a mesma concepção das condições da liberdade humana. Tanto para Hegel quanto para Kant, uma teoria da moralidade e dos direitos políticos devotada a promover a causa da liberdade deve exigir mais do que apenas a ausência de obstáculos que impeçam a satisfação de nossas paixões animais, deve-se dotá-la de certa racionalidade.
Então para Hegel como para Kant, a liberdade requer, além disso, o respeito pelos fins que temos como naturezas racionais e a elas estão vinculadas, ou seja, ao idealismo racional.
Alcançamos esse tipo de liberdade quando nossas ações são motivadas pela legislação da razão e quando as normas sociais que nos restringem são normas que podemos endossar racionalmente.
A diferença do sistema de Hegel é que supera certa subjetividade do modelo “individual” de Kant, mas submete a moral a alguma norma, em geral, aquela que é estabelecida pelo Estado, o problema de ambos é a relativização da questão moral, ora presa ao indivíduo, ora presa ao Estado, ignorando o Ser.
Entre a ética e a moral
A grande diferença entre ética e moral está na raiz etimológica da palavra, enquanto a primeira deriva da palavra grega êthos, que quer dizer de certa forma “caráter” mas ligada ao sentido da polis com a qual os gregos se preocupavam, a segunda deriva da palavra latina moralis, que é de certa forma também “morada” do Ser, que os gregos a refletiram, mas distintamente.
Ao desvelar (palavra que a fenomenologia heideggeriana privilegia) o esquecimento do Ser, no sentido de sua “morada”, seu Dasein está oculto e esquecido pela filosofia contemporânea, assim o que é chamado de moral tornou-se quase sinônimo de ética, mas não o é.
Este campo na filosofia contemporânea se dedica a entender as ações humanas (vendo-as como ações morais) e esta de acordo com um código temporal poderão ser certas ou erradas, assim não há uma definição atemporal de moral e torna-se parecida ao código ético, aquele definido por um momento da história humana.
Assim a moral muda constantemente, e a ética é aquilo que é estabelecido temporalmente por alguma forma de consenso, em geral, estabelecido por leis do Estado, que também são mutáveis.
Não há, portanto, a discussão de princípios e valores que sejam fundamentais, o direito a vida por exemplo, que deveria ser um valor fundamental torna-se também questionável, no caso da eutanásia e do aborto, até mesmo a morte por algum tipo de homicídio pode ser “legal” e não é.
Nada justifica um fim arbitrário da vida humana, toda vida humana deve ser poupada e preservada de valores temporais, assim também a discussão da morte numa pandemia, que tem uma causa natural, pode e deve ser analisada no caso de descuido ou negligência social ou pessoal.
A discussão da moral como um conjunto de hábitos e costumes da sociedade, sem estar ligada a princípios é perigosa e pode criar regras e leis, que são o estabelecimento de uma ética, que pode transgredir direitos básicos: a vida, a dignidade humana e limites saudáveis da convivência social.
O filósofo Adorno defende esta visão em seu livro “Mínima moralia” (Azougue Editorial, 2008) e também Peter Sloterdijk vai contrapor o imperativo absoluto (não impedir o progresso e a ação humana no sentido de criar uma sociedade mais solidaria) ao imperativo categórico (que é uma atitude ética moral de um indivíduo) estabelecido por Kant.
Em seu livro “A banalidade do mal”, Hanna Arendt alertou sobre a preocupação com aquilo que denominou “as atividades da vida do espírito”, relativas à ação, à ética e à política, que tomou forma consistente no julgamento do nazista Adolf Eichmann em Jerusalém, cidade que tem não apenas o simbolismo judaico-cristão-islâmico da grande raiz abramica, todas descendem e reconhecem o simbolismo de Abraão com raiz de suas crenças, mas também um código moral.
Imunidade de rebanho “vacinado”
A queda lenta das infecções e das mortes, ainda acima de 2 mil mortes diárias (2091 no sábado), embora não se tenha uma análise estatística que comprove é provavelmente devido a vacina, pois tanto as medidas de isolamento quanto um protocolo claro para abrir atividades “não essenciais” não é claro e não é implementado de modo seguro, por exemplo, transporte urbano e comércio.
A chegada de mais de 628.290 doses da vacina Pfizer que deverá ser distribuída em todo país, em torno de 1,1 milhão de doses, a capital paulista já acusou necessidade de mais vacinas, que recebeu 135.720 doses e precisa vacinar idosos de 60 a 62 anos, em número de 371 mil.
O Rio de Janeiro distribuiu em todo estado 472 mil doses, para as faixas de 65 a 69 anos, idosos com mais de 80 e funcionários da saúde, a maior parte da vacina é da AstraZeneca e destina principalmente a segunda dose.
Segundo a FioCruz 17,71% da população foi vacinada até sexta-feira, e 8,05% com a segunda dose, em todo o país os número são de um total de 53 milhões de doses aproximadamente.
A partir do dia 15 de maio a FioCruz começa a produzir insumos no país, com isto será a primeira vacina totalmente nacional, porém as doses nacionais estarão prontas somente no segundo semestre, receberam a primeira dose 35.235.949 e 17.715.680 a segunda dose, em termos proporcionais isto significa 8,37% da população já recebeu a segunda dose, e 25,95% a primeira.
O governo dá o número de 75.600.000 doses aproximadamente já distribuídas no Brasil, isto significa que há disponível para esta semana haverá 22 milhões de vacinas disponíveis, espera-se que este número seja real, pois representará um significativo crescimento na vacinação.
Neste ritmo, se for verdadeiro vamos aguardar os números do final desta semana, poderia significar a imunização, ao menos com a primeira dose da vacina de metade da população, antes da chegada do inverno rigoroso para julho e julho, porém é preciso lembrar que outras viroses estarão no ar, e os protocolos hospitalares e casas de saúde precisam preparar este cenário.
Segue a CPI da Covid e espera-se que de fato sejam apuradas as responsabilidades, e eventuais desvios e abusos financeiros que é um ato de desumanidade num momento de pandemia.
Amigos e não servos
A amizade é um elo que permite a reciprocidade, afirma Byung Chul Han em seu livro No enxame: Perspectivas do digital: “O poder é uma relação assimétrica. Ele fundamenta uma relação hierárquica. O poder da comunicação não é dialógico. Diferentemente do poder, o respeito NÃO É necessariamente uma relação assimétrica. Sente-se, de fato, frequentemente respeito por pessoas exemplares ou por superiores, mas o respeito “recíproco” que se baseia em uma relação simétrica de reconhecimento, é fundamentalmente possível.”
Esta relação significa que podemos estar ou não em reciprocidade, e podemos estar ou não em relações saudáveis de amizade, de afetividade e de amor (no sentido de ágape), não significa que as outras relações não existam, por exemplo, autoridade civil, social ou religiosa por quem se deva realmente ter respeito como “autoridade” e não por imposição ou medo, este caso só se justifica quando há uma clara intensão de transgredir direitos e deveres sociais.
Numa sociedade autoritária o único respeito é o hierárquico, as regras morais estão esquecidas, a ética serve apenas a lógica do poder e o respeito mútuo é confundido com total “liberdade”.
Não se passa direto ao plano do amor sem passar por alguma empatia individual ou recíproca que é a mais desejável, porém mesmo quando a relação é assimétrica alguém que tem respeito consegue permanecer de alguma forma no modo empático, ainda que haja limites aceitáveis, a não violência, por exemplo.
Na passagem bíblica que o Mestre explica aos discípulos que tipo de amor deviam ter, aquele amor “como eu vos amei” (Jo 15:12), ele acrescenta: “Já não vos chamo servos, pois o servo não sabe o que faz o seu senhor. Eu vos chamo amigos, porque vos dei a conhecer tudo o que ouvi de meu Pai” (Jo 15,15), isto implica uma relação de simetria e de reciprocidade como indicado atrás.
Jesus mostra isto ao lavar os pés (foto), porém sua amizade foi ao limite: deu a vida pelos amigos.
Esta é uma boa síntese de amizade, ninguém tem mais amizade (ou amor) do que aquele que dá a vida pelos amigos.
A relação entre amizade e amor
Philia traduzida do grego, romanizado vira filia, mesma raiz de filhos, filiação e afiliação, onde o a aqui não é negação mais inclusão, no sentido de pertencer, afiliado a uma instituição, por exemplo.
Nesta raiz grega se encaixam tanto amor como amizade, filo-sophia, amor ou amizade a sabedoria, entretanto o amor poderá ser também (já fizemos um post) como a amizade do tipo eros ou ágape, que neste caso supera a amizade.
Amizade pode crescer e se tornar um amor agápico, isto é, capaz de criar confiança e acima de qualquer interesse, e neste caso amizade e amor se complementam e se ampliam.
Em termos humanos, culturais e espirituais é o que favorece o bom desempenho e a saúde mental de uma pessoa, assim a desconfiança e a inimizade que podem chegar ao ódio é causa de muitas guerras, pois o interesse econômico, político ou social sem laços verdadeiros não é outra coisa.
Não há como romper uma espiral de ódio quando ela cresce, muitas guerras e regimes totalitários são prova disto, e a raiz está em cada célula social onde a amizade e o amor deixaram de existir.
De outro lado quando estes laços crescem e se espalham em rede, tudo torna-se saudável e há um ciclo virtuoso onde os melhores valores humanos e sociais aparecem: solidariedade, fraternidade e aquilo que chamamos de amor agápico, que vai além de qualquer interesse, é uma “amisticia”.
O pensador romano Cícero tem um texto exatamente com este nome e diz no texto: “Este é o primeiro preceito da amizade: pedir aos amigos só aquilo que é honesto, e fazer por eles apenas aquilo que é honesto”, assim esta é a origem de uma sociedade que se pretende feliz e pacífica.
Amisticia
Tem origem no latim que vem a palavra e significa generosidade, proximidade, embora existia a graduação do grego e colocamos seus significados no posto anterior, na verdade está relacionada naquele caso a um afeto, mais interessado ou menos e aqui vindo do latim, significa uma escolha.
A ideia de proximidade pode unir e sintetizar os dois significados, embora hoje se fale muito do ser relacional, o ser proximal (a palavra não existe) é superior a relação e em tempos de redes (deveria ser de mídias e não rede, que é relação) esta relação não significa ter proximidade, assim é uma definição restrita, pode ter relação mas fora dela.
Pode-se retirar de cada aspecto algo positivo, estar em relação é melhor que indiferença que é a ausência dela, enquanto proximidade significa a possibilidade de uma amizade com vínculos mais profundos e isto deveria incluir uma forma de Amor superior ao interesse, ao simples afeto ou a simples relação.
Conscientemente ou não, é esta forma de relação que todo ser humano busca, na maioria das vezes de maneira oposta, incorreta ou sem profundidade.
Que forma de amizade é esta buscam filósofos, poetas, místicos ou religiosos, onde ela está? Perguntam, será que os que dizem tê-la encontrado a encontraram? Isto tem relação com a verdade.
O que é amizade na filosofia
O filósofo Platão definiu a amizade como “a predisposição recíproca que torna dois seres igualmente ciosos da felicidade um do outro”, Agostinho de Hipona afirmava que “o ser amigo nos funde na amizade do ser; os amigos são uma só alma” e Aristóteles parece fundir os dois pensamentos: “a amizade é uma alma com dois corpos”.
Antes de Aristóteles, Pitágoras falava de que era “amigo da filosofia”, assim surge a composição de philos e sophia, ressaltou por um pensador contemporâneo: “A intimidade entre amizade e filosofia é tão profunda que esta inclui o philos, o amigo, no seu próprio nome e, como muitas vezes acontece em toda proximidade excessiva, arrisca não conseguir distinguir-se” (AGAMBEN, 2007, p. 1).
Foi Aristóteles em Ética a Nicómaco dedicou dois livros ao estudo da philia e da amizade, que definiu a amizade em três tipos: aquela por prazer, por interesse e a amizade verdadeira, a primeira é fácil de identificar por é a busca do prazer recíproco, a segunda por que são úteis entre si, e a terceira, é possível entre homens bons porque desejam o bem por si mesmo e não colocam o prazer nem o interesse acima da amizade.
No capítulo IX o filosofo peripatético afirma:
“Talvez possamos dizer que nada há de estranho em romper uma amizade baseada no interesse ou no prazer quando nossos amigos já não possuem os atributos de serem úteis e agradáveis; na realidade éramos amigos desses atributos, e quando eles desaparecem é razoável não continuar amando.” (ARISTÓTELES, IX, 3, 1165b).
A segunda é aquela que diferencia o “amor ao próximo” e alguma espécie de sociedade (ou seja, os interesses), elas desaparecerão quando os interesses cessarem, Paul Ricoeur escreveu sobre isto.
No capítulo “O sócio e o próximo” do livro “História e Verdade” de Paul Ricoeur ele vai discorrer sobre a diferença entre estas relações, discorre sobre a caridade: “A caridade não precisa estar onde aparece; também está escondida na humilde e abstrata agência dos correios, a previdência social; muitas vezes é a parte oculta do social ”, Paul Ricoeur, Le socius et le Prochain (1954).
Somos lembrados pelo filósofo que assim como as instituições podem ter apenas relações de societárias, pode-se passar por elas também relações interpessoais, de afeto e de solidariedade e que tornam elas menos frias e menos burocráticas, onde se vê não um cliente ou um serviço a mais, mas um próximo pelo qual pode-se interessar.
Não por acaso é um capítulo de História e Verdade, porque a verdade só é estabelecida entre amigos verdadeiros e que são próximos, e se são sócios serão apenas para estarem mais próximos.
O site Twinkl publicou esta reportagem em função do dia internacional da amizade, dia 30/07 faremos uma ampliação e republicação deste post.
AGAMBEN, Giorgio. O amigo. Cadernos de leitura, n. 10. Acesso em 05/09/2017. Texto realizado a partir do original L’amico, Roma: Nottetempo, 2007.
ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. Trad. Mário da Gama Kury. 3 ed. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1999.
RIOCEUR, P. História e verdade. Trad. F. A. Ribeiro. Rio de Janeiro:Companhia Editora Florence, 1968.