Arquivo para julho 19th, 2016
Idealismo na idade da razão
O empirismo não foi criado por David Hume, mas por John Locke, entretanto será Immanuel Kant que inspirado em Hume, que dirá “ousar saber”, buscando uma sabedoria, numa visão dos iluministas longe das crenças e superstições, dirá Kant:
“Esclarecimento [Aufklärung] é a saída do homem de sua menoridade, da qual ele próprio é culpado. A menoridade é a incapacidade de fazer uso de seu entendimento sem a direção de outro indivíduo. O homem é o próprio culpado dessa menoridade se a causa dela não se encontra na falta de entendimento, mas na falta de decisão e coragem de servir-se de si mesmo sem a direção de outrem. Sapere aude!” (Kant, 1783)
O período compreendido entre fins do século XVII e fins do século XVIII, conhecido como século das luzes, caracterizou-se pela crítica a toda e qualquer crença, pela crítica aos próprios instrumentos utilizados para a obtenção de conhecimento, e por considerar o conhecimento como algo que tem a finalidade de tornar a vida dos seres humanos melhor, tanto no campo individual, como na vida em sociedade.
Kant tentou reduzir a moral ao campo pessoal, que embora critique na Crítica da Razão Prática os perigos de uma sociedade exacerbadamente egóica de seu tempo, por ele como uma “mania do eu”, uma “patologia social”, que transforma a noção de respeito em um equívoco fundado no sentimento interno de cada indivíduo, estabelecerá para conciliar racionalismo com empirismo, que “Age como se a máxima da tua ação fosse para ser transformada, através da tua vontade, em uma lei universal da natureza.”, na sua Fundamentação da metafísica dos costumes.
Deste modo, sua razão é uma tentativa de superação da razão “pura” de Descartes, mas ainda permanecerá preso a ela, a razão kantiana não é o jeito de pensar de cada um, é algo necessário e universal, ou seja, todos serem são regidos por ela.
Pode-se dizer grosso modo que na filosofia idealista o princípio básico é que Eu sou Eu, num sentido mais próprio do idealismo, o Eu é objeto para mim (Eu), para que sua dicotomia básica que é a oposição entre sujeito e objeto permaneça como incidente no interior do próprio eu, uma vez que o próprio Eu é o objeto para o sujeito (Eu).
O idealismo em sua complexidade é possível fazer uma divisão grosseira em três partes: (1749) ‘sistema filosófico que aproxima do pensamento toda existência’, (1828) ‘concepção estética na qual se deve buscar a expressão do ideal acima do real’, (1863) ‘atitude que consiste em subordinar o pensamento e a conduta a um ideal’, que encontrará seu ápice em Hegel.
KANT, Immanuel. (1783) Textos seletos. Petrópolis: Vozes, 2005
KANT, I. Fundamentação da Metafísica dos Costumes. Lisboa, Ed. 70, 1995