Arquivo para janeiro 19th, 2017
Hermenêutica, senso comum e formação.
Com o conceito de senso comum, usará outro conceito guia: o juízo, e usará para isto algo de Kant, depois de tê-lo criticado, para ele juízo: “é, enfim, não tanto uma faculdade, mas uma exigência a ser apresentada a todos” (p. 78).
Finalmente apresentará o conceito guias: juízo ao gosto, aqui esclarece claramente que não é nenhum conceito ideal, nem ‘questão de gosto´, mas algo social:
“O gosto não é somente o ideal que apresenta uma nova sociedade, mas em primeiro lugar vem a formar-se, sob o signo desse ideal do ´bom gosto´ aquilo que, desde então, se denomina a “boa sociedade” (p. 84), Gadamer faleceu em 2002, mas pode bem servir para hoje.
Se não ideal como chegar-se a ele? E responde: “não mais através do nascimento e do status, mas basicamente, através da comunhão de seus julgamentos, ou melhor, sabendo elevar-se da parvoíce dos interesses e da privacidade das preferências para exigência do julgamento” (idem).
Não é o conceito guia, mas toda a fenomenologia está fundamentada na vivência, isto é, os conceitos e questões devem ser desenvolvimento e aprovados socialmente, ou seja:
“A vivência possui uma imediaticidade que se subtrai a todos as opiniões sobre o seu significado. O que denominamos enfaticamente de vivência significa, pois, algo inesquecível e insubstituível, que é basicamente inesgotável para uma determinação compreensível de seu significado ..” (pag. 126), e assim.” Algo se obtém, de fato, a cada vivência.” (pg. 130).
É desta formulação que brotará a ideia de horizontes, e fusão de horizontes, enfatizada que ela é um conceito particular de situação, que no diálogo com outro significa sua posição:
“Esse não é um verdadeiro diálogo; não se ´procura o entendimento sobre um tema, já que os conteúdos objetivos do diálogo não são mais que um meio para conhecer o horizonte do outro … o outro se torna compreensível em suas opiniões, a partir do momento em que se tornou reconhecida sua posição e horizonte, sem que, no entanto, isso implique no fato de que chegamos a nos entender com ele …” (pg. 553)
Mas antes de concluir o volume I procurará responder a questões fundamentais: “trata-se de uma descrição correta e suficiente da arte da compreensão histórica, a de que é necessário aprender a deslocar-se a horizontes alheis? Pode-se dizer, nesse sentido, que existem horizontes fechados?” (pag. 554), onde lembra as objeções de Nietzsche sobre o historicismo e sua ligação “fechada” com o mito, e esclarecerá que toda a compreensão histórica do Iluminismo não foi senão a perspectiva romântica do indivíduo solitário, da mesma maneira queo horizonte fechado “que cercaria uma cultura é uma abstração” (pg. 455), pois o “horizonte é antes, algo no qual trilhamos nosso caminho e que conosco faz o caminho” (idem), ou seja, nossa meta.
Isto não é um resumo, nem mesmo uma gota do pensamento de Gadamer, mas procuramos aqui delinear algumas chaves de leitura para poder indicar um pensamento contemporâneo maduro e profícuo.
GADAMER, H.G. Verdade e Método, Petrópolis: Vozes, 1996.