Carona para Deus e corrupção aqui não
Conforme prometido (post) comprei o livro de Ricardo Araújo Pereira, o português que anda fazendo sucesso, agora com o Reaccionário com dois cês, pulei e fui directo para duas histórias do índice: Quando Deus entrou no meu carro (pg. 76) e Corrupção não entra aqui (pg. 31).
Não gosto de leituras transversais, mas o livro de Ricardo Araújo é uma série de contos que podiam muito bem caber num blog, mas ele não ganharia dinheiro nenhum com isto, já estou imitando ele que faz ironia e piada com tudo, mas com muita criatividade.
Estes dois contos me chamaram a atenção pela proximidade com o Brasil, o primeiro conta que estavam num engarrafamento e viu Deus acenando para táxis quase lotados (deve ser de quanto era mais jovem) e pediu para os pais que não eram “crentes” darem carona para Deus.
Para um jovem torcedor do Benfica, deus era Eusébio e o conto vai por ai afora, ele falando da emoção que guardou por muitos anos do carro do pai que depois comprou e depois fez os filhos sentarem no banco que havia sentado ”deus”, quer dizer Eusébio, celebre jogador da selecção portuguesa dos anos 60, a semelhança com o Brasil dispensa comentários.
O segundo conto, pois li nesta ordem, conta um caso de corrupção que envolveu a Alemanha, ele explicando que o executivo deste caso foi punido na Alemanha, apesar do corruptor aqui ter se negado a entrar na história, seriam a compra de dois submarinos, e diz ironicamente, que “em Portugal as pessoas não tem a decência de participar na dança da corrupção”, e novamente o paralelo com o Brasil é evidente, inclusive no caso da “eficácia alemã”, pensei que só o brasil pensava no 7 x 1, existe a versão portuguesa disto.
Não sei quanta coisa mais herdamos deles, mas que há uma semelhança paternal, sem dúvida há, está tudo com dois cês porque começo a aceitar a paternidade portuguesa, expliquei aos portugueses a minha rejeição, mas devia ter ficado quieto e aceitado o paternal afecto.