Caridade, Perdão e Santa Ceia
A caridade cristã exige um amor universal, devemos amar a todos (não quer dizer concordar sempre) indistintamente, na amizade isto é opcional, mas o amor Philia que é um amor fraterno exige reciprocidade e assim a amizade pode se universalizar.
Na Santa Ceia, a última de Jesus com seus amigos ele quer universalizar a amizade deles e torná-la caridade, para isto a humildade de fazer aquilo que os empregados domésticos faziam: lavou os pés dos seus amigos, mas indicando um gesto de caridade e que isto deveria ser feito entre os seus discípulos.
Mas os filósofos pensaram sobre isto, alguns modernos pensaram na tolerância, mas esta se restringe ao campo jurídico e institucional, algo como “dar ao outro o direito que também tem”, mas aí surge uma batalha apenas legal, algo dentro da “força da lei”, mas a 2a. guerra mundial, o nazismo mas também Hiroshima, inauguram para muitos o pós-moderno.
Sobre o perigo da “banalidade do mal” de Hannah Arendt e Albert Camus, mas Derrida diz que o perdão é possível mas não no “simulacro, no ritual automático, no cálculo hipócrita ou naquelas cena que parecem representar”, e sentencia “uma comissão ou um governo não pode perdoar”, e assim precisamos de uma gesto humano, algo como “lavar os pés”.
A caridade exige além da humildade, o perdão mas somente diante do Infinito que é Deus podemos ter esta capacidade, por que o perdão envolve muitas vezes uma injustiça, pois conforme diz o filósofo Derrida: “diante do infinito, todas as grandezas finitas tendem a se igualar, de modo que o castigo torna-se algo quase indiferente”, portanto só diante de algo tão infinito que é Deus o perdão se tornará possível e poderemos lavar os pés uns dos outros.
Assim dos filósofos que pensaram o perdão foi Derrida que olhou fora do acontecimento de ordem política ou jurídica, o termo amnestia significa esquecimento, assim Anistia não pode ser um fato político, mas humano senão é hipocrisia e injustiça.
O lava-pés antecedeu o crime da sexta-feira da paixão porque o divino perdão já estava pronto, como Hanna Arendt diria sobre a barbárie da 2a. guerra mundial: “horror em si, na sua monstruosidade nua … tornando-se algo que os homens nem podiam punir adequadamente nem perdoar”, assim modernos e pós-modernos poderiam aprender algo daí.