Hiper-realismo e fundamentalismo
Em tempos de discussão sobre o fundamentalismo religioso e as questões da ética que podem atingir a bioética é fundamental uma exposição que se realiza em São Paulo, a exposição de Patrícia Piccinini que desde o dia 12 de novembro se realiza no Centro Cultural Banco do Brasil.
Me choquei ao ver uma leitura fundamentalistas da obra, que afirmava seria uma crítica a genética ou as novas tecnologias, mas isto é apenas uma má leitura sobre a Obra e a vida da autora australiana.
As figuras feitas em tons realísticos (tem pelos e pele), como a de um babuína com uma criança, vem da história da relação de um bebê raptado por macaca que sofrendo com a perda de sua cria resolve substituí-la pela criança.
Primeiro há um lado além do antropológico, segundo Patrícia, é uma forma de enfatizar o lado animal (não o animalesco, entendam) dos humanos e debater as consequências da modificação da natureza e da interação que dela resulta.
Mas isto não quer dizer apenas uma crítica a mutação, a artista hoje com 50 anos, cresceu vendo o câncer da mãe ir evoluindo até a morte dela em 1992, conta que sonhava que a ciência pudesse ajuda-la com a cura, dizer com todas as letras: “Não me importo se a medicina é natural ou se usa órgãos de porcos, por exemplo. Só quero que funcione”, afirmou.
O verdadeiro sentido do hiper-realismo de Patrícia Piccinini além da obra de arte que já é em si um sentido, possui contornos pós antropológicos e ultracientíficos.