A liberdade do mercado contra o mercado
Um dos principais motores da atual crise cuja guerra é uma consequência antes de ser uma causa é a chamada crise de mercado, diversos produtos enfrentam barreiras de tentativas de controle de preço contra a alta demanda das commodities: gás, petróleo, ferro e até silício (não a areia é claro, mas os produtores manufaturados).
Assim enquanto a União Europeia discute o controle do preço do gás, tenta aumentar o estoque devido a guerra na Ucrânia, uma vez que a Rússia é o principal fornecedor, o que é contraditório pois se compram mais para manter o estoque com o inverno a vista (novembro), o custo deve aumentar e assim não é possível controlar os preços.
Também o total desligamento da maior usina nuclear da Europa, a Zaporizhzhia, que está sendo desligada, poderá ampliar ainda mais a crise energética, a Rússia continua a apontar os perigos das armas e bombardeios de Kiev a região, que pode levar a consequências catastróficas,
A crise da China com Taiwan também esconde uma crise de mercado, por um lado o poderio da ilha rebelde na produção dos chips de silício, e por outro uma crise interna agravada pela falência da Evergrande, a maior construtora do país, que era particular e agora será estatizada na tentativa de conter a crise.
A gigante imobiliária chinesa não conseguiu entregar o plano de reestruturação da dívida conforme prometido até 31 de julho e de lá para cá o governo chinês além de descobrir os malefícios do capitalismo, também recorre a estatização para evitar uma quebra mais grave, a dos bancos que financiaram o calote.
A empresa deixou de pagar os títulos em dólares em dezembro do ano passado, segundo estimativas divulgadas pela CNN, os valores chegariam a 300 bilhões de dólares em passivos, o que gera uma onda de falta de crédito em empresas que atuam no mercado imobiliário chinês.
Assim a China comunista conhece agora o efeito perverso do livre mercado.
O setor é responsável por quase ¼ do PIB chinês, e a atividade que mais contribuiu para o crescimento recente da economia lá, agora enfrenta uma forte desaceleração que também preocupa o mercado ocidental, que fez muitos e novos investimentos neste mercado.
Dependência do gás russo (gráfico) pode afetar gravemente a economia mundial, por exemplo, mesmo o Reino Unido sendo independente já é afetado.