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O que é a crise do idealismo

10 set

O cenário do envolvimento mundial nas guerras é um cenário difícil, é preciso entender o que está por trás, antes tempos um confronto cotidiano entre mentes, almas e interesses econômicos que se digladiam diariamente.

Tratam no fundo de uma defesa da “sociedade livre” ou da defesa de uma “sociedade liberta do capitalismo” sem que a origem destes pensamentos e modelos sejam analisados a fundo.

Refletem a crise do pensamento contemporâneo que não é apenas filosófica, religiosa ou política, ela e uma perda de fundamentos do que é o humano, a natureza e a própria ciência.

A visão de Sloterdijk expressa em sua esferologia no volume I Bolhas, ele mostra que o tanto o fenómeno onto como antropológico são mais essenciais que a a relação entre sujeito e objeto, pois precedem a ela a experiência espacial do Ser-em (ainda que não seja exatamente o que Heideger chamou de In-Sein), esta é a principal crítica ao idealismo contemporâneo.

No campo religioso (e pode-se estender ao pensamento), o ensaísta Byung-Chul Han, reflete que o “pathos da ação, bloqueia o acesso à religião. A ação não faz parte da experiência religiosa. Em Sobre a religião Scheleiermacher eleva a intuição à essência da religião e a contrapõe a ação” (Han, Vita Contemplativa, 2023, p. 154) vale lembrar que Scheleiermacher reintroduziu a hermenêutica como método e influenciou a fenomenologia moderna.

Disse textualmente (citado por Han) Scheleiermacher afirma em Sobre a religião: “sua essência não é nem pensar nem agir, mas a intuição e sentimento. Ela quer intuir o universo, […] ela quer escutá-lo devotamente, ela quer apreendê-lo em sua passividade infantil e ser plenificada por suas influências imediatas” (apud Han, p. 154), e afirma também “toda atividade em uma intuição admirada do infinito” e afirma Han: “quem age tem um objetivo diante dos olhos e perde o todo de vista. E o pensar dirige sua atenção a apenas um objeto. Somente a intuição e o sentimento têm acesso ao universo, a saber, o ente em sua totalidade” (Han, 154, idem).

Esse desprezo pelo ente em sua totalidade, tomando apenas seus aspectos sociais particulares como os econômicos, os étnicos ou mesmo os religiosos é aquilo que Heidegger chamou de esquecimento do Ser, ainda que os gregos tenham trabalhado aspectos ontológicos.

Porém há duas convicções e diferentes visões do idealismo, ou idealismo de estado em duas propostas, o capitalista e o socialismo, não esquecendo que Marx é também hegeliano, ainda que tenha se nomeado seu grupo como “novos hegelianos”.

E a crise da democracia é uma crise de estado, modelo que foi corrompido por megalopatas e ditadores que pouco ou nada sabem dos interesses e de como vive a população simples.

A guerra atual é a crise deste modelo, ambos dispostos a provar sua superioridade através da imposição bélica, e bem disse o escritor Eduardo Galeano: “nenhuma guerra tem a honestidade de confessar, eu mato para roubar” e mais evidente ainda matam civis inocentes.

 

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