Arquivo para maio 1st, 2017
Um inimigo do povo
O ministro Edson Fachin citou Henrik Ibsen (1828-1906) a semana passada, após ser voto vencido contra a soltura de pecuarista Bumlai e o ex-tesoureiro do PP Genu, disse que pensou em reler Um inimigo do povo, onde o escritor norueguês narra um certo Dr. Stockmann que sendo médico afirma que a água da cidade estava contaminada, mas esta água era a principal fonte de renda daquela comunidade.
Assim narra as contradições entre a consciência do trabalho a favor do bem comum e o desejo de conseguir a unanimidade, fato que fez o Dr. Stockmann entrar em choque com os interesses mesquinhos da cidade.
Ibsen, cujas ideias anarquistas teve grande influencia em intelectuais e políticos da sociedade de sua época, talvez seja uma das razões que estes países nórdicos gozarem de boa reputação em relação a corrupção, a distribuição de renda e políticos que não se servem da política, mas fazem dela um serviço.
Os ideais anarquistas, estão presente quando o médico do balneário, Dr. Stockmann afirma: “somente o pensamento livre, as ideias novas, a capacidade de um pensar diferente do outro, o contraditório, podem contribuir para o progresso material e moral da população”, anarquismo a parte, é a dificuldade para uma verdadeira dialogia.
Não havia lido, li seu livro mais famoso é Casa de Bonecas, obra concluída em 1979, e encenada pela primeira vez em Copenhagne na Dinamarca no teatro “Det Kongelige Teater”, que provocou polêmicas por denunciar a exclusão das mulheres na sociedade moderna, e que deu destaque ao pensamento de Ibsen não só na Escandinávia, mas em todo mundo.
O que Fachin quis apontar ao citar “Um inimigo do povo” é o perigo real que provavelmente a operação Lava-jato solte todos os implicados nos escândalos de corrupção no Brasil, deixando de fazer um importante ajuste na nossa história e jamais seremos uma Suécia ou uma Noruega porque não há líderes capazes de apontar um caminho de “ficha-limpa” e fim de enriquecimentos ilícitos a partir do abuso do erário público.
No dia do trabalho seria importante não apenas fazer média com a classe operário, mas mostrar quais são as águas poluídas que de fato minam a saúde de seus salários e dos serviços públicos a ela oferecidos.