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Arquivo para julho 4th, 2024

A interioridade em tempo de exterioridades

04 jul

O homem moderno se projetou não só sobre os objetos (o que a filosofia idealista chama de subjetividade) como também há uma ausência de ascese interior, aquilo que projeta e se constrói em sua alma, não são apenas valores, mas uma característica do ser-aí (dasein).

Isto se prolonga mais profundamente sobre a descrença de que exista alguma interioridade e então cultivar a empatia, o altruísmo, a boa vontade e partilhar o bem-comum é cada vez mais distante diante de valores egoístas, narcisistas e cultivo apenas da exterioridade mundana.

Os neoplatônicos, como Plotino (205 – 270), acreditavam no monismo e nessa irradiação de luz, existe um uno ou um deus (não era o Deus cristão) de onde emana uma fonte divina que irradia por toda a criação, nesta luz una que Agostinho de Hipona vai se apoiar nesta filosofia para negar o dualismo maniqueísta o qual crera antes e dali se deu uma virada ao cristianismo.

Alma, ou anima para os gregos, não é apenas uma interioridade mais também aquilo que o move exteriormente, assim não está desligado de suas ações no mundo, a distância entre a vita activa e a vita contemplativa, foi descrita por muitos autores, na antiguidade Gregório de Nazianzeno (329-369), um místico cristão que é citado por Byung-Chul Han na Sociedade do cansaço, e desenvolvido mais amplamente em seu livro mais recente Vitta Comtemplativa.

A festa judaica do Sabá (ou Shabat) (foto) é descrito no livro de Byung-Chul Han como o phatos da ação, que ele começa no seu livro descrevendo esta festa que contempla Deus e o Sabá, para a cultura judaica a redenção, o imortal (pag. 107), ontem o tempo fica em suspenso, ou seja, o momento de pausa na ação humana para a ação divina, assim complementar a ação.

A exterioridade e a interioridade estão relacionadas, o mal-estar civilizatória se deve a cultura e ao tempo que vivemos, mas também as interioridades sem uma verdadeira ascese.

Na Bíblia quando um paralítico (alguém com dificuldade de ação) se aproxima de Jesus antes de curá-lo ele afirma que os pecados estão perdoados (Mt 9,5), dá-lhe a interioridade plena, o Sabá.

HAN, Byung-Chul. Vita Contemplativa. Trad. Lucas Machado, Brasil, RJ: Petropolis, 2023.