A consciência e qual a origem da Vida
Já pontuamos aqui, em posts anteriores, o problema da consciência histórica, na leitura romântica de Dilthey cujo “seu ideal é decodificar o Livro da História” (Gadamer, 2006, p. 11), e a questão da consciência apontada pelo próprio Gadamer como o “problema de introduzir o problema hermenêutico a partir da perspectiva de Husserl e Heidegger” (idem, p. 10), e que na verdade o autor aborda sua Lebensphilosophie (idem), a filosofia da vida.
O problema da consciência agora visto como uma metamatemática , ou ainda como um problema da complexidade, não é apenas um problema de uma constante, de uma sequência previsível, que pode explicar muita coisa, mas não um Alfa e Omega, princípio e fim, diríamos quase simultâneos.
Sejam quais forem as cosmogonias e escatologias pensadas por seres humanos, todas terão algo em comum, temos consciência de um princípio e fim, e assim podemos dizer que temos consciência de que a consciência “escatológica” existe.
A pergunta na cultura cristã que deveria ecoar sobre a consciência, e indiretamente da nossa existência já que ela é vida, Jesus faz uma pergunta certeira aos seus seguidores, no evangelho de Marcos: “Quem dizem os homens que eu sou?” Eles responderam: “João Batista; outros, Elias; outros, ainda, um dos profetas”. “E vós”, perguntou ele, “quem dizeis que eu sou?” perguntando sobre qual o tipo de verdade eles se deparavam ao caminhar com Ele e ver os fatos e ideias que divulgava.
O fato que não temos resposta definitiva para a questão da consciência, já atentava Gadamer é um problema da Lebensphilosophie, isto é, do que pensamos sobre a vida, e em ultima instância sobre a vida dos Outros, não são os Mesmos, isto é, o Ego.
O que deve ecoar em nossos corações é que não podemos dizer o que somos, ou quem somos e tomar consciência de nossa própria consciência se não pensamos o nosso Ser como parte de uma humanidade diversa, onde o Outro é parte do Ser.
As equações e complexidades que definem a vida, não podem anular a vida que se escoa numa escatologia terrena que se dirige a uma eternidade divina, seja na Teoria do Big Bang (um início do tempo) ou na Teoria das Cordas (na ilustração, um abismo no tempo), a explicação física (algo existe) ou ontológica(o Ser existe), temos sempre consciência da necessidade da consciência, e ela deveria nos guiar.
GADAMER, H.G. O problema da consciência histórica, 3ª. Edição. Rio de Janeiro: FGV, 2006