Linguagem verbal, mista e mística
Linguagem verbal é aquela que encontramos somente palavras (pode ser a oralidade primária, secundária ou a escrita), enquanto a linguagem não verbal envolve gestos, signos visuais, imagens, figuras, desenhos, fotos, cores e até mesmo música, porém a comunicação pode se realizar além do gesto e então torna uma comunicação mística.
Não é específica das religiões, pessoas próximas, amantes e mesmo crianças podem se comunicar com esta perfeição sem o uso exclusivo da linguagem verbal ou escrita, ela é além da autossugestão envolve o tema que desenvolvemos mais atrás da empatia, o vigor de uma relação amorosa ou simplesmente uma abertura grande de alma.
Porém a linguagem mística para se fazer revelar para muitos e ser compreendida usa de recursos míticos, figuras de linguagens, parábolas e até mesmo a poesia, como já pensava Heidegger que considerava ela uma “outra função” da linguagem, os versos são ricos em metáforas, símbolos e estórias como a da passagem do samaritano que socorre uma pessoa que foi assaltada e agredida na estrada para explicar que o socorro ao Outro, a misericórdia com quem sofre e a ajuda é sempre uma “vontade” divina para o homem.
Porém ocorre que muitas passagens são lidas e analisadas fora do contexto ou fora do significado hermenêutico de sua realização, se no passado foram necessários vários recursos linguísticos para ler documentos místicos, entre eles a Bíblia, o Alcorão ou o livro de Vedas, não significa que eles possam ser lidos sem a hermenêutica necessária.
Também atualizá-los apenas para fazer uso política, seja qual for a tendência ideológica que o realize é uma hermenêutica suspeita porque depende de determinada concepção histórica, e sabemos que o texto sagrado, salvo sua leitura contextual, deve remeter a uma realidade divina atemporal e aespacial (embora o termo não exista), mas considerando a vida terrena de todos que a leem, é nisto que deve-se fundamentar uma boa hermenêutica.
A Bíblia não significa outra coisa senão aquilo que foi escrito a partir de uma palavra verbal, os evangelhos cristãos representam uma revisão e uma releitura dos fatos e relatos verbais dos primeiros tempos dos cristãos que se iniciou com a vida pública de Jesus, período de domínio do império romano e no qual além dele muitos outros se diziam profetas.
A linguagem mística encontra correspondência quando determinada alma está em sintonia com a “vontade divina”, no dizer cristão, atenta ao Espírito Santo e tendo uma graça especial para isto, o que é muito diferente de influenciadores comuns em nossos dias devido aos poderes midiáticos e aos apelos as nossas necessidades humanas, deve-se estar atendo ao divino, claro que isto é para aqueles que creem, embora também uma comunicação não verbal perfeita possa perfeitamente acontecer entre os que não creem, mas será desprovida de qualquer revelação divina.