O poder e a violência
Historicamente povos pacíficos ou com pouca estrutura de defesa foram dominados por povos imperialistas muitas vezes justificando por valores sociais ou causas nobres, porém a pratica no final é de dominação, desenvolvida por Max Weber.
Na história recente, as ideias do “soberano” de Hobbes e o “príncipe” de Maquiavel iniciaram a ideia de Estado ainda no período que haviam reis (no Inglaterra e outros países ainda há), e depois foram reelaboradas por Kant e Hegel, onde os conceitos de cidade-estado e cidadania da antiguidade clássica foram recuperados e atualizados, porém esta é a ideia do poder moderno.
A ideia de democracia no sentido americano da palavra foi desenvolvida por Alexis de Tocqueville, que é ao mesmo tempo um elogio ao modelo americano, porém possui lacunas de interpretação que permitem uma análise critica.
A ideia que todo poder emana do povo, apesar de ser um modelo ideal no sentido lato da palavra, é mesmo o projeto final do idealismo, porém Sloterdijk constata que o modelo de “domesticação humana” falhou, são duas guerras nos países ditos “avançados” e uma a espreita.
As análises mais recentes, que tratam do poder “de fato” presente em formas de dominação e controle ideológico das populações (ideologia aqui é num sentido amplo) parte da análise de Michel Foucault que há formas dispares, heterogêneas e em constante transformação de como este poder é exercido, assim está em toda parte e não em uma instituição ou em alguém, onde ele desenvolve os conceitos de biopoder e micropoder.
Byung Chul Han, discípulo e na linha de Peter Sloterdijk, desenvolve a forma mais avançada que temos hoje que é o psicopoder, não apenas pelo controle de notícias e fake News, mas de modo especial pelas relações que se desenvolvem socialmente onde não reciprocidade, aquilo que Chul Han chama de “simetria”.
Diz ele não há simetria em nenhuma forma de poder e nem na comunicação (assim toda comunicação é uma forma de dominação e poder), somente há simetria onde há “respeito”. e assim a forma mais “violenta” de política hoje é desrespeitar o adversário de várias formas.
Esta é a violência cotidiana, que ela avance para sua forma mais cruel que é a guerra não é senão uma consequência, assim a violência começa nas ações de violência psíquica no dia-a-dia.
Assim estabelece Chul-Han: “o poder é uma relação assimétrica. Ele fundamenta uma relação hierárquica” (HAN, 2019, p. 18) e ele é a base de toda violência social e política, um poder que seja realmente democrático deve reelaborar a simetria ou a reciprocidade entre cidadãos e o estado.
HAN, B. C. No enxame. Petrópolis: Vozes, 2019.