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A guerra pode se estender ao Oriente

24 jun

A inclusão de mais protagonistas num ambiente de guerra propicia sua escalada, e a resposta da Rússia ao encontro na Suíça foi imediata.

Putin se reuniu com o presidente da Coréia do Norte, um dos países mais fechados e bélicos do mundo, e depois foi ao Vietnã do Norte em busca de cooperação para a guerra na Ucrânia, a reação da Coréia do Sul foi Imediata, o presidente sul-coreano Yoon Suk-Yeol declarou: “é absurdo que duas partes com um histórico de lançar guerras de invasão, a Guerra da Coreia e a guerra na Ucrânia, agora prometam cooperação militar mútua com base na premissa de um ataque preventivo por parte da comunidade internacional que nunca acontecerá”, entretanto é uma clara ameaça.

O documento chamado de “Tratado Abrangente de Parceria Estratégica” tem o mesmo espírito da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) , que prevê assistência de todo bloco a qualquer ataque que um membro sofra, a Rússia já tem a parceria da Bielorrússia, e assim parecem se formar as alianças que antecederam a segunda guerra, na época o Eixo era Alemanha, Itália e Japão, e depois aliaram-se também a Bulgária, a Croácia, a Hungria, a Roménia e a Eslováquia (a Finlândia, que não participou) Stalin da Rússia chegou a acenar a um acordo e depois traído, tornou-se inimigo do Eixo e uniu-se a Aliança que os combatia (França, Reino Unido e EUA).

Pode-se imaginar que este clima era absurdo, povos que viviam em paz aliarem-se deste modo, porém se olharmos nosso cotidiano hoje não é diferente, se olharmos a visão quase sempre polarizada e criando narrativas para as guerras podemos entender como este clima se instala, desejar a paz é também uma opção e poucos pensam assim, neste momento o presidente coreano destaca em seu discurso a ideia clara que o país não vê motivo para a guerra, mas não descarta enviar auxílio à Ucrânia e assim um novo polo do conflito surge.

Reagir com passividade em um conflito não significa omitir-se ou contrário é a posição mais dura por que verifica que há equívocos sempre que o recurso é a guerra, a leitura de uma narrativa não é a narração, conforme afirma Byung-Chul Han e Walter Benjamin (O narrador), lembram que a história contada por Heródoto do rei Psammenit “serve como exemplo de sua arte da narração” (Han, 2023, p. 21).

Nela o rei egípcio Psammenit ao ser derrotado na guerra pelo rei persa Cambises, após ver a filha reduzida a criada e o filho sendo levada para ser executado permanece com os olhos para o chão, porém ao ver entre seus servos prisioneiros, um homem idoso e frágil “bateu em sua cabeça com os punhos e expressou profunda tristeza” (Han, 2023, p. 22) pois talvez preferisse estar no lugar daquele pobre homem, a guerra destrói nossa humanidade mais profunda, a narrativa distorce e desumaniza a história.

Assim é preciso uma narração sensata, serena, o atual potencial bélico do mundo pode nos levar a mais séria crise civilizatória muito além da barbárie podendo chegar ao extermínio ou a um limite intransponível de ódio e violência, temos esperança de paz se ainda houver pacíficos. Diz a leitura bíblica: “Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus!” (Mt 5, 9).

Han, Byung-Chul. A crise da narração. Trad. Daniel Guilhermino. Petrópolis: ed. Vozes, 2023.

 

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