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Entre o espírito e a espiritualidade

28 jul

Henri Bergson procurava uma nova filosofia da vida, aquela que vai além do que a inteligência pode atender, a dimensão psicológica e criadora da evolução, complemento esta filosofia com a ideia da noosfera de Teilhard Chardin, não se trata de simples colagem, mas convergência entre a filosofia, a religião e uma espiritualidade que propicie um diálogo com as cosmovisões culturais.

As diferentes teorias da vida pretendem atingir o conhecimento através de categorias desenvolvidas pela inteligência, a sabedoria e a intuição podem ir além, o que diz Bergson a própria inteligência é um produto da evolução, sabemos mais do que sabia o homem primitivo.

A inteligência criada pelas necessidades da vida para agir sobre os objetos, a natureza , o próprio agir e a sabedoria necessária para isto, fundamentou-se inicialmente na matéria, porém ao substituir o todo pela parte, tornou-a ilegítima, para compreender a vida e o sentido da evolução, é preciso um novo método de pensamento que entenda o sentido natural de inteligência, com ajuda da intuição, não é contraditório com a sabedoria presente em várias cosmovisões.

Para Bergson o que caracteriza a inteligência é aquilo que chama de “duração”, partindo da própria existência como seres vivos, para aprender o que é a vida como uma variação perpétua e contínua de nosso espírito, depois levanta a duração do universo que se forma incessantemente, e em cada forma mínima que ele revela seu impulso criador, este estado de mudança extrapola a matemática e a física que só pode modelar cada mudança em uma curta “duração”.

Teilhard de Chardin ao caracterizar o “fenômeno humano” o vê como uma complexificação da matéria, aí diferente de Bergson não vai separar aquilo que ele chama de “matéria” inerte, e para Teilhard de Chardin é um corpo “vivo” de tudo que existe, pelo qual foi acusado de panteísmo, e vê na existência do Universo como Bergson algo que não pode ser separado de uma evolução criadora, que vai modificando formas e mecanismos de interação, também evolui a “sabedoria”.

Também o problema da duração aqui Bergson se distância da ciência, ao menos da atual que vê o tempo não como “duração” mas como uma “dobra”, Chardin está mais próximo da Ciência ao ver na evolução a aproximação da criação e a complexificação do universo, da natureza e do homem a aproximação do Criador e da eternidade.

A evolução de Bergson então caminha para a evolução da vida da consciência, volta assim ao subjetivismo e a consciência abstrata dos idealistas, para Chardin ao chamar o homem de “fenômeno humano” (não é contraditório com feito a “semelhança” de Deus pois caminha para a eternidade), diz que tipo de consciência é a humana, a consciência de sua existência física que não se separa da espiritual.

BERGSON, Henri; A Evolução Criadora, Silo Paulo: Martins Fontes, 2005.

CHARDIN, Teilhard. O fenômeno humano. Trad. Armando Pereira da Silva. SP: Cultrix, 2001.