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Arquivo para julho 26th, 2017

Pós-modernidade e ontologia

26 jul

A possível conclusão do Lyotard da Condição Pós-moderna (1979) é que PostModernity2a pragmática das regras que governam o jogo de linguagem da ciência redefiniu os seus objetivos, métodos e suas funções (Lyotard, 1979, pags. 47 e 104), onde parceiros sociais são chamados a participar diretamente das metarregras que ordem a vida social, profissional e privada.

Entretanto desde as primeiras páginas de seu livro Le différend  (1983) tomou uma posição muito mais radical que a inspiração anterior, reconhecendo os méritos da libertação das práticas e gramáticas “diferentes” (este é o tema central do novo Lyotard), as práticas linguísticas do idealismo: platônico, logicista, especulativo e mesmo o hermenêutico (Gadamer também redefiniu este último), considerou o risco do “sujeito antropomórfico” que transcendental que se pretendeu dono e usuário da linguagem.

O sujeito não é o “usuário virtual” o destinador da linguagem, ele deve ser definido em três outras instâncias: destinatário, sentido e referência; existe um “acontecer” e um “apresentar”.

O que dá este poder de abertura da linguagem é a frase, “poder de abertura e de fechamento do universo”, instância temporal doadora do Ser, acontecimento ontológico que apresenta um universo surgido do silêncio e do Nada que separa cada frase de qualquer outra frase.

A linguagem opera uma “retirada” que reduz o ser singular e contingente apresentado pela frase a um estado ôntico dominado por encadeamentos “quase necessários” que encobrem o Nada e o silêncio consubstanciais a cada frase.

Assim “destinador, destinatário, sentido e referência” são as instâncias que constituem o universo aberto, por uma frase, as instâncias que toa frase apresenta no momento de sua ocorrência, no momento de seu acontecimento imprevisível e contingente.

Há diversas referências do dito acima, como a função de destinador de Lyotard no cap. 1, páginas 30 e 31, e também notas sobre Frege no Capítulo 2, em especial a nota 3.

Não é tão simples, mas há nesta obra uma passagem do “pragmático” ao “ontológico”.

Lyotard, J. La Condition postmoderne. Paris: Minuit, 1979.

Lyotard, J. Le différend, Paris: Minuit, 1983.