Arquivo para abril 12th, 2024
Vencer o medo tendo esperança
É comum ouvir no dia a dia, não tem jeito, está tudo perdido mesmo, em dias difíceis para toda a humanidade, parece impossível acreditar num futuro cheio de luz e felicidade, porém tanto na filosofia quanto na verdadeira espiritualidade existe um espírito de resistência: a esperança.
Tantas vezes na história parecíamos perto do fim, os impérios antigos, as grandes guerras e as duas “mundiais” recentes não são um mero acaso, e também não deixaram de ter muita morte, tristeza e decepção, mas o pior é que não tivemos a sorte de entender aquele flagelo.
Não sabemos lidar com a dor, com a decepção, com o “não” e queremos a todo custo ser os vencedores em qualquer contenda, até mesmo as esportivas que deveriam ser motivo apenas de alegria e distração, podem se tornar uma guerra pela falta de espírito sadio de competição.
Na Sociedade Paliativa: a dor hoje, Byung Chul-Han escreve: “A sociedade paliativa é uma sociedade do curtir. Ela degenera em uma mania de curtição. O like é o signo, o analgésico do presente. Ele domina não apenas as mídias sociais, mas todas as esferas da cultura. Nada deve provocar dor”, queremos algo que “cure” imediatamente ou suprima qualquer dor ou mesmo um pequeno sofrimento.
O autor cria um verbo baseado nas novas mídias: “Não apenas a arte, mas também a própria vida tem de ser instagramável; ou seja, livre de ângulos e cantos, de conflitos e contradições que poderiam provocar dor. Esquece-se que a dor purifica”, e o medo traz luz a consciência.
Como vencê-lo? Já parou para tentar responder essa pergunta? com a Esperança, não aquela de quem espera e nada faz, mas aquela de quem para e medita sobre a dor, sobre também aqueles que sofrem injustiças, julgamentos e que deveriam ocupar nossas consciências.
A resistência do Espírito, que Edgar Morin preconiza para os dias de hoje, são também um espírito de Esperança, porque de nada valeria o exercício espiritual, sem que nele coubesse uma crença num futuro melhor para todos, de paz, de justiça e de aceitar as diferenças.
Na narrativa bíblica, quando os discípulos viram Jesus ressuscitado “andando sobre o mar”, tiveram medo e não entenderam bem o significado icônico dele, mas o mestre disse (Jo 6,19): “Coragem, sou eu”, e se aproxima deles, uma força nova veio justamente após este “medo”.