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Criatividade e invencionices

17 jan

Criatividade é algo diferente da pura invencionice, modismo ou adesão acríticaAlightPen a realidade, é preciso ter uma percepção do que está acontecendo na realidade e também na percepção do que acontece (o que pode ser chamado de teoria, mas o termo é incompleto), David Bohm chama a atenção para: “cada ‘coisa’ que existe na natureza tem alguma contribuição para o modo de ser do universo como um todo” (BOHM, 1957, p. 146).
Hoje com as pesquisas em física quântica, não se pode mais pensar nas partículas ou subpartículas, pois dependendo do contexto também as partículas precisam ser interpretadas, inclusive uma partícula pode se transformar em outras.
Assim segundo Bohm a percepção humana é limitada porque a realidade (e sua percepção) está constantemente mudando, e também uma coisa modifica a outra a todo o momento, assim o conhecimento depende do contexto em que o objeto encontra e cria relações com o observador, e o pensamento humano com suas categorias pode ser colocado em cheque pois quem o ignora tem um pensamento limitado sobre a “coisa”.
Todas as coisas animadas e inanimadas têm uma ordem implicada que se refere a uma informação que determina a sua forma, ou seja, o contexto in-forma conforme sempre afirmamos em nosso blog, mas este contexto muda o tempo todo.
Invencionices são falsas criatividades, tentam negar o contexto no qual a ordem se in-forma, na verdade é uma repetição de velhos raciocínios sobre um mundo em mutação, um bom exemplo no mundo digital foi a ideia que a light pen (caneta digital) seria boa para percorrer a tela e fazer desenhos, em seu lugar veio o mouse, mais preciso.

Mas o que é então a percepção, Bohm e Hiley defendem que  é um a ordem implicada, uma vez que ela atua sobre uma forma como a base do pensamento, uma vez que este baseia-se nas informações contidas na memória (1993, p. 383), serão estas informações que constituem a base da comparação pela qual se percebe as semelhanças e diferenças entre as sensações.
De acordo com este pensamento, para haver criatividade é necessário alargar a percepção, mas não há método para isso, a criatividade é um jogo livre da percepção, e isto significa fazer exercícios corpóreos e mentais para que a mente tenha um tipo de diálogo livre no qual este condicionamento possa ser desfeito (BOHM, 1987, p. 229).
Em termos de filosofia é parecido a epoché, mas Bohm chama de meditação, sem ela não haverá criatividade, mas invencionices sobre as mesmas formas “fechadas”.
BOHM, D. (1957). Causality & chance in Modern Physics. Philadelphia: University of Pennsylvania Press, 1957.
BOHM, D.; PEAT, F. D. (1987). Science, order and creativity. London; New York:  Routledge Classics, 2011.

 

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