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O mal e a Natureza do Bem

23 jan

Agostinho de Hipona era um maniqueísta errante, com uma vida boemia eaoBem cheia de amores, chegou a ter um filho, sua mãe Monica uma cristã fervorosa pedia pela conversão do filho, mas Agostinho julgava os cristãos ignorantes demais e pouco elaborados, até que conheceu Ambrósio, que era bispo de Hipona, que a bem da verdade, era um intelectual e fora prefeito da Ligúria e Emilia, que tinham como capital Mediolano, hoje Milão, mais tarde o povo o fez bispo.
No contato com Ambrósio, Agostinho torna-se cristão e escreve neste período A natureza do Bem, onde contesta a concepção de Mani no que diz respeito ao mal e, então a dualidade de princípios que se baseava o sistema cosmológico da seita maniquéia, é substituída por uma ontologia.
Agostinho então se preocupa em afirmar que toda natureza é um bem, uma vez que procede de Deus e que o mal, não está entre os seres criados, mas é construído quando não se faz o bem.
Agostinho conhecia Fausto que era um dos grandes sábios da seita maniqueísta, mas descobre que seu conhecimento era limitado e se restringia à Gramática, Cícero e alguma coisa de Sêneca.
De modo mais elaborado, a teoria completa de Agostinho, afirma que há uma corrupção do modo (modus), da espécie (species) e da ordem (ordo), que são atributos ontológicos dos seres, e portanto inexiste ontologicamente o mal, bem como suas implicações filosófico-teológicas.
O pensamento de Agostinho sobre a matéria não é o dualismo entre espírito e matéria, afirma ele:
“Ignorava que Deus é espírito e não tem membros dotados de comprimento e de largura, nem é matéria porque a matéria é menor na sua parte do que no seu todo. Ainda que a matéria fosse infinita, seria menor em alguma das suas partes, limitada por certo espaço, do que na sua infinitude!.” (AGOSTINHO, 2006)
Mas e se o mal acontece como reagir a ele ? Agostinho esclarece isto, para se julgar o homem com justiça, conferindo-lhe castigos ou penas, a própria percepção social do mal, conforme as ações ou intenções de quem as pratica, afirma: “[…] não é injusto que se dê aos perversos o poder de causar dano uns aos outros, para que se prove a paciência dos bons e seja castigada a iniquidade dos maus.”, escreveu no cap. 21 de sua obra “A natureza do bem”.
Duas obras contemporâneas tratam de modo diverso, mas profundo também estes dilemas: “A fragilidade da Bondade” (eu diria do Bem), de Martha Nussbaum e A simbólica do Mal, de Paul Ricoeur, o mal é uma questão filosófica posta, e não é portanto a questão maniqueísta.
AGOSTINHO, S. Confissões. 21. ed. Tradução de J. Oliveira Santos e A. Ambrósio de Pina. Petrópolis: Vozes, 2006.

 

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