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Teilhard de Chardin e a espiritualidade

09 mar

Cito muitas vezes de cabeça o fato que Chardin seja enviado pelos  Jesuítas para a China por considerarem seu pensamento um pouco avançado para a época, para dizer o mínimo, sua primeira viagem foi em 1923, mas houve tantas entre os anos 1923 e 1945 que ele a considerou sua “segunda pátria, e diz sobre ela: provo pela China, meu país adotivo, um grande reconhecimento. A China foi a sorte da minha vida. Contribuiu, com sua imensidão enormidade de suas dimensões, para ampliar o meu pensamento e elevá-lo à escala planetária” (apud Teixeira, 2012, p. 171), por isto digo que a China “confirmou” suas teses e sua espiritualidade.

Tal foi sua sorte, que disse a um amigo Padre Leroy, que registrou em livro: “Posso dizer-lhe que vivo agora permanentemente na presença de Deus”, Chardin fez sua passagem justamente na Páscoa de 1955, em Nova York, aos 74 anos

Coloco três obras como fundamentais para entender sua espiritualidade: O fenômeno Humano, o Meio Divino e o Grupo Zoológico Humano (1948), infelizmente parte de sua correspondência pessoal e de seu diário foram perdidos, e poderiam muito bem complementar seu pensamento.

Como um intelectual rejeita o pensamento teológico-filosófico ingênuo que quase sempre cai em armadilhas de puro Devocionismo (a devoção é importante), do dogmatismo superficial (a religião tem dogmas) e procura fazer uma leitura mais adequada ao homem contemporâneo.

Refuga a tendência a uma especialização extremada e assim caminha com outros pensadores atuais para o chamado “paradigma da complexidade”, no fenômeno humano vê o homem como o processo de complexificação da vida desenvolvida na Biosfera, aquilo que levou muitos a vê-lo como evolucionista e alguns teólogos como panteísta.

A deplorável situação em que se encontra o cristianismo era uma de suas preocupações constantes e tinha ao mesmo tempo um desejo de voltar às origens, como atualizá-la em contato com um mundo moderno que sofreu transformações culturais e sociais, escreveu:

“… a grande objeção de nosso tempo presente contra o cristianismo, a verdadeira fonte de desconfiança que tornam estanques à influência da Igreja blocos inteiros da humanidade, não são precisamente dificuldades históricas ou teológicas. É a suspeita de que nossa religião torna desumanos os seus fiéis (TEILHARD DE CHARDIN, 2014, p. 35).

Diz um cardeal-poeta português José de Tolentino Mendonça: ““Ser cristão é um risco, ser humano é um grande risco”, também busca uma visão realista do mundo moderno e como poeta procura integrar-se a ele, o meio divino é também o meio humano em Chardin e está imerso no universo, o grande mistério do Amor de Deus e o grande meio divino no qual a vida emergiu.

TEILHARD DE CHARDIN, Pierre. O Meio Divino: ensaio de vida interior. 2. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2014.

 
 

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