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Epistemologia e ciências humanas
Do meio do século XIX até o início do século XX, as ciências humanas viveram uma verdadeira transformação na busca de uma alternativa para os fundamentos epistemológicos do conhecimento científico, pois os velhos modelos “positivista” e “naturalista” estavam em cheque.
Dilthey, sucessor de Schleiermacher que propôs o método hermenêutico, buscou fundamentos filosóficos para uma epistemologia do conhecimento científico, assim dizia: “As ciências que têm a realidade sócio histórica como seu objeto de estudo buscam, mais intensamente do que antes, as relações sistemáticas entre elas e com os seus fundamentos.” (DILTHEY, 1989, p.59).
Gadamer vai diferenciar a paridade com as ciências naturais com as ciências humanas (Geistewissenchaften), propondo que o que ocorre com uma interpretação artística, é diferente da leitura, pois “A leitura, enquanto distintas de um ´recital´, não se coloca por si mesma; ela não é uma atualização autônoma de um padrão de pensamento, mas permanece subordinada ao texto restaurado pelo processo de leitura. ” (GADAMER, 2012, p. 11).
O modelo ideal é romântico, como chamado por Gadamer, trata consequências para a epistemologia, pois “O seu ideal é decodificar o Livro da História. Esse é o método pelo qual Dilthey espera pode justificar a auto compreensão das ciências interpretativas e sua objetividade científica. ” (idem)
Assim como os textos possuem um “sentido puro”, também a história o teria, na análise de Gadamer entretanto ”a sua auto compreensão com relação às ciências não é “verdadeiramente consoante com a sua posição fundamental em termos da Lebesphilosophie “ (filosofia da vida) (GADAMER, 2012, p. 12).
Esclarece que ela se encontra sempre “na conexão entre ´vida´, que sempre implica consciência e reflexividade (Besinung) , e ´ciência´, que se desenvolve a partir da vida como uma das suas possibilidades” (idem).
Assim, a implicação epistemológica clara: “As ciências humanas adquirem assim uma valência ´ontológica´ que não poderia permanecer sem consequências para a sua auto compreensão metodológica.” (idem)
Assim, as ciências humanas “encontram-se mais próximas da auto compreensão humana do que as ciências naturais. A objetividade destas últimas não é mais um ideal de conhecimento inequívoco e obrigatório.” (idem).
Irá buscar na Ética a Nicômacos os fundamentos perdidos, quando no livro sexto Aristóteles distingue: “do conhecimento teórico e técnico o modo do conhecimento prático, ele exprime, a meu ver, uma das maiores verdade que permitem ao pensamento grego trazer à luz a ´mistificação´ científica da sociedade moderna em que reina a especialização.” (GADAMER, 2012, pag. 13).
Referências
DILTHEY, W. Introduction to the Human Sciences. Ed. by R. A. Makkreel & F. Rodi; trad. Michael Neville. New Jersey: Princeton University Press, 1989.
GADAMER, H.G. O problema da consciência histórica, 3ª. edição, 3ª. reimpressão, Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 2012.