Arquivo para setembro 15th, 2017
Perdoar para mudar
A essência da ética em tempos de relativismo é uma ética instrumental que serve a interesses específicos e não contempla o conjunto da sociedade, manter os princípios e não se distanciar do que é justo, é preciso ter princípios claros e não se desvencilhar dos ressentimentos.
O que nos impede de ir ao encontro do outro, e ultrapassar as barreiras de uma lógica social cada vez mais individualizada, ou fechada em grupos, é a escuta, mas também o perdão.
Não permitimos que o outro supere os próprios problemas e erros cometidos e recome a sua vida a partir do perdão, e se possível até mesmo da reconciliação, abrindo-se ao recomeçar.
Também sobre isto disse Shakespeare: “guardar ressentimento é como tomar um veneno e esperar que a outra pessoa morra”, assim a primeira interessada no perdão é a própria que guardar rancores e ódios por toda a vida, envenenando-se.
É significativa a passagem em Mateus 28,21-22, ao responder a Pedro quantas vezes se deveria perdoar, “Jesus respondeu-lhe eu não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete”.
Porém do ponto de vista social, a questão é mais ampla é preciso superar o passado, em especial no sentido da mudança, a vingança social é o mais grave empecilho para a mudança e permite retrocessos históricos.
Escreveu Sloterdijk em No mesmo barco, ensaio sobre hiperpolítica, fazendo alusão ao último homem de Nietzsche, último homem no individualismo da era industrial não é apenas o positivista sociável que inventou a felicidade, com seu pequeno desejo diurno e seu pequeno desejo noturno … Eles vivem o sentimento de não retorno; o indivíduo individualiza- do até o limite quer uma vivência que se autorrecompensa … “ (Sloterdijk, 1993, p. 88-89).