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O ser do ente e as mídias

27 out

LevinasFoi o filósofo Emanuel Lévinas (1906-1995) quem melhor sintetizou o pensamento de Heidegger (1889-1977), sobre ontologia, este filósofo que fez a discussão sobre o ser renascer, percebeu que havia um esquecimento no pensamento moderno, e este influencia profundamente o pensamento cotidiano de nosso tempo, o esquecimento do ser ou sua troca pelo ente.

A filósofa e fiel seguidora de Husserl, Edith Stein escreve assim sobre este Ser esquecido de nosso tempo, como projeto infundado de superar a metafísica que que examente este   ser que era confundido com um ente determinado em cada época da metafísica; a ideia, a substância, ipsum esse, cogito sum, o eu transcendental, saber absoluto e muitos outros, assim lutamos com as coisas e com os entes, mas estamos presos a este ser do ente.

Na palavra cotidiana isto significa consumismo, individualismo, e tantos outros ismos, mas nenhum deles escapa do idealismo, o que propomos pouco ou nada tem a ver com o SER.

O equívoco mais profundo é separar o SER de sua existência, em uma transcendência as vezes eloquente, mas sem fundamento, esclarece Lévinas:

“A ontologia, dita autêntica, coincide com a facticidade da existência temporal. Compreender o ser enquanto ser é existir. (…) A ontologia não se realiza no triunfo do homem sobre a sua condição, mas na própria tensão em que esta condição se assume. (…) O homem inteiro é ontologia. Sua obra científica, sua vida afetiva, a satisfação de suas necessidades e seu trabalho, sua vida social e sua morte articulam, com um rigor que reserva a cada um destes momentos uma função determinada, a compreensão do ser ou da verdade”.  (LEVINAS, 1997, p. 22).

Assim precisamos SER e isto não está desligado do ter, do saber, do conhecer, mas tudo vivido em um tempo concreto: no dia de hoje, com seres concretos: aqueles que estão a nossa volta, ligados aos entes que nos são possíveis, separá-los é estar preso ao pensamento apenas, não há conexão com a realidade.

O SER do nosso tempo é envolto em técnicas, tecnologias e saberes, não apenas os cultos é claro, mas todos aqueles que vem da percepção e relação com o Outro, que Lévinas prefere chamar de Outrem, para enfatizar que é um não-eu.

LEVINAS, Emmanuel. Entre nós: ensaio sobre a alteridade. Trad.  Pergentino S.; Pivatto et al.  Petrópolis: Vozes, 1997.

 

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