Kenosis, transparência e valores
O diálogo é, portanto um caminho para a transparência, tanto entre pessoas como no sentido social, e na medida em que fazemos a mais profunda também realizamos uma kenosis, que no sentido místico é o esvaziamento da própria vontade para a aceitação do desejo divino, mas se consideramos o divino presente no Outro, a kenosis é própria de um profundo diálogo.
O esvaziamento não pressupõe um abandono de valores: dignidade, integridade, ética e moral, mas sim um abandono de conceitos, ou melhor, dos nossos pré-conceitos, que só não tem quem deixou de pensar e que muitas vezes são confundidos com valores.
No ambiente social, podemos dizer que ocorre uma fusão de horizontes, onde uma utopia se torna possível, e, com isto caminhos sociais se abrem e perspectivas novas se apresentam os preconceitos muitas vezes não estão na utopia, porque justamente elas se situam num horizonte as vezes distante e as vezes próximos, é o virtual, no sentido de futuro possível.
Também em termos Bíblicos, em Mateus encontramos a transparência ligada aos valores: “Não tenhais medo dos homens, pois nada há de encoberto que não seja revelado, e nada há de escondido que não seja conhecido. O que vos digo na escuridão dizei-o à luz do dia; o que escutais ao pé do ouvido, proclamai-o sobre os telhados! Não tenhais medo daqueles que matam o corpo, mas não podem matar a alma!” (Mt 26-28), os que destroem valores e matam a esperança, tentando destruir nossa essência.
Em tempos de transparência é, sobretudo um profundo equívoco imaginar que podemos enganar e iludir os homens, pois a verdade aparecerá logo ali na frente, ainda que hajam pós-verdades e leitura distorcida de fatos muito claros: corrupção, mentiras e politicagem.