Uma mulher vestida de sol
Uma Mulher vestida de Sol é uma das primeiras tragédias nordestinas, foi escrita por Ariano Suassuna nos anos 47, depois mais tarde escreveu também o Auto da Compadecida (1955), e ambas são alusões tanto a mulher bíblica mãe de Jesus, mas também a mulher que é descrita no Apocalipse.
Segundo Suassuna, Uma Mulher Vestida de Sol (na foto imagem promocional do filme de 1994) sua intenção era a de recriar o romanceiro popular nordestino.
Com notável habilidade conseguiu conectar o serão brasileiro existente e as terras da Espanha, um diálogo entre o erudito e o popular, entre o romance ibérico e o nordestino.
Conforme afirmava o autor tratou dramaticamente, unindo sua poesia, filha do romanceiro nordestino a tradição do ibérico. Procurei conservar na minha peça o que
Há na sua obra julgo a algo de eterno, de universal, a poética no nosso riquíssimo cancioneiro onde pode-se encontrar também obras primas de poesia épica, na fase chamada de pastoreio.
A tragédia nordestina guardava um sinal das dores “compadecidas” com a cômico típico nosso.
Um de seus estudiosos, Hermilo Borba Filho, com quem Suassuna fundou o Teatro Popular do Nordeste em 1959, afirma que o caráter puritano da primeira versão, quando Suassuna ainda era protestante, diluiu-se e a peça ganhou uma atmosfera de amor e violência comparável aos elementos do romance ibérico, onde: sangue, honra, família, incesto, são colocadas nas exatas medidas dramáticas.
Segue a tradição clássica quando joga, dentro da atmosfera trágica, mas une-se a um tipo de comicidade típico do nordeste brasileiro, por exemplo, onde o Bacharel Orlando de Almeida Sapo e do Delegado de Policia, beiram o ridículo e o grotesco, enquanto há outros personagens com características “mais nobres”.
O Auto da Compadecida, refere-se à Senhora Aparecida, cuja aparição da imagem comemora-se 300 anos, para aqueles que não creem deve-se lembrar que está na cultura popular com raízes bastante profundas, e que é parte da brasilidade como Macunaíma, Quincas Berro d´água ou Dom Casmurro.
Encontramos na Bíblia a passagem da mulher Vestida de Sol assim: “Viu-se um grande sinal no céu, a saber, uma mulher vestida do sol com a lua debaixo dos pés e uma coroa de doze estrelas na cabeça, que, achando-se grávida, grita com as dores de parto, sofrendo tormentos para dar à luz.” (Ap, 12, 1-2)