Inocência, ingenuidade e ignorância
Em muitas situações tropeçamos nestes três conceitos como sinônimos ou próximos, não são, uma criança é inocência e desconhece muitos assuntos, mas não é ignorante, por sua ingenuidade deve ser protegida tanto pelos pais quanto por qualquer pessoa de bom caráter.
Também um adulto pode ser inocente em determinada situação porque não fazia parte ou não conhecia determinada situação grave, não é ignorante, mas inocente ainda que algum mal possa ter ocorrido por sua ingenuidade em não perceber a gravidade ou as consequências de um ato.
A ignorância é militante, isto é, mesmo vendo e compreendendo a gravidade de determinada situação, por uma ação voluntária consciente comete ou permite que ato grave seja levado a frente, e algumas ou muitas pessoas ou mesmo situações graves podem ocorrer.
A pandemia expôs estas três realidades e não se pode deixar de perceber uma doença com a gravidade de ceifar vidas e cuja defesa é complexa pelo desconhecimento da ação e do controle do coronavírus implica em tomar decisões em defesa da vida que atenuem o número de mortes.
Assim como se expõe a ingenuidade de muitas pessoas que não tomam cuidados de higiene e prevenção para minimizar o contágio, expondo pessoas inocentes, porém é a ignorância que mais preocupa e pode causar situações ainda mais graves se não for possível interromper o descaso.
A ignorância foi utilizada na história para manipular populações inocentes e muitas vezes conseguiu levar muitas pessoas ingênuas a situações de catástrofes, atingindo inocentes e muitas vezes levando a morte e ao desespero, isto aconteceu em guerras e em pandemias, a gripe espanhola nos anos 1918 e 1919 matou 50 milhões de pessoas, um número absurdo para a população da época.
A revelação bíblica na qual o apóstolo Mateus (Mt 11,25) afirma que foi do agrado do pai revelar-se aos pequenino e esconder as verdades divinas dos “sábios e entendidos”, deve ser entendida no contexto da crença em Deus.
Conhecimento de Deus e não sobre o conhecimento e as verdades temporais, pois o texto seguinte é muito claro (Mt 11,26-27): “Sim, Pai, porque assim foi do teu agrado. Tudo me foi entregue por meu Pai, e ninguém conhece o Filho, senão o Pai, e ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar.
Usar este trecho para justificar ou defender a ignorância é má fé, nos dois sentidos, no religioso e no moral.
Se é certo que Deus se manifesta aos humildades, usar da ignorância para manipular a consciência é má fé.