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Verdades temporais e eternas

27 jun

A construção da ideia de verdade pelos gregos vem da aletheia, refere-se a automanifestação da realidade e dos seres ao intelecto humano, a palavra significa a-lethea (não oculto, não velado), este verdadeiro ou é evidente ou pode ser construído pela razão.

Essa construção deu origem a “episteme” para se opor a “doxa”, ou mera opinião dos sofistas, mas não perderam de vista o todo, que para Platão era o “sumo bem” e para Aristoteles o “motor Imóvel” e ambas ideias se aproximavam de Deus como é pensado pelos cristãos.

Assim o saber era visto como um todo, e o contingente era visto como acidental, incerto e duvidoso, que ocorre, mas opõe-se a verdade toda.

Aristóteles tinha a clássica diferenciação ontológica entre o contingente e o necessário para o Ser e essa relação antagônica exprime-se numa relação hierárquica entre a techné e a episteme, claro que aqui tem um significado histórico e contingente, mas ajuda a entender a técnica em sua gênese.

A técnica não possui fim em si mesma, ela está atrelada a finalidade humana, e por isso não é neutra, é instrumental e serve aos propósitos humanos.

Damos um salto para ao final da baixa idade média, em seu período pouco estudado e compreendido com a querela dos universais de Boécio (480- 524 d.C.) e estudos da linguagem do monge Alcuíno (735 –804 d.C.).

Boécio escreveu “A consolação da filosofia” porém é um fragmento de seus escritos que lhe deu fama, encontra-se na querela dos universais, a questão de saber se os universais são coisas ou meramente palavras, isto dará origem ao debate entre realistas e nominalistas até o final da ideia média, onde a ideia de verdade vai substituir o Eidos grego que significa cada Ser tem uma essência.

Em seu desenvolvimento ontológico Tomás de Aquino (1225-1274), explica assim Deus como ser necessário: “ser necessário é o ser que deve existir, que não pode não existir”, deste modo o argumento pode ser reescrito como: “A proposição ‘Deus existe’ é necessária” ou simplesmente “Deus é” puro Ser.

Mas a modernidade rompeu com a ontologia até a retomada de Hidegger.

Esta ruptura aprofundou-se na razão cartesiana, mediata pela física clássica e o fim da metafísica, unida a ideia de um saber universal abstrato e idealista.

A critica da razão pura de Kant (1724-1804), e o idealismo alemão com o ápice em Hegel (1770-1831) dão o contorno final a uma verdade abstrata e idealista, o alcance da cultura greco-cristão ocidental encontra seu fim e a verdade torna-se relativa, a episteme apenas um método de verdade neutra.

 

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