Guerra no Baluchistão
Creio que a maioria das pessoas ignora a existência desta região que chega a ser 44% do território do Paquistão, ela foi bombardeada pelo Irã na semana passada (16/01), em resposta o Paquistão bombardeou o Irã iniciando um conflito que pode escalar entre os países, na mesma semana que bombardeou alvos na Síria e Iraque.
Segundo o Paquistão os mísseis da quinta-feira (18/1) tiveram como alvo “esconderijos terroristas” e mataram 9 pessoas, tudo isto significa que o exercito da Guarda Revolucionária Islâmica se pôs em ação, assim como crescem as tensões entre Houthis e EUA no mar vermelho.
Algo pouco divulgado, mas que é estratégico na economia mundial é a rota econômica que se inicia em Gwadar no Baluchistão até Kashgar (China), a China tem investido em rotas terrestres.
A região do Baluchistão (mapa) tem mais de 12 milhões de habitantes, é rica em minério de ouro e é considerada uma espécie de “terra sem lei”, porém mais que o interesse econômico, o que a guerra ali desperta é o alerta e a prontidão da Guarda Revolucionária Islâmica que sinaliza contra Israel em tensão na faixa de Gaza.
A guerra da Ucrânia também piora as tensões, a retórica dura do governo francês de Macron, que afirmou que “a Rússia não pode ganhar a guerra” endurece as tensões da Otan com os duros ataques a diversas cidades Ucranianas provocando um caos no país.
As narrativas procuram justificar à direita ou à esquerda aquilo que é óbvio, sofre a população civil, numa escala maior a população mundial se uma recessão vier, pioram as relações desde as econômicas até as sociais e a paz fica cada vez mais distantes.
Não há justificativas para uma “guerra justa”, se no passado as rígidas divisões territoriais e a “riqueza das nações” (um clássico de Adam Smith, que Marx leu para escrever o Capital) eram uma realidade, hoje só a justificativa do poder e da ganância justificam um neocolonialismo.
Rompe-se com a verdade, com o bom-senso e até mesmo com a razão, para poder justificar uma lógica de poder, já na antiguidade afirmava Platão: “Se surgisse uma cidade de homens bons, é provável que nela se lutasse para fugir do poder, como agora se luta para obtê-lo, e tornar-se-ia evidente que, na verdade, o governante autêntico não deve visar ao seu próprio interesse, mas ao do governado” (Platão, A República).