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Poder, punir e psicopolítica

17 set

Após Vigiar e Punir, Foucault se deu conta que a sociedade disciplinar não era exatamente o que refletia a sociedade moderna, está dito assim no livro sobre Psicopolítica de Byung-Chul Han, “o problema, contudo, foi que permaneceu ligado tanto ao conceito de população quanto ao de biopolítica [citando Foucault] “se depois que soubermos o que era esse regime governamental chamado liberalismo é que poderemos, parece-me apreender o que é biopolítica” (Han, 2020, p. 37).

Byung-Chul descobre que “a técnica disciplinar passa da esfera corpórea àquela mental. O termo inglês industry (indústria) significa também “esforço”. A locução industrial school pode significar casa de correção. Bentham também sugere que seu pan-óptico melhoraria moralmente os internos. Conteúdo, a psique não está no foco do poder disciplinar” (Han, 2020, pg. 35).

O ensaísta coreano-alemão desenvolve todos os pressupostos desenvolvidos por Foucault para realizar a passagem da biopolítica à psicopolítica, a qual tem razão, porem está totalmente vinculada a ideia que é o princípio neoliberal e não o hegeliano que estabelece essa lógica de poder, ainda que tanto no livro O que é poder quanto no livro No enxame, examine outros aspectos que vão da tecnologia ao comportamento humano, por exemplo, no ensaio No enxame, ele afirma que a única forma de poder simétrica é o respeito.

De modo mais analítico não deixa de considerar a filosofia idealista também dentro de um aspecto comportamental:

“Como na relação de conhecimento (Kant), não existe continuidade do Ego, sem o Alter, como ele atesta, ao denotar que, o poder permite ao ego ser no outro por si mesmo. Ele gera uma continuidade do self. O ego realiza no alter suas decisões. É desse modo que o ego continua no alter. O poder proporciona ao ego espaços que são seus, nos quais, apesar da presença do outro, ele pode estar em si mesmo.” (HAN, 2019, p. 11).

Assim é preciso escapar dos conceitos egoístas, exclusivistas para penetrar num nível de alter para realizar plenamente nossos sentimentos e decisões, não é um esforço do self nem do poder egocêntrico que atingimos este estado de paz e felicidade tão desejados.

Assim egos inflamados, senhores que se apossam do poder para dominar os outros não são capazes de criar uma política saudável que contemple toda a sociedade e quiçá toda a sociedade, por que não é possível viver em harmonia sem respeitar a diversidade, a diferença enfim o Outro.

Todos regimes totalitários caminham para a guerra porque precisam eliminar o Outro, o diferente e a voz de quem vê o mundo sob outro prisma.

 

HAN, Byung-Chul. A psicopolítica: o neoliberalismo e as novas técnicas do poder, Petrópolis: Vozes, 2020.

HAN, Byung-Chul. O que é Poder? Tradução de Gabriel Salvi Philipson. Petrópolis: Vozes, 2019.

 

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