Noosfera, o ômega e as redes
Teilhard concebeu a idéia do Ponto Ômega e desenvolveu com Vladimir Vernadsky o conceito de Noosfera, temos além das camadas da terra (Geosfera), da vida sobre o planeta (Biosfera), a Atmosfera (gases que envolvem o planeta), temos ainda esta camada que nos envolve e nos “liga” a todos, uma camada do espírito, a Noosfera.
O Ponto Ômega para ele significa o ponto supremo da complexidade e da consciência da natureza (da qual o homem é sua máxima complexificação), que é para onde o universo de cresce em complexidade e consciência, sendo também uma referência ao texto bíblico do Apocalipse (Ap. 1:8), no qual se lê “Eu sou o Alfa e Ômega”, no sentido segundos os biblistas de “início e fim” de tudo e de todo universo, mas é claro o Ômega refere-se ao ponto para o qual caminhamos.
McLuhan usou muitas vezes o raciocínio de Chardin para compreender a evolução da complexidade do momento que vivemos (Chardin morreu em 1955 mas viu a eletrônica nascer), viu o conflito entre o mecânico e o eletrônico por representarem culturas distintas: “A era eletrônica,conforme Teilhard de Chardin insistiu, não é mecânica, porém orgânica, e pouca simpatia sente pelos valores alcançados através da tipografia […]” (A galáxia de Gutenberg, Marshall McLuhan, 1972, p.189).
E Chardin, falecido em 1955 sem ver nenhum de seus livros publicados (todos publicados póstumos), via a conexão em rede provavelmente além da própria era eletrônica, e na qual Pierre Lévy buscou a “inteligência coletiva”, pode-se ler em uma das passagens de O fenômeno humano: “Ninguém pode negar que uma rede […] de filiações econômicas e psíquicas está sendo tecida numa velocidade que aumenta sempre, que abraça e constantemente penetra cada vez mais fundo em nós. A cada dia que passa, torna-se um pouco mais impossível para nós agir ou pensar de forma que não seja coletiva […] Nós chegaremos ao princípio de uma nova era. A terra ganha uma nova pele. Melhor ainda, encontra sua alma”. (O fenômeno humano, Teilhard Chardin, 1962)
A conexão eletrônica é apenas a parte visível de toda a conexão cósmica a que estamos submetidos, a ligação que temos entre os seres e tudo o que está no cósmo.
Não é por acaso a ligação de Chardin com o avanço da conexões tecnológicas atuais e sua compreensão por McLuhan e Pierre Lévy, estamos conectados e agora ainda mais sensívelmente, ou se pensarmos em coisas externas, sensóriamente.