Mais do choque do futuro
Vemos um mundo cada vez mais mundializado, isto é, um mundo que se vê como mundo, que sabe
dos problemas e conflitos de países outrora longínquos agora na esquina de um “maps”.
Escrito em 1970, Toffler parecia antever os problemas que temos no nosso dia a dia, na escola:
“Consideremos, por exemplo, o contraste entre os modos como as escolas de hoje tratam do espaço e do tempo. Todos os alunos, em praticamente todas as escolas, são cuidadosamente ajudados a localizar-se no espaço. Têm de estudar geografia. Mapas, atlas e globos ajudam-nos a ter consciência da sua localização no espaço. […] No entanto, quando se trata de localizar a criança no tempo pregamos- lhe uma partida cruel e prejudicial. Mergulhamo-la o mais possível no passado do seu país e no do Mundo: tem de estudar a Grécia e a Roma antigas, o advento do feudalismo, a Revolução Francesa, etc.; […] E, então, o tempo pára. A escola é muda acerca do amanhã. […] [p. 415] O tempo para bruscamente, a atenção do estudante é orientada pra trás e não para frente. O futuro, já banido da sala de aula, é também banido da sua consciência, como se fosse uma coisa inexistente, como se não houvesse futuro.” (Toffler, 1970, p. 414-415).
Acrescenta as dificuldades da literatura que prepare o estudante para frente, mas não ignora o sentido crítico, que é claro, fundamental para as demandas de mudanças:
“Não temos uma literatura do futuro para usar nesses cursos, mas temos literatura acerca do futuro, literatura que não consiste apenas nas grandes utopias e sim, também, na ficção científica contemporânea. A ficção científica é tida em baixa conta, como literatura inferior, e talvez mereça esse desdém crítico. No entanto, se a considerarmos como uma espécie de sociologia do futuro, em vez de como literatura, a ficção científica reveste-se de grandíssimo valor, pois é uma força que instila no cérebro o hábito da antecipação” (Toffler, 1970, p. 417).
Não se trata apenas de problemas tecnológicos, uma cultura para esta “sociedade-mundo”, os problemas políticos, éticos e religiosos; a cultura da colaboração e da paz (temos uma cultura cada vez mais beligerante) e principalmente a ideia que podemos nos ver com tolerância, respeito às diferenças e aos bens comuns (oceanos, ar, natureza e a própria casa de tudo que é o planeta).
O que era futuro em 1970 hoje é presente, será que a educação está ao alcance do presente?