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O século das luzes kantianas
O século XVIII foi comemorado por muitos filósofos como século da Filosofia, parecia que o iluminismo tinha triunfado de maneira irreversível, sua ideia de estado, a ciência como forma de retirar o homem das trevas, enfim tudo parecia ir de vento em popa.
Antes de tudo o que era esclarecimento para Kant, sem dúvida o maior precursor, assim como Hegel a síntese de toda a filosofia idealista do iluminismo, o esclarecimento (Aufklarung) seria a saída do homem de sua menoridade, do qual ele própria seria culpa, veja que culpa aqui não é o conceito cristão de desvio, mas aquela própria da qual o estado seria o guardião.
Assim a menoridade é a incapacidade de fazer uso de seu entendimento sem a direção de outro indivíduo, é o individualismo perfeito, o homem sem a direção de qualquer outro indivíduo, por isso só ele é culpado de essa “menoridade”, depender do outro.
Isto está consumado na máxima do imperativo categórico: “age de tal forma que o seu agir possa ser universal”, e não deve ser confundido com a regra de ouro: “faz aos outros aquilo que gostaria que fosse feito a você”, porque esta inclui o Outro.
É também equivocada a ideia que o idealismo tenha um fio de ouro que o conduza ao platonismo, que por sua vez não pode ser isolado do “materialismo” de Aristóteles, estes equívocos estão explicitados em Gadamer: “O problema da consciência histórica”, cujo ponto central é justamente separar a consciência idealista e romântica de história, para a real.
O texto a Sétima Carta de Platão, favorece o diálogo com o Outro, a dialética dialógica de enfrentar contrários e saber como completar o chamado círculo hermenêutico, onde os pré-conceitos podem passar por uma fusão de horizontes e um posterior esclarecimento que leva a novas reformulação.
Platão afirma na Sétima Carta: “… só depois de esfregarmos por assim dizer, uns nos outros, …. nesses colóquios amistosos de perguntas e respostas … é que brilham sobre cada objeto a sabedoria e o entendimento … “ (Platão 344 b-c)
Para Gadamer o Círculo Hermenêutico, verdadeiro método de filosofar, é a-letéia, pois: “Qualquer Insight que podemos possuir emerge em um discurso humano finito, e por isso, apenas parcialmente … Nossos insights, em outras palavras são marcados por nossa discursividade. O que nos é dado nos é dado do ocultamento [léthe] e em um lapso de tempo de volta a ele. Daí porque nossa verdade humana é a-letheia, jamais absoluta”. (GADAMER, 1980, p. 103-104)
PLATÃO, Carta VII (Trad. Do grego e notas de José Trindade Santos e Juvino Maia Jr). Rio de Janeiro: PUC-Rio/Loyola, 2008.
GADAMER, H.G. Dialogue and Dialectic, eight hermeneutical studies on Plato, Binghamton, NY: Yale University, 1980, p. 91-123.