Arquivo para junho 2nd, 2022
Dualismo ontológico e Espírito em Hegel
Em oposição à ontologia clássica Ser e Nada, em Hegel não se excluem em absoluta afirmação ou negação, nele se integram dentro de um discurso racional, assim o “ser” pode ser totalmente vazio e se identifica com o nada, com isso sua primeira determinação lógica é o Devir.
Seguindo esta lógica, que vem de Kant e mais longe de Parmênides, Ser é e não Ser não é, cria a ideia de espírito absoluto que é a identidade eternamente em si, que conhece por si mesmo, e assim a substância infinita é una e universal, não enquanto particular e finita, sendo dividida por meio do juízo em si mesma, em um saber o qual ela exista tal.
Para os sofistas também o conhecimento deve estar relacionado aos prazeres e a vida boa, o discurso está em Filebo de Platão, que tem a intervenção de Sócrates que dará sentido ao Ser.
Tanto para a arte, para a religião como para a filosofia possuem para Hegel, níveis diferentes de realidade, estes correspondem aos significados de natureza, espírito e ideia, todas são manifestações do espírito absoluto.
Assim como o idealismo clássico permite a separação e sujeito e objeto, o idealismo ontológico de Hegel permite o espírito absoluto levado ao nível de religião, que nada tem a ver com as religiões clássicas, ou ao materialismo dialético, assim se diferenciaram os velhos e novos hegelianos.
A religião em Hegel, pode ser caracterizada como algo que se parte do sujeito pertencente a ele o espírito absoluto, isto é, sua subjetividade, diz em sua obra:
“A consciência subjetiva do espírito absoluto é essencialmente, em si, processo; cuja unidade imediata e substancial é a fé no testemunho do espírito enquanto a certeza da verdade objetiva. A fé, que contém ao mesmo tempo essa unidade imediata, essa unidade enquanto a relação daquelas determinações diferentes passou na devoção, no culto implícito ou explícito. Para o processo de suprassumir [aufhebn] em libertação espiritual a oposição de confirmar por essa mediação aquela primeira certeza, e em ganhar a determinação concreta daquela certeza, isto é, a reconciliação, a efetividade do espírito”. (HEGEL, 1995, p.340).
Para aqueles que desejam uma compreensão mais profunda sobre a religião em Hegel, chamada por ele de “religião absoluta” em referência ao espírito absoluto, a obra Fenomenologia do Espírito é indicada.
HEGEL, G.W.F. Enciclopédia das Ciências Filosóficas Em Compêndio. Tradução Paulo Meneses e José Machado. 2. ed. São Paulo: Vozes, 1995.
* aufheben é usado por Hegel para explicar o que acontece quando uma tese e antítese interagem e, nesse sentido, é traduzido principalmente como “suprassunção”.