Arquivo para julho, 2022
Dia Internacional da Amizade
A data do Dia Internacional da Amizade, foi instituída pela ONU para lembrar a solidariedade entre os povos, o respeito a diversidade e faço uma repostagem especial de um conteúdo deste blog a este respeito:
O filósofo Platão definiu a amizade como “a predisposição recíproca que torna dois seres igualmente ciosos da felicidade um do outro”, Agostinho de Hipona afirmava que “o ser amigo nos funde na amizade do ser; os amigos são uma só alma” e Aristóteles parece fundir os dois pensamentos: “a amizade é uma alma com dois corpos”.
Foi Aristóteles em Ética a Nicómaco dedicou dois livros ao estudo da philia e da amizade, que definiu a amizade em três tipos: por interesse, aquela por prazer, por interesse e a amizade verdadeira, a primeira é fácil de identificar por é a busca do prazer recíproco, a segunda por que são úteis entre si, e a terceira, é possível entre homens bons porque desejam o bem por si mesmo e não colocam o prazer nem o interesse acima da amizade.
No capítulo IXI o filosofo peripatético afirma:
“Talvez possamos dizer que nada há de estranho em romper uma amizade baseada no interesse ou no prazer quando nossos amigos já não possuem os atributos de serem úteis e agradáveis; na realidade éramos amigos desses atributos, e quando eles desparecem é razoável não continuar amando.” (ARISTÓTELES, IX, 3, 1165b) .
No capítulo “O sócio e o próximo” do livro “História e Verdade” de Paul Ricoeur ele vai discorrer sobre a diferença entre estas relações, discorre sobre a caridade: “A caridade não precisa estar onde aparece; também está escondida na humilde e abstrata agência dos correios, a previdência social; muitas vezes é a parte oculta do social ”, Paul Ricoeur, Le socius et le Prochain (1954).
Somos lembrados pelo filósofo que assim como as instituições podem ter apenas relações de societárias, pode-se passar por elas também relações interpessoais, de afeto e de solidariedade e que tornam elas menos frias e menos burocráticas, onde se vê não um cliente ou um serviço a mais, mas um próximo pelo qual pode-se interessar.
Não por acaso é um capítulo de História e Verdade, porque a verdade só é estabelecida entre amigos verdadeiros e que são próximos, e se são sócios serão apenas para estarem mais próximos.
O site Twinkl fez referência a este post em função deste dia e agradeço a lembrança.
Vaidade e verdadeiros tesouros
Para muitos o mundo, a história e até mesmo a felicidade pessoal se desenvolve em torno de riqueza, falsos tesouros e algum reconhecimento público, na verdade, tudo é vaidade e nela se consomem grande parte das energias humanas, sem encontrarem verdadeira alegria, não aquela da euforia, do frenesi ou da catarse, mas aquela do gáudio e da paz interior.
Socialmente significa colaborar para que todo o bem a nossa volta se propague e todos possam estar felicidades não com grandes empreendimentos, festas vultuosas ou mesmo outroas alegrias passageiras, tudo isto é juntar tesouros falsos.
Há uma alegria nas verdadeiras perenes, aquela conforme diz um versículo bíblico “onde a traça e a ferrugem corroem e onde ladrões escavam e roubam” (Mt 6,19), mas aquelas que existem nos laços entre pessoas boas, como definia Aristóteles para o tipo de amizade verdadeira.
Acumular valores verdadeiros, amizades verdadeiras e bens verdadeiros que não são aqueles que só a riqueza material confere, significa mais que ter uma vida virtuosa, é uma estrada que leva a paz interior e a uma felicidade equilibrada que está além daquilo que passa e por isto tem gosto de eternidade.
Em tempos de guerras, ódios e falsas polarizações (não se tratam de polos entre aquilo que é verdadeiro e falso eternamente, mas sim rivalidades temporais), experimentam apenas o gosto de uma felicidade passageira, narcótica e se uma embriguez passageira e curta.
É melhor cultivar valores e sentimentos que tenham durabilidade, e eles precisam de amor e dedicação com asceses espirituais, do que apegar-se ao passageiro que depois exigirá um tipo de renúncia mais difícil e sofrida justamente porque não tem sabor de eterno.
Homens sábios, santos e grandes filósofos buscaram este tipo de gaudio (uma felicidade mais equilibrada e duradoura) porém é impossível consegui-la com apegos temporais: vaidades, ganâncias, opressões e sentimentos de baixa moralidade porque não podem ter durabilidade justamente pelo que representam: sua limitação em um lapso temporal.
Numa sociedade da performance, do ativismo e da baixa ou pouca capacidade de perceber, viver e contemplar o que realmente é belo e eterno, só os que vão além da vaidade e do prazer temporal, podem alcançar este tipo de gáudio, as jóias preciosas da vida eterna.
O desiquilíbrio e falsos tesouros
É a alimentação e os bens públicos (água, energia e saneamento)são os verdadeiros insumos básicos da população, porém é o que se vê pouco em propagandas, mostram riquesas que são acessíveis a poucos e só lembram das verdadeiras em época de eleição.
Falar da fome já foi slogan de muitas eleições, em todo mundo, porém as condições que são sustentáveis para isto pouco ou quase nunca são entendidas, e elas dependem sim de um maior equilíbrio de mercados mundiais e garantias de importação e exportações dos insumos básicos, inclusive para a saúde.
Crises econômicas, basicmaente é um desequilíbrio entre a produção e distribuição de bens essenciais e o consumo, e surgem em setores isolados da economia, não é necessário que haja a escassez de vários bens, é um desiquilíbrio em cascata e os capitais e bolsas são mais reflexos do que origem destas crises, que incluem as guerras e revoluções.
Também fatore naturais podem influenciar (secas, inundações, epidemias ou algum evento de grandes proporções como um terremoto ou uma crise atômica que agora é possível).
Assim os verdadeiros tesouros devem ser aqueles que levam a humanidade a um maior equilíbrio e sustentabilidade, incluindo os cuidados com a natureza, pois dela dependem as produções de alimentos, de energia e até mesmo de bens de consumo menos essenciais.
Os verdadeiros tesouros assim, mesmo que só pensemos nos terrenos esquecendo dos espirituais que nos dão conforto e verdadeira alegria, são aqueles que propiciam um maior entendimento civilizatório, a tolerância entre raças e culturas, e nelas não pode ser relegada a segundo plano as que incluem o plano espiritual.
A cultura cada vez mais crescente do individualismo, do ódio (de diversos tipos), da acumulação de bens como simbolo de felicidade, do consumo até mesmo do corpo e da mente humana levam ao caminho oposto daqueles que querem construir tesouros reais.
Os ilusórios passam, a traça consome, o tempo enferruja ou apodrece, porém o que permanece é essencial e dele depende uma verdadeira ascese espiritual, um bem que vislumbre as gerações futuras, e para os que creem, a eternidade.
Assim a crise atual é na sua base uma crise do pensamento, dos valores éticos e solidários, do respeito mútuo e de uma claresa sobre o que significa construir tesouros verdadeiros.
O pão nosso de cada dia
Li no ano passado que a China mandava o povo estocar alimentos, parecia que era em função da Pandemia, mas no final do ano que a Pandemia já dava sinais de recuo a notícia permanecia, desta vez em destaque maior aparecendo em canais de alta visibilidade, como a CNN.
Quando se iniciou a guerra na Ucrânia pareceu algo mais evidente, e o reflexo na economia é grande, porque ocorre algo chamado de comoditização do mercado, ou seja, a referência maior passa a ser diversas comodities, como os fertilizantes por exemplo, que a Rússia é grande produtora, além dos alimentos como referências mais fortes do que as moedas.
Para entender a guerra do ponto de vista do mercado, já postamos que a pior origem é a xenofobia, que significa o ódio fomentado entre os povos, olhemos os maiores produtores mundiais de alimentos, a China era de longe a maior produtora agrícola mundial em 2020, a India o segundo maior produtor em termos populacionais, sua produção em 2020 era estimada em US$ 403,5 bilhões e depois vem os Estados Unidos.
Brasil e Russia seguem logo atrás o que tem garantido o aumento significativo e a diversificação da produção do campo nas últimas décadas, já postamos (o post anterior) a importância da Ucrâni e o estrangulamento destes mercados pela guerra é preocupação crescente, o que explica por exemplo, o interesse da Russia nos portos do mar Negro e da OTAN agora na já entrada admitida da Finlandia e Suécia no bloco.
Pulverização com drones (foto), uso de sensoriamento remoto e máquinas com controles digitais sofisticados como GPS e sensores diversos, incrementam a chamada agricultura digital, mas isto não impedirá que países com baixa produção e dependentes de exportação sofram.
Já é inevitável que países pobres e dependentes de exportação de alimentos sofram, saimos da cultura de solidariedade de socorrè-los, para a de sobrevivência devido a guerra, são os flagelados invisíveis da guerra, os povos e populações pobres do planeta.
A guerra e a fome
A guerra não é apenas a disputa de mercados e “ideais” medindo, ela é antes de tudo uma atrocidade em escala, se um assassinato é condenável porque não seria uma guerra ? durante a guerra da Sérvia/Bósnia perguntei a uma ativista sérvia porque queria dizimar a Bósnia, ela me disse que eram fatores históricos que seriam difíceis de explicar, porém dizia que o país dela era “vítima” de bombardeios que não tinham nenhuma justificativa.
Assim é o ódio, a intolerância e a ausência de diálogo, muitas vezes escamoteados com palavras dóceis para ganhar a opinião pública, mas toda guerra tem como princípio alguma atrocidade, algum ódio injustificável e alguma intolerância cultural (pode ser de muitos tipos), não há outro caminho de retrocesso a não ser o arrependimento (de ambas partes é claro) e o reconhecimento que escolheram o pior caminho, claro e depois sentar-se a mesa.
Umas das consequências, já inevitáveis, ainda que haja um acordo para as exportações de grãos da Ucrânia, será a falta de grãos no mercado mundial, conforme o gráfico acima, o país em guerra é responsável por 42% do óleo de girassol nas exportações globais, 16% do milho, 10% da cevada e 9% do trigo (dados de 2019, veja o gráfico) assim como a Russia exporta fertilizantes e o gás para a Europa.
Houve um acordo mediado pela Turquia, porém em função da guerra é fato que parte da produção se perdeu e o preço dos alimentos já subiram no mundo todo, a safra atual será exportada, mas pouco ou nada pode-se dizer das safras futuras, boa parte da população deixou a Ucrânia, inclusive na área rural.
É difícil um processo de retrocesso, aparentemente em todo mundo o confronto e o ódio cultural e social se expandiu, até mesmo entre aqueles que deveriam proclamar a paz.
Explicamos na semana passada (em post) a importância da amizade e empatia entre os homens para uma verdadeira espiritualidade, que pode ajudar a civilização neste processo difícil.
Só há um caminho, modificar o clima de empatia, de paz e de solidariedade entre as pessoas, assim os políticos e líderes que crescem em torno do ódio poderão perder espaço.
Covid em queda e OMS muda o foco
Com o número de mortes acima de 200 no Brasil a Covid 19 ainda é uma preocupação, já o número de casos caiu abaixo dos 50 mil ‘o que demonstra uma tendência de queda, porém ainda são necessários os protocolos de cuidado e os cuidados com os protocolos.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) em documento divulgado nesta sexta-feira (22/07) comunicou que uma nova estragégia global para aumentar a cobertura vacinal contra a Covid-19, principalmente entre as populações mais vulneráveis com comorbidades e idade avançada, onde tem como meta atingir os 100% de vacinados.
A estratégia é correta porque enquanto o vírus circula novas variantes podem aparecer, e como é muito difícil atingir 100% da população ou fazer lockdown, é uma estratégia eficaz.
Já a variola do macaco representa uma nova preocupação, o número de casos cresce no mundo todo, e no Brasil já são mais de 600 casos, agora com transmissão interna, porém o número de casos aumenta no mundo todo.
A transmissão pode ocorrer tanto pelo contato próximo com lesões como por fluidos corporais, gotículas respiratórias e materiais contaminados tais como roupas pessoais e de cama, e segundo os orgãos de saúde, , entre seres humanos no contato físico entre pessoas próximas que estão sintomáticas.
As precauções portanto devem ser de evitar o contato com materiais contaminados e pessoas próximas que apresentem sintomas.
A amizade e a espiritualidade
A filosofia idealista coloca amgio e amizade em uma relaçãofilosófica ideal, Aristoteles no entanto adverte: “o amigo se faz rapidamente, já a amizade [e um fruto que amadurece lentamente”, o mesmo pode-se dizer da espiritualidade, reconhcer que temos uma parte espiritual e que ela é em parte humana, exige um exercício de espiritualidade.
Foi Sloterdijk, um dos grandes pensadores da Alemanha atual, que alertou que vivemos numa “sociedade de exercícios”, porém alerta que ela é desespiritualizada.
A alta espiritualidade antes de atingir o divino, deve passar por etapas anteriores na relação com o Outro, aquele que não é espelho, que não tem os mesmos valores que nós e esta relação pode evoluir ou obstruir, sendo mais difícil quando há uma obstrução manter uma relação de respeito e de cordialidade, pois a amizade e o amor ficam mais distantes.
É possível amar quem a tudo obstrui, sim é possível primeiro manter o respeito, depois separar aquilo que são valores e exercícios reais de espiritualidade e o que é só interesse.
Neste ponto a amizade tem uma relação muito próxima ao espiritual, pode-se dizer que há além da amizade, a reciprocidade, um fluxo contínuo de relação entre pessoas boas, aquilo que Aristóteles definiu como amizade verdadeira, ela só existe entre homens bons (e justos).
Somente com homens bons a sociedade se salva, diz uma curiosa passagem bíblica sobre Sodoma (Gn 18,20-32) na qual Abraão pergunta a Deus se com um número pequeno de homens justos a sociedade se salvaria, e vai reduzindo o número porque sabe que alí há poucos.
Não há sociedade justa sem homens justos, não há amigos sem exercícios de amizade, e só a partir de uma verdadeira reciprocidade uma amizade pode chegar ao nível do espiritual.
Para quem crè diz o versículo bíblico, explica o mestre diante desta questão (Lc 1,5-8): “Se um de vós tiver um amigo e for procurá-lo à meia-noite e lhe disser: ‘Amigo, empresta-me três pães, 6porque um amigo meu chegou de viagem e nada tenho para lhe oferecer’, e se o outro responder lá de dentro: ‘Não me incomodes! Já tranquei a porta, e meus filhos e eu já estamos deitados; não me posso levantar para te dar os pães’; 8eu vos declaro: mesmo que o outro não se levante para dá-los porque é seu amigo, vai levantar-se ao menos por causa da impertinência dele e lhe dará quanto for necessário”.
Se alguém quer atingir a reciprocidade deve dar passos em respeito e amizade primeiro e o nível mais alto de espiritualidade é respeitar e amar os inimigos.
Os conceitos idealistas da amizade
Postamos que se trata de um exercício de retórica, porém como qualquer filosofia há uma origem seminal de determinado pensamento, Nietzsche parte da metafísica platônica afirmando que o jogo entre amigos da filosofia possuia um vício de concepção que seria a vontade da verdade, ora foi justamente ela que há uma crítica aos sofistas a relativizam.
Partindo deste princípio Nietzsche vai afirmar que o filósofo deve praticar certa “arte da desconfiança”, sendo o seu principal instrumento o martelo (Niettzsche em “Alem do bem e do mal”).
Deleuze afirma que Foucault teria declarado que “Heidegger sempre o fascinou, mas que somente podia compreendê-lo por meio de Nietzsche, com Nietzsche (e não o inverso)” (Deleuze, 1986, p. 120-121) e ainda que “seguramente, ao lado de Heidegger, mas de uma maneira totalmente diversa, aquele que mais profundamente renovou a imagem do pensamento” (Deleuze, 1990, p. 130-131).
Voltando a questão inicial que é a amizade verdadeira, afinal se é ela e não outra coisa que permite fazer uma ampla relação entre os diversos conceitos de amigos na filosofia, sendo ela própria por definição (filo-amigo) sofia (sabedoria).
É assim que Deleuze e Guattari desenvolvem a questão da amizade, considerando os diversos pensadores, o amigo é para ele sendo mais textuais é um “traço de personagem conceitual” que tem a ver com “personagens psicossociais” (Deleuze, Guattari, 1991, p.68)
Conforme dissemos é um esvaziamento do conceito de amigo, transformado em um objeto de reflexão subjetiva, por isto dizemos que são conceitos idealistas, mesmo abordando autores claramente não idealistas como Heidegger e Nietzsche.
Voltamos ao conceito aristotélico que diferencia a amizade por prazer ou por utilidade, da amizade verdadeira e portanto a questão da verdade é essencial, e mesmo Platão a considerou, embora divida o mundo das ideias (eidos para os gregos) e mundo sensível.
Também o conceito de próximo (aquele que está dentro de um afeto amplo de amizade) e o sócio (aquele ao qual nos associamos por determinada felicidade), conceitos de Paul Ricoeur são pontos a nosso ver essenciais para a reflexão sobre amizade.
DELEUZE, Gilles. Pourparlers Paris: Minuit, 1990.
DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. Qu’est-ce que la philosophie? Paris: Minuit, 1991.
A amizade e conceitos
Já postamos e exploramos os conceitos de amizade em Aristóteles por prazer, por interesse e as amizades verdadeiras, também destacamos a diferença entre o sócio e o próximo (o texto de Paul Ricoeur) onde no primeiro caso há apenas interesse e uma vez terminado a amizade se encerra ou diminue.
O que queremos explorar um pouco agora é o que significa num mundo individualista onde o interesse impera qual é o conceito de migo e da amizade.
Numa outra perspectiva, na qual Deleuze e Guattari chegam a dizer que o amigo e a amizade são preocupações “ausentes” no pensamento filosófico, e fala como uma rara exceção o livro “A amizade de Maurice Blachot”, porém já há na base deste discurso uma clara distinção entre amigo e amizade.
Assim o filósfo é “amigo” da sabedoria (philos- amigo e sophia- sabedoria), porém há uma obrigação compulsória devido a “amizade” ser objeto desta relação, e assim só estes amigos poderiam participar da amizade, ou seja, há uma exigência de sabedoria.
A base deste conceito está no “olhar” de uma pretenso “sábio”, assim são conceitos dentro de cada um, são os olhos ou olhar de cada um sobre outra pessoa, mas este olhar é uma sensação que não vem dos olhos dos sentidos ou dos sentimentos pessoais, assim são um olhar de ninguém, uma exigência de observação, um selfie que deve ser visto por outro.
Mas como se pode ser amigo não sendo ninguém? Esta indagação faz mais sentido quando se trata de uma dimensão num plano altamente diferenciável, e assim pode ser vista em determinados contextos históricos, políticos e até religiosos, onde cada pensador é tomado individualmente como sendo portador de um “olhar” de sábio, ou de pretensa sabedoria.
Pode-se ilustar com o próprio Guattari e Deleuze, e assim podemos dividir a amizade em conceitos de contextos diferentes: a grega, a nietzscheana, a heideggeriana e a foucaultiana.
Tal indagação visa a explorar o território da amizade como conceito, pois se, como afirmávamos, trata-se de uma dimensão ou plano altamente diferenciável, então, pode-se detectá-la em certos períodos históricos ou mesmo em cada pensador tomado individualmente. Procuraremos, em seguida, definir e ilustrar, a partir dos elementos que acabamos de emprestar a Deleuze e Guattari, de modo apropriado à extensão do presente artigo, quatro tipos de amizade do conceito, a grega, a nietzscheana, a heideggeriana e a foucaultiana, mas é só um exercício retórico.
Pode valer a pena como exercício de pensamento, a amizade é simples e pode haver e há, entre pessoas simples e de pouca cultura livresca, e pode não haver entre “cultos”.
Arrisco dizer que há mais amizade verdadeira entre pessoas simples, que o diga Heidegger em seu Caminho da Floresta no qual convive com pessoas muito simples.
A peste, a guerra e a fome
Este circulo vicioso parece perpetuar-se na história, e os dados e provocações recentes da guerra na Europa não apenas assustam, mas causam um medo justificável quando se observa que por todo o mundo há “torcidas” de ambos os lados, e não é jogo, mas um grande genocídio como qualquer outra guerra, porém de proporções maiores porque pode envolver as maiores potencias mundiais.
A geração que assistiu os horrores das duas primeiras guerras já não a tem em mem[oria, contando a partir da data de início, o assassinato do Duque Francisco Ferdinand em 1914, por um nacionalista sérvio e que é considerado o estopim da primeira guerra.
O que a precedeu foi um período da política européia de 871 a 1914 chamada de “Paz Armada”, onde há um acirramento de disputas de mercados, territórios coloniais e uma visão do predom[inio na geopolítica européia, onde se destacava o Império Austro-Hungaro do qual Francisco Feerdinad era herdeiro.
Um documentário sobre como se deu a escalada nazista na Alemanha, pode ser visto num documentário feito pelo History Channel, e veremos um cenário parecido: recentimentos de guerras, crise econômica e não citado no documentário: a gripe Espanhola (1918-1919).
O paralelo com o crescente acirramento entre a OTAN e a Russia na guerra atual da Ucrânia é evidente, e por tanto o temor de uma guerra de proporções civilizatórias deve ser temido, inclusive com a inclusão de separatistas sérvios, aos quais a China é acusada de enviar armas.
O cenário futuro é de uma crise de mercados, em especial, de grãos que vão afetar, em especial, os mais pobres, já é um cenário visível para muitos analistas. Relatórios do índice global da fome mostram que conflitos violentos contribuem de modo decisivo para a fome (foto).
As proporções civilizatórias deve-se número n]ao apenas de armas nucleares, mas de mais de 400 usinas nucleares espalhadas por todo o planeta, o documentário sobre o que pensavam os naziNãostas ajuda a refletir sobre nossos pensamentos sobre “mitos” e “fantasias” populares.
Não há uma força vigorosa que lute pela paz, porém pequenas atitudes como gestos de empatia e amizade podem ajudar a superar o crescente clima de ódio e desamor atuais.