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Arquivo para dezembro 12th, 2024

Sobre o filme Virgem Maria

12 dez

A primeira observação importante sobre o filme Virgem Maria, dirigido por D. J. Caruso (foi diretor também de Amor de Redenção) e roteiro feito por Timothy Michael Hayes, é que não é uma narrativa bíblica teológica e então também não pode ser vista como apologia a Maria, mãe de Jesus, que é o título em inglês (11,4 visualizações até 11/12 segundo o portal Terra).

Virgem Maria retrata a fé e a coragem de Maria e José, em fuga ao Egito para salvar o recém- nascido Jesus na perseguição que o Rei Herodes, interpretado por Anthony Hopkins, faz a todos recém nascidos ao saber que o Messias prometido ao povo judeu havia nascido.

As especulações sobre a infância e posturas de Maria também não podem ser vistas a luz da narrativa bíblica, porém é importante notar que não é ignorada e é venerada na Bíblia, tanto pelo anjo Gabriel, e se alguém duvida da importância de Maria é só ler o capítulo 1 de Lucas, um dos mais longos,  é todo sobre o nascimento de Jesus, mas em especial os versículos 42-43 (existem várias traduções) onde a prima Isabel a saúda: “Bendita és tu entre as mulheres e benedito é o fruto do teu ventre. Donde me vem esta honra de vir a mim a mãe do meu Senhor?”.

Esclarecida o problema da narrativa bíblica onde não há dúvidas da importância de Maria na história da salvação, vamos as críticas laicas sobre o filme, curiosamente uma delas é a idade de José, ainda que encontremos a narrativa sobre ter idade avançada, não é claro nem do ponto de vista cultural (o que era velho na época provavelmente seria entre 30 e 40 anos) e nem do ponto de vista religioso, não há esta referência bíblica, é apenas uma tradição.

A escolha de Maria a atriz Noa Cohen também é criticada por ser israelense, pelo momento político atual, porém o diretor esclareceu que a escolha, entre várias entrevistas, foi imediata e deve-se destacar o tom de pele mais moreno de Noa era predominante na época de Jesus.

A ideia de desconstruir a narrativa bíblica por causa da nacionalidade de personagens é muito além do problema da guerra atual, cruel sem dúvida, porque afeta pessoas e não questões políticas, religiosas ou ideológicas que estão envolvidas, esta era a postura tanto do império romano como dos fariseus, os falsos religiosos daquele tempo.

Como é uma ficção a crítica deveria se concentrar na interpretação dos atores, figurino e no enredo construído, pessoalmente gostei do filme, mas creio que os problemas religiosos com Maria e políticos podem prejudicar a apreciação de uma obra artística.