Fundamentalismos, mundos e ciência
O fato conhecido por cientistas, pensadores, filósofos e também alguns teólogos, que o pensamento ocidental vive uma crise é um fato, quais seriam suas raízes é outro problema.
Boa parte do pensamento, ao nosso ver correto, é que a base deste erro está na fundação do pensamento iluminista ocidental que foi o idealismo, e não como pensam os fundamentalistas e saudosistas (de direita e de esquerda como Bauman) que afirmam que é uma crise da modernidade, mas ela nasceu do iluminismo e do idealismo, portanto está aí sua base.
Umberto Eco escreveu um belo artigo: “Ciência, erro e fundamentalismo“ em que afirma:
“O problema é que em muitas das críticas da ideologia do progresso (ou do chamado espírito do Iluminismo), o espírito da ciência é muitas vezes identificado com o de certas filosofias idealistas do séc. XIX, de acordo com as quais a história dirige-se sempre para o melhor, ou para a realização triunfante de si mesma, do espírito ou de qualquer outra força vital que está sempre em marcha em direção a um fim ótimo”.
Toda visão desenvolvimentista, de “crítica” aos objetos como “atrapalhando” os sujeitos, é o que Bruno Latour chamou de “dicotomias infernais”, porque está na medula do pensamento ocidental, na qual o pensamento fundamentalista ingênuo é o mais radical.
Bruno Latour em seu livro Jamais fomos modernos desvenda as principais tagarelices ilógicas, a-científicas e fundamentalistas, criou um conceito chamado antropologia simétrica, no qual ele analisa que não se trata diálogos entre “áreas do conhecimento”, mas entre mundo como por exemplo: “ameríndio e da ciência moderna” e outros temas “híbridos” que na verdade falam de mundos diferentes e não de áreas do saber.
Isto é válido para a rede, pois no conhecimento antropológico em rede, há, portanto, a diluição da ideia de autoria, onde a multiplicidade autoral surge dentro da Web e dos wikis.