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O bem na cultura ocidental

23 set

Apesar dos obstáculos envolvidos na ideia do bem, primeiro porque ela é ceramicagregaapenas contraposta ao mal, voltaremos ao “ser” do mal pois é um não-ser simbólico, o problema maior é reconstruir as reflexões de Platão e Aristóteles, devido a distância no tempo que estamos daquele modo de pensar que apesar de fundador do ocidente, ressoa de modo estranho na cultura de hoje.

 

Basta pensar em John Rawls ao tratar a questão do Justo, em Uma teoria da justiça, quando afirma que os dois principais conceitos de ética são “os conceitos do justo e do bem” (Rawls, 2002, p. 26), mas uma análise detalhada veremos que o bem dos gregos não é o de Rawls.

 

Enquanto para Rawls o “bem de uma pessoa é determinado pelo que é para ela o racional plano de vida” (2002, p. 437), portanto tem relação uma relação com a estrutura social em que vivemos, além do plano “racional” que é questionável.

 

Alguém poderia argumentar: mas estamos falando da sociedade concreta que vivemos, sim mas na história quase sempre que desconhecemos a raiz do pensamentos não apenas temos pouca profundidade em questioná-la, mas principalmente tendemos a repetir certos erros.

 

Platão em A república, tem uma citação rica em detalhes que pode nos ajudar nesta tarefa de garimpar o que é o bem no pensamento ocidental:

“Quem não for capaz de definir com palavras a ideia de bem, separando-a de todas as outras, e, como se estivesse numa batalha, exaurindo todas as refutações, esforçando-se por dar provas, não através do que parece, mas do que é, avançar através de todas estas objeções com um raciocínio infalível, não dirás que uma pessoa nestas condições conhece o bem em si, nem qualquer outro bem, mas, se acaso toma contato com alguma imagem é pela opinião, e não pela ciência que agarra nela, e que a sua vida atual a passa a sonhar e a dormir, pois, antes de despertar dela aqui, primeiro descerá ao Hades para lá cair num sono completo?” (A República, 534 b, c).

 

Duas explicações necessários o que é ideia e o que é descer ao Hades, ideia para os gregos vem de eidos, significa ir além da aparência, ir além de seus contornos e pouco ou nada tem a ver com a nossa ideia de hoje, que é idealista vindo de Kant e do “plano racional da vida” de Rawls, que pode ter pouco a ver com a vida.

 

Hades na mitologia grega é a terra dos mortos, o local para onde a alma das pessoas se dirigiria após a morte. Nesse local as almas passariam por um julgamento, onde seu destino seria decidido (Na ilustração a cerâmica grega do reino dos mortos).

RAWLS, John. Uma teoria da justiça. 2002

 

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