Ainda sobre o mal
Não completamos o nosso raciocínio sobre o mal, duas análises ainda podem ser feitas, e se desejamos comentar Kant três análises: Kant, Paul Ricoeur e Gadamer.
Serei breve com Kant (1724-1804), embora seja necessária uma análise mais profunda indo até Hegel, o ponto central de seu pensamento nesta questão, é que o mal quanto à origem é insondável, mas para ele existe o “conceito” (idealista claro) de mal radical, e assim seria a escolha entre uma máxima boa ou má, a partir do qual todas as outras derivam.
Paul Ricoeur afirma que ele (Kant) explica a liberdade pelo mal e o mal pela liberdade, num raciocínio tautológico portanto, Ricoeur vai procurar em fonte originárias, ou seja, o resgate do conceito de mal deve vir fundamentado em fontes originárias, a partir delas encontramos a origem existencial do mal, e assim ela está nos símbolos e nos mitos.
Interessa-nos por questão de colocar a técnica e tecnologia (estudo e desenvolvimento da técnica) em questão, analisar os passos originários antropológicos, por isso a questão que os grupos nômades de 200 mil anos atrás de homo sapiens fazem migração e incursões em novos territórios em grupos é significado, porque revela intensão de expansão e de “ocupação”.
De forma embrionário este raciocínio está escrito também em Paul Ricouer, o autor fala da influência em seu pensamento de Jean Nabert da frase lapidar de Spinoza “desejo de ser e esforço para existir”, e que exerceu influência decisiva no pensamento de Ricoeur (RICOEUR, 1995, p. 23)
Ricoeur chama de “pequena ética” sua visão do mal como aquela que o sujeito se descobre envolvido, está com um mal-ser, um mal-substância, um mal-fazer que resulta do uso de modo equivocado de sua liberdade, ainda há nele um resto de maniqueísmo.
Só daí que ele vai para o mal simbólico (nome de sua obra principal no tema), num caminho do simbólico ao mitológico, e daí para os textos, implica no conceito de mal ligado a cultura.
Ainda que não sejam conclusivos, são raciocínios importantes para se entender o que a cultura contemporânea chama de “mal”.
RICOEUR, P. Da Metafísica á Moral. Trad.: Sílvia Menezes. Lisboa – Portugal: Instituto Piaget, 1995.